Bloomberg — Se você não pode vencê-los, junte-se a eles. Essa é a estratégia por trás da salvação do nome da Forever 21, à medida que as últimas lojas remanescentes nos Estados Unidos são fechadas e a marca busca um modelo semelhante ao de seus concorrentes online.
A juíza de falências dos Estados Unidos, Mary Walrath, concedeu à empresa permissão temporária na terça-feira (18) para iniciar as vendas de todas as 354 lojas da varejista, enquanto os administradores judiciais tentam encontrar um salvador de última hora para parte da rede de roupas de 41 anos, que entrou com pedido de proteção contra credores no domingo (16).
O braço operacional americano da Forever 21 “teve discussões avançadas com terceiros” sobre o resgate de parte da rede, disse o advogado da empresa, Andrew L. Magaziner, durante a audiência no tribunal. A situação “continua fluida”.
Para obter a aprovação final para concluir o fechamento de todas as suas lojas nos Estados Unidos, a empresa deve retornar ao tribunal em 15 de abril.
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Desde a década de 1980, as lojas Forever 21 têm atraído multidões de mulheres jovens, vendendo roupas de baixo custo e da moda. Mas a empresa foi prejudicada pelo aumento do custo do estoque e dos salários, bem como pela concorrência de varejistas online, como Temu e Shein, que podem contornar impostos e tarifas de importação enviando os produtos diretamente aos consumidores, disse a empresa em documentos judiciais.
É a segunda vez que a empresa passa por um processo de recuperação judicial e a mais recente rede de varejista de moda física a fechar em uma onda de fechamentos na última década.
O ritmo das recuperações judiciais aumentou durante a pandemia, quando os shoppings fecharam e os compradores recorreram aos vendedores online durante o confinamento.
Se a Forever 21 não conseguir encontrar um sócio para resgatar algumas de suas lojas, ela dependerá do envio de produtos diretamente das fábricas no exterior para os consumidores e para outros pontos de venda, de acordo com uma pessoa familiarizada com os planos da empresa ouvida pela Bloomberg News.
O Authentic Brands Group, o império de marcas de vestuário e estilo de vida que detém o nome Forever 21 e outras propriedades intelectuais, testou com sucesso o modelo de vendas diretamente da fábrica fora dos Estados Unidos, disse a pessoa.
Em uma declaração à Bloomberg News, Jarrod Weber, presidente global de estilo de vida do Authentic Brands Group, disse que, à medida que o varejo muda, “a Forever 21 está se adaptando para criar o equilíbrio certo entre lojas, comércio eletrônico e atacado”.
No ano passado, apenas 11% das vendas da Forever 21 foram online, de acordo com os documentos do tribunal. A empresa também planeja vender as roupas da Forever 21 em lojas parceiras, incluindo a JCPenney, onde esse acordo já está em andamento.
Atualmente, a Forever 21 usa uma estrutura tradicional na qual estilistas e outros vendedores nos Estados Unidos adquirem mercadorias de fábricas no exterior, principalmente na China, Coreia e Hong Kong, de acordo com os registros do tribunal.
Esse material é então enviado para as lojas e armazéns da Forever 21, o que exige que a empresa pague taxas e tarifas, mostram os registros.
A Authentic Brands continuará a deter a propriedade intelectual e poderá licenciar a marca para outras operadoras, de acordo com um comunicado no domingo (16). As lojas da Forever 21 fora dos Estados Unidos são operadas por outros licenciados e não estão incluídas na recuperação judicial.
A empresa planeja terminar de fechar suas lojas até o final de abril, disse Magaziner no tribunal na terça-feira. Se aparecer um comprador para algumas das lojas, a empresa ajustará sua estratégia, disse ele a Walrath.
Uma joint venture da Hilco, Gordon Brothers Retail Partners e SB360 Capital Partners está trabalhando na liquidação.
O tribunal também aprovou um pedido para usar o dinheiro dos credores garantidos para financiar os processos de recuperação judicial e as folhas de pagamento. A empresa entrou no Chapter 11 com cerca de US$ 47,2 milhões em caixa, de acordo com um balanço divulgado nos documentos do tribunal.
A primeira passagem da Forever 21 pela recuperação judicial, em 2019, foi repleta de brigas, deixou os credores com pouco recursos recuperados e resultou no fechamento de centenas de lojas que a empresa tinha durante seu auge.
Um grupo de compradores - incluindo Simon Property Group, Brookfield e Authentic Brands - se uniu para comprar a Forever 21 fora da recuperação judicial por meio de um empreendimento chamado Sparc Group. Esse grupo fez uma parceria com a Shein em 2023, enquanto a Forever 21 tentava resolver alguns de seus problemas operacionais.
Há alguns meses, o grupo varejista norte-americano JCPenney adquiriu a Sparc, formando a Catalyst Brands. O negócio fez com que seus acionistas anteriores mantivessem participações minoritárias na empresa. Na época da fusão, a Catalyst disse que estava explorando opções estratégicas para as operações da Forever 21.
O caso é F21 OpCo, LLC, 25-10469, Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito de Delaware.
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