Bloomberg Línea — A Flash, que atua como uma plataforma de benefícios para trabalhadores em empresas, e a Visa acabam de acertar uma parceria que evidencia as estratégias das duas partes.
Dentro desse contexto, a Flash, fundada em 2019, anunciou que deixará a Mastercard e passará a operar com a bandeira Visa.
O CEO e cofundador da Flash, Ricardo Salem, disse à Bloomberg Línea que essa iniciativa faz parte de uma evolução de dois anos, período no qual a empresa se consolidou no setor de benefícios e expandiu sua atuação para além desse segmento.
“Mantivemos relacionamento com todas as bandeiras nos últimos dois anos. Há dois anos e pouco, éramos uma empresa de benefícios, passamos a nos provar no mercado, pensando em atacar temas inclusive regulatórios para acelerar nosso crescimento”, disse Salem.
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Em março de 2022, a Flash captou mais de US$ 100 milhões em uma rodada Série C. Mais tarde, em outubro de 2023, obteve licença do Banco Central para operar como instituição de pagamento, o que abriu caminho para que possa eliminar intermediários em sua operação.
O objetivo da Flash passou por investir recursos de captações e ganhar participação de mercado. “Viramos essa plataforma de jornada de trabalho para a empresa e para o colaborador. Investimos mais de R$ 100 milhões em pesquisa e desenvolvimento, compramos duas empresas”, afirmou Salem.
“Procuramos mais eficiência, mais escala e internalizar processos que eram muitas vezes terceirizados, como um terceiro sendo dono da nossa licença de bandeira. Foi um momento para unir o útil ao agradável e ter uma conversa de relacionamento, de quem é o parceiro certo para os próximos anos”, segundo ele.
A Visa, por sua vez, tem entrado cada vez mais no universo das startups com o objetivo de diversificar mercados e impulsionar a inovação.
Em entrevista à Bloomberg Línea, o vice-presidente de Novos Negócios da Visa, Eduardo Abreu, disse que a empresa tem olhado atentamente “bancos digitais e toda essa parte de inovação”.
“O Brasil é muito fértil para o crescimento de novas empresas, como a Flash, que fez uma ruptura no mercado de voucher. Estamos olhando a parte de contas internacionais, segmento que tem crescido bastante”, disse. “Bancos digitais, contas internacionais e voucher são segmentos que olhamos com bastante carinho.”
Nos últimos anos, a Visa, por sua vez, tem buscado parcerias estratégicas e investido em novas tecnologias para ampliar sua plataforma e oferecer soluções mais abrangentes. Isso incluiu o lançamento de novos produtos e a aquisição de empresas - como a Pismo, por US$ 1 bilhão.
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Para Abreu, a Visa enxergou uma oportunidade nesse segmento de apoiar novos entrantes.
“Estamos em mais de 130 milhões de estabelecimentos no mundo. Os clientes da Flash vão poder utilizar o nosso programa Vai de Visa, que dá descontos. Quando falamos que somos a rede das redes, tem a ver com se conectar com redes diferentes e arranjos abertos que estão surgindo”, disse Abreu.
Segundo o CEO da Flash, a startup atende atualmente mais de 30 mil empresas e tem cerca de 1,5 milhão de usuários ativos que utilizam os seus produtos. Embora o faturamento não tenha sido divulgado, a startup disse que cresceu de forma consistente em 2023 no ano a ano.
A estratégia de negócios foi delineada com um plano de três anos, que inclui investimentos que classificou como “racionais” em crescimento, com gestão eficiente de capital.
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