Nem a Ferrari escapa: marca sofre com retração na China e reduz entregas

Marca esportiva é vista por investidores como mais resiliente e menos exposta ao mercado chinês; entregas para clientes e distribuidores no país asiático recuaram 29%

Ferrari
Por Daniele Lepido
05 de Novembro, 2024 | 05:40 PM

Bloomberg — As entregas de modelos esportivos e luxuosos da Ferrari para clientes e distribuidores caíram 2% no terceiro trimestre, o que decepcionou investidores que esperavam que a fabricante italiana demonstrasse maior resiliência à recente fraqueza do setor e da China em particular.

A queda ocorreu principalmente pelo recuo de 29% nas remessas para a China, onde a Ferrari tem uma presença menor do que a de rivais como a Porsche.

As ações da Ferrari caíram até 7,2% em Milão nesta terça-feira (5), a maior queda intradiária desde maio de 2021.

Fabricantes de luxo como Mercedes-Benz, BMW e Porsche, do grupo Volkswagen, têm enfrentado a diminuição das vendas na China, onde uma desaceleração na demanda por seus carros topo de linha contribuiu para uma série de alertas sobre as projeções de lucro.

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Mais cedo na terça-feira, a Schaeffler, fabricante alemã de peças automotivas, disse que cortará cerca de 4.700 empregos e fechará duas unidades em resposta à desaceleração do setor automotivo.

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A Ferrari está menos exposta à China do que outras montadoras de carros de luxo. Suas ações ainda estão em alta em cerca de um terço este ano, superando rivais que tiveram quedas de vendas mais acentuadas em todo o mundo.

O terceiro trimestre da Ferrari foi "mais sólido do que espetacular", disseram os analistas do Citi liderados por Harald Hendrikse em uma nota, acrescentando que o crescimento da receita foi um pouco mais lento.

A fabricante confirmou seu guidance (projeção) para o ano completo e os analistas disseram que não há nenhum problema de demanda mais amplo na fabricante de supercarros.

A Ferrari disse que o lucro ajustado do terceiro trimestre antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 7%, para 638 milhões de euros (US$ 695 milhões) - um pouco acima das expectativas dos analistas.

As vendas subiram 7%, para 1,64 bilhão de euros, uma vez que a empresa se beneficiou do fato de mais compradores acrescentarem personalizações a seus carros, de acordo com o CEO Benedetto Vigna. Ele disse aos analistas em uma teleconferência que a carteira de pedidos na China se estende por cerca de cinco trimestres.

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Os resultados da Ferrari destacam “nossa perspectiva positiva para os carros de superluxo, que permanece intacta, apesar de as entregas estarem um pouco fracas”, disseram os analistas da Bloomberg Intelligence, liderados por Michael Dean, em uma nota na terça-feira.

Os analistas haviam dito em agosto que as unidades da Ferrari em produção estão esgotadas até 2026.

Vigna está empenhado em manter a linha de produtos da Ferrari exclusiva, apoiando-se em serviços de personalização para aumentar o lucro. No mês passado, a empresa apresentou um supercarro de 3,6 milhões de euros que é um de seus modelos mais caros.

Vigna, ex-executivo da fabricante de chips STMicroelectronics, tem incentivado a empresa a produzir mais veículos eletrificados. Em setembro, ele disse que a Ferrari está no caminho certo para lançar o primeiro supercarro totalmente elétrico da marca no quarto trimestre do próximo ano.

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