Fechamento de 1.200 farmácias da Walgreens nos EUA expõe desafios do setor

Gigante do setor vai reduzir a rede em 14% em três anos, em momento de queda nas vendas e ascensão de players como a Amazon; unidade de cuidados primários se destaca em resultado

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Bloomberg — A Walgreens Boots Alliance planeja fechar o equivalente a 14% de suas farmácias nos Estados Unidos para cortar custos à medida que os consumidores diminuem seus gastos.

A rede de farmácias disse na terça-feira (15) que fechará cerca de 1.200 pontos de venda nos próximos três anos, com 500 fechamentos programados para 2025. As ações subiram 15,8% ontem em Nova York e avançam cerca de 2% nesta quarta-feira (16).

O lucro ajustado ficará na faixa de US$ 1,40 a US$ 1,80 por ação no ano que termina em 31 de agosto de 2025, informou a Walgreens na terça-feira, em linha com a estimativa média de US$ 1,73 dos analistas consultados pela Bloomberg.

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O lucro do quarto trimestre foi de US$ 0,39 por ação, acima da estimativa média dos analistas de US$ 0,36 por ação. A rede de farmácias - em dificuldades - superou as expectativas, em um sinal de que suas medidas agressivas de corte de custos começam a dar resultado.

“A decisão de fechar um grande grupo de lojas de baixo desempenho é positiva em uma narrativa em que as expectativas são extremamente baixas”, disse Jonathan Palmer, analista da Bloomberg Intelligence.

No entanto a grande questão é como os fechamentos, em última análise, melhoram a lucratividade do segmento de farmácias de varejo dos EUA e podem levar a uma reviravolta, disse ele.

Prejuízo de US$ 3 bilhões

No quarto trimestre, a empresa teve um prejuízo de US$ 3 bilhões, que incluiu principalmente encargos fiscais relacionados a passivos de opióides e uma baixa contábil de um investimento em uma rede de farmácias chinesas.

A empresa disse em um documento que iria redistribuir a maior parte da força de trabalho nas lojas que foram fechadas.

A divisão de varejo da Walgreens tem enfrentado dificuldades à medida que os consumidores preocupados com o orçamento se voltam para varejistas online como a Amazon e gigantes conhecidas por descontos, como a Dollar General e o Costco.

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As pressões competitivas levaram a empresa com sede em Deerfield, no estado de Illinois, a reduzir o guidance para o ano inteiro pelo segundo trimestre consecutivo em junho e a anunciar o fechamento de lojas, o que fez com que suas ações despencassem na ocasião.

A unidade de varejo farmacêutico da Walgreens nos EUA registrou uma receita de US$ 29,5 bilhões no quarto trimestre, acima das expectativas dos analistas de US$ 27,5 bilhões.

Ventos contrários

O CEO Tim Wentworth já havia alertado anteriormente que espera que os ventos contrários persistam até 2025.

Em uma declaração na terça, ele disse que a Walgreens está focada em otimizar sua presença nas lojas, controlar os custos operacionais, melhorar o fluxo de caixa e abordar os modelos de reembolso.

"Essa reviravolta levará tempo, mas estamos confiantes de que trará benefícios financeiros e para o consumidor significativos a longo prazo", disse ele.

A unidade de saúde dos EUA, que inclui a VillageMD, registrou receita de US$ 2,1 bilhões, em linha com as estimativas dos analistas.

Sob o comando da ex-CEO Rosalind Brewer, a Walgreens investiu US$ 5,2 bilhões no provedor de cuidados primários, com a abertura de centenas de consultórios médicos em suas drogarias.

Esse movimento se alinha com a estratégia mais ampla da empresa de se afastar de suas raízes varejistas e se expandir para áreas mais lucrativas de cuidados com a saúde.

Os negócios internacionais da Walgreens geraram vendas de US$ 6 bilhões, um pouco acima das expectativas dos analistas de US$ 5,8 bilhões.

Embora a empresa tenha renovado as discussões no ano passado sobre a possível venda da rede Boots, desde então ela arquivou os planos de uma oferta pública inicial. Wentworth reafirmou seu compromisso de investir na Boots e liberar seu potencial travado.

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