Bloomberg — As agências governamentais que controlam as gigantes do setor de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac definiram um roteiro para liberar as empresas da supervisão do governo, fazendo com que as ações ordinárias das entidades atingissem os níveis mais altos desde 2019.
As novas diretrizes divulgadas na quinta-feira (2) restabelecem o poder do Tesouro dos Estados Unidos de aprovar qualquer plano desse tipo, em uma tentativa de manter o processo “ordenado”.
“O acordo restabelece o direito anterior do Tesouro de consentir com a liberação das GSEs da tutela”, disseram o Departamento do Tesouro e a Federal Housing Finance Agency (FHFA) em um comunicado conjunto.
Fannie Mae e Freddie Mac são conhecidas como empresas patrocinadas pelo governo, ou GSEs (government sponsored enterprises).
Isso "ajudará a garantir que a eventual liberação das GSEs da tutela seja ordenada e reflita certas práticas existentes", disseram as agências.
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O anúncio, menos de três semanas antes da data prevista para a posse de Donald Trump como presidente, foi feito poucos dias depois que o bilionário investidor Bill Ackman recomendou a compra das ações ordinárias das entidades, fazendo com que os preços disparassem. Ele está entre os acionistas de longa data das mesmas.
Investidores apostam que a reeleição de Trump aumentou as chances de acabar com a tutela do governo. Ackman argumentou que a Fannie e a Freddie melhoraram suas posições de capital e estão preparadas para um bom desempenho em um mercado imobiliário desafiador.
“Trump gosta de grandes negócios e este seria o maior negócio da história”, escreveu Ackman em um post na rede social X (ex-Twitter).
As ações da Freddie Mac subiram para US$ 3,96 às 10h30 de sexta-feira (4) em Nova York. As ações da Fannie Mae subiram para cerca de US$ 4,07.
Como parte do roteiro apresentado na quinta-feira, o Tesouro também se comprometeu a detalhar os planos para encerrar a tutela, buscando comentários públicos e consultando o Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira e o presidente dos EUA.
Uma autoridade sênior do governo Biden, falando sob condição de anonimato, disse que o novo acordo não impediria que um futuro governo tomasse medidas com relação à Fannie e à Freddie, mas estabeleceria expectativas para os participantes do mercado e para o Congresso sobre como o fim da conservação poderia ocorrer.
Ações preferenciais
A Fannie e a Freddie não oferecem hipotecas diretamente aos compradores de casas, mas sustentam o mercado imobiliário dos EUA comprando empréstimos e empacotando-os em títulos para venda aos investidores.
O governo federal assumiu o controle das empresas durante a crise financeira de 2008, socorrendo-as no valor de cerca de US$ 187,5 bilhões.
Em troca da injeção de dinheiro, o Tesouro recebeu ações preferenciais sênior da Fannie e da Freddie.
A declaração de quinta-feira disse que o novo acordo não afeta a retenção de capital das GSEs ou os pagamentos de dividendos sob as ações preferenciais sênior emitidas para o Tesouro.
Durante a crise financeira, os detentores das ações preferenciais da Fannie e da Freddie foram afetados quando as entidades pararam de pagar dividendos. Os investidores têm lutado contra as entidades e seu futuro há anos.
A liberação das empresas da supervisão governamental deve implicar em um longo processo. Para o analista da Bloomberg Intelligence, Ben Elliott, a saída “na melhor das hipóteses” poderia ocorrer em uma perspectiva para 2026 ou 2027.
Durante o primeiro governo Trump, Mark Calabria, o então diretor da FHFA, que supervisiona as entidades, defendeu a liberação das empresas, embora o esforço tenha perdido força à medida que as autoridades enfrentavam a complexidade do empreendimento e as preocupações com a interrupção do mercado imobiliário.
-- Com a colaboração de Felice Maranz.
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