Fabricio Bloisi vê oportunidade ‘100 vezes maior’ na Prosus com uso de IA

Brasileiro que comandou o iFood e que assume na próxima semana como CEO da gigante global de tecnologia e internet comenta à Bloomberg News as perspectivas para os negócios

Fabricio Bloisi, chief executive officer of Movile Group, a unit of Napsers Ltd, poses for a photograph in Amsterdam, Netherlands, on Thursday, Aug. 29, 2019. Naspers-owned internet ventures will be carved out into a new $100 billion company called Prosus NV, which is due to list in Amsterdam on Sept. 11. Photographer: Yuriko Nakao/Bloomberg
Por Loni Pinsloo
24 de Junho, 2024 | 04:58 PM

Bloomberg — A gigante dos investimentos na internet Prosus e a sua controladora Naspers alcançaram um lucro inédito em seus negócios de comércio eletrônico, enquanto o futuro CEO, o brasileiro Fabricio Bloisi, se prepara para assumir o comando no começo de julho.

O negócio de e-commerce do grupo, que exclui sua participação na chinesa Tencent Holdings, apresentou um lucro de US$ 38 milhões para o ano encerrado em 31 de março, ao conseguir acelerar a escala de seus negócios após anos de investimento, de acordo com um comunicado nesta segunda-feira (24).

É uma reversão depois da perda de US$ 413 milhões no ano fiscal de 2023 para essa unidade, que compreende um portfólio de empresas que vão desde o iFood no Brasil até a PayU na Índia.

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Os resultados servem como um impulso à chegada de Bloisi como CEO (veja mais abaixo), à medida que o grupo enfrenta um mercado ainda desafiador para empresas de internet e o legado de uma estrutura de negócios considerada complexa que deixou perplexo o antecessor de Bloisi, Bob van Dijk.

A Naspers, com sede na Cidade do Cabo, é um dos maiores investidores institucionais em empresas de tecnologia do mundo e listou sua unidade de internet, a Prosus, em Amsterdã há cinco anos - mas manteve um único CEO para as duas corporações.

Além das grandes apostas no comércio eletrônico, o grupo detém uma participação de 25% na Tencent, cujo valor aumentou tanto ao longo dos anos que distorceu o valor relativo dos demais negócios.

Van Dijk deixou o cargo em setembro passado, pouco tempo depois de desfazer uma complicada estrutura de participação cruzada entre as duas empresas, com o objetivo de resolver essa distorção.

O aumento da eficiência nas unidades principais, como publicidade em classificados, entrega de alimentos, pagamentos e fintech, bem como os cortes de custos que incluíram o fechamento de unidades com desempenho insatisfatório, ajudaram a unidade de comércio eletrônico a atingir a lucratividade.

O iFood, empresa brasileira líder do mercado de delivery de refeições e outros alimentos, sob a gestão de Bloisi, usou soluções de inteligência artificial para cortar US$ 100 milhões em custos.

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Oportunidade ‘100 vezes maior’

Bloisi comentou sobre as possibilidades do uso de tecnologia em uma entrevista à Bloomberg News.

“Minha história é adaptar novas tecnologias e agir rapidamente para aprender o que pode ser feito”, disse ele. “Temos bilhões de clientes em todo o mundo e, na IA, uma tecnologia que muda tudo. A oportunidade é 100 vezes maior.”

Bloisi assumirá como CEO na próxima segunda-feira (1º de julho), em substituição ao interino Ervin Tu, que se tornará diretor de investimentos e presidente.

O diretor financeiro (CFO) da Prosus, Basil Sgourdos, disse na mesma entrevista à Bloomberg News que o grupo aumentou a receita do comércio eletrônico em 19% durante o ano. Ele comparou essa expansão com pares que cresceram mais de 7%, segundo uma análise interna.

"Isso é fundamental para a melhoria da lucratividade, e estamos implantando a IA e continuaremos a gerenciar bem nossos custos", disse Sgourdos. "O crescimento, o lucro e a expansão da margem são o foco para o próximo ano."

O grupo vendeu parte de sua participação na Tencent para recomprar de volta suas próprias ações, em uma tentativa de reduzir o desconto com o qual é negociado.

Bloisi disse que o grupo reduziu o desconto de 62% para 36% por meio do programa de recompra. Esse movimento continuará a acontecer enquanto esse desconto permanecer elevado, disse Tu.

O lucro líquido de todo o grupo para o ano caiu 35%, para US$ 6,61 bilhões, ainda assim superando a estimativa de US$ 6,25 bilhões no consenso de analistas em uma pesquisa da Bloomberg.

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M&A segue na mira

Atualmente, a empresa possui US$ 14,6 bilhões em caixa, reservados principalmente para investimentos.

Fusões e aquisições (M&A) continuam a ser uma parte importante da forma como o grupo planeja o crescimento, disse Tu. “Estamos procurando ativamente, quer se trate de investimentos minoritários ou de controle.”

As ações da Prosus (PRX) fecharam em queda de 0,19%, para 34,49 euros, na Euronext Amsterdam nesta segunda-feira.

- Com a colaboração de Thomas Hall e Andre-Pierre Du Plessis.

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