Ex-CEO da Gafisa, este empresário agora aposta em condomínio de luxo no Rio

Henrique Blecher volta à incorporação após período de ‘non compete’ e planeja empreendimento de casas na Barra da Tijuca e outros projetos que somam R$ 1 bilhão em VGV

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Bloomberg Linea — Após deixar o comando da Gafisa (GFSA3) em janeiro de 2023, o empresário e executivo Henrique Blecher teve que enfrentar um período de non compete, que o impediu de atuar na incorporação imobiliária por 18 meses. Cumprido esse prazo, ele voltou a atuar no mercado carioca, uma área em que se destacou como fundador e CEO da Bait Incorporadora, vendida para a Gafisa em 2022 por R$ 180 milhões.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Blecher falou sobre a Origem, sua loteadora que avança com seu primeiro projeto de incorporação com o lançamento de um projeto de condomínio de casas de luxo na Barra da Tijuca, com VGV (volume geral de vendas) estimado em R$ 160 milhões e cada unidade ao preço de R$ 7,5 milhões.

O pipeline da nova empresa conta com R$ 1 bilhão em projetos para 2025. Ele disse estar em conversas com bancos e fundos de investimentos para levantar recursos e que não descarta atuar também no mercado de São Paulo.

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“Cheguei a ser sondado pela concorrência. Foram sondagens concretas, até propostas agressivas. Recusei porque sou um empreendedor por natureza”, disse Blecher.

Ele também falou sobre o experiente investidor Nelson Tanure, principal acionista da Gafisa, com quem trabalhou quando comandava a companhia.

“Aprendi muito com ele, coisas que nenhum MBA, faculdade ou doutorado ensina. Foi um relacionamento próximo. Ele é educado e um cara inteligente, que te desafia o tempo inteiro a pensar fora da caixa. Sou também assim. Ele também aprendeu comigo”, afirmou Blecher.

Logo após deixar o comando da Gafisa, o empresário decidiu tirar um curto período de descanso antes de se dedicar ao seu futuro profissional.

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“Eu estava muito cansado. Foram sete anos sem parar. Eu tirei uma temporada para velejar. Não queria mais atuar no mercado imobiliário. Até que vi que não conseguiria viver só fazendo isso. Então, voltei a olhar o mercado e a planejar um retorno aos negócios”, afirmou Blecher.

Pai de duas filhas em relacionamentos anteriores e ex-marido da atriz e cantora Emanuelle Araújo e atual da atriz Isabella Santoni, o empresário usou as iniciais dos nomes das duas filhas para nomear sua gestora de recursos, a Nivi Capital, dona da loteadora Origem. Sua família o ajudou na inspiração do projeto de condomínio de luxo que pretende erguer na Barra da Tijuca, inédito para ele.

“Trouxe a experiência da minha mulher como atriz. Ela tem o olhar de uma mulher de 29 anos, com 11 milhões de seguidores nas redes sociais, enquanto tenho 47 anos. Queremos uma moradia para as coisas novas, unindo arquitetura, artes plásticas e o paisagismo”, disse o empresário.

Para assinar a criação artística do projeto, ele chamou o artista plástico Betto Gatti. O condomínio vai se chamar Amanay.

“A palavra é um neologismo da palavra aman, de origem árabe, que significa conforto, segurança, confiança, presença. Gosto de Guimarães Rosa [autor de “Grande Sertão: Veredas”] e decidi fazer uma brincadeira ao criar Amanay, que soa meio indígena”, explicou Blecher.

Ele disse que o nome de sua loteadora (Origem) também veio de uma inspiração artística.

“Coleciono arte contemporânea. Comprei uma escultura do Beto Gatti que se chama Origem, são dois primatas abraçados, de 1,70 m de altura, com um olhando para um celular. Essa obra está na porta da minha casa. Assim nasceu o nome”, contou o empresário.

Funding e desafios

Por enquanto, Blecher afirma que começará a empreitada sem sócios. No terreno de 5.500 m², o condomínio terá 20 casas, de 560 e 650 m², com previsão de início das obras em 2025 e término para o final de 2026.

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“No Amanay, haverá um subsolo único de acesso para todas as casas. Fiz paisagismo no subsolo e na laje do primeiro piso e trouxe muita ambientação, muito paisagismo do Burle Marx. Cada casa terá uma obra de arte do Beto Gatti. Cada metro quadrado do projeto será de R$ 14.000”, contou.

Ele diz que a zona sul do Rio de Janeiro tem uma demanda por empreendimentos de luxo com conceitos de sustentabilidade.

“Por sua vocação de destino turístico mundial, o Rio de Janeiro tem uma demanda por projetos melhores, um fly to quality, que é uma tendência em alta no mundo. Quero propostas com esse olhar de ambiente, arquitetura e sustentabilidade ambiental e desenvolvimento urbano.”

O empresário planeja desenvolver projetos fora do Rio de Janeiro, o que significará ganho de escala de sua loteadora para outros lugares do país.

“Estou estruturando parcerias de capital, de funding, pois espero demanda grande de capital para os projetos. Estou montando uma estrutura de capital com fundos que investiram comigo no passado, na Bait”, disse.

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