Bloomberg — Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas durante 20 anos, incluindo o período em que foram praticadas fraudes contábeis da ordem de R$ 25 bilhões, foi liberado pela polícia espanhola em Madri neste sábado (29) no dia seguinte à sua detenção a pedido da Justiça brasileira, como parte da investigação justamente sobre seu possível envolvimento nos crimes.
Gutierrez, que possui cidadania dupla espanhola e brasileira, foi detido em Madri na sexta-feira (28) para testemunhar à polícia e às autoridades, a pedido da Polícia Federal do Brasil. Ele foi liberado no sábado e retornou à sua residência na capital espanhola, disseram seus advogados.
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Gutierrez “compareceu espontaneamente perante a polícia e as autoridades para fornecer os esclarecimentos solicitados”, disseram seus advogados em uma declaração escrita.
“Dado o acesso aos registros, Miguel agora poderá exercer sua defesa contra as alegações decorrentes de declarações falsas a seu respeito.”
Gutierrez e a ex-diretora da Americanas Anna Saicali, que comandou a fintech Ame Digital e também esteve durante anos na diretoria da varejista, foram alvos de mandados de prisão na quinta-feira (27), e seus nomes foram incluídos entre os chamados “avisos vermelhos da Interpol.
Fraude de longo prazo
O caso na Americanas revelado no começo de 2023 é um dos maiores escândalos corporativos da história empresarial no Brasil.
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Após meses de investigação e análise de documentos internos e de trocas de mensagens da diretoria anterior, a Americanas alega que essa equipe executiva teria orquestrado e escondido o esquema dos investidores e do conselho de administração com objetivo de lucrar em cima com operações no mercado de capitais.
Em sua declaração, os advogados de Gutierrez - que deixou o país - disseram que o ex-executivo “nunca participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que tem colaborado com as autoridades, fornecendo os esclarecimentos necessários nos fóruns apropriados.”
Como parte da revelação do rombo contábil, a varejista entrou em recuperação judicial em janeiro de 2023. Posteriormente, ela chegou a um acordo com credores para reestruturar sua dívida.
Cerca de 15 ordens de busca e apreensão foram executadas na quinta-feira para tentar esclarecer o papel de ex-funcionários no crime, de acordo com um comunicado da polícia, que investiga possíveis fraudes contábeis e de marketing, manipulação de mercado e uso de informações privilegiadas.
Como parte da investigação, um tribunal federal ordenou a apreensão de bens dos ex-diretores no valor de mais de R$ 500 milhões.
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