Este empresário construiu um império na saúde a partir de um hotel para pet

Investimentos de Fernando De Leon em empresas de saúde e bem-estar, como clínicas de odontologia e spas médicos, representam a maior parte de sua fortuna de US$ 1,6 bilhão

A nurse is seen through a General Electric Co. positron emission tomography (PET) scanner in the diagnostic imaging area at the Hong Kong Integrated Oncology Centre in Hong Kong, China, on Tuesday, Nov. 3, 2015. Equipped with biopsy facilities, body scanners, and quiet 'VIP' chemotherapy rooms, the Hong Kong Integrated Oncology Centre is the first of a string of such facilities that TE Asia Healthcare Partners, a portfolio company funded by TPG Capital, is planning in Asia. Photographer: Xaume Olleros/Bloomberg
Por Tom Maloney
07 de Julho, 2024 | 10:22 AM

Bloomberg — Quando Fernando De Leon percebeu que um serviço de hotel para cães em Dallas cobrava quase o mesmo valor que seu hotel de US$ 30 milhões para humanos, ele viu uma oportunidade.

A CityVet, uma das locatárias do incorporador na época, ergueu um amplo espaço de hotel por algumas centenas de milhares de dólares – aproximadamente o mesmo que custou a De Leon construir um único quarto de hotel.

Em 2014, ele se ofereceu para ajudar a expandir a empresa com seu capital e conhecimento do setor imobiliário. Quando vendeu sua participação em 2022, a CityVet havia crescido de cinco para 25 filiais.

O investimento despertou seu interesse na indústria do bem-estar de forma ampla, e seu grupo, o Leon Capital, composto por cem profissionais, agora administra um portfólio de empresas que vão desde odontologia pediátrica a cardiologia e spas médicos.

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Essas empresas geram mais de US$ 800 milhões em receita anualmente e constituem a maior parte de sua fortuna de US$ 1,6 bilhão, avaliada pela primeira vez pelo Bloomberg Billionaires Index.

De Leon, de 45 anos, investe seu próprio capital ao lado de profissionais da área médica, desenvolvendo serviços administrativos, de tecnologia, de pessoal e de cadeia de suprimentos para redes de consultórios. Ele afirmou que o que ele faz é diferente de private equity e que investiu dinheiro no setor de saúde na última década em uma tentativa de aumentar a eficiência e o lucro.

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“A cartilha do private equity envolve pagar a mais por empresas estabelecidas, usar alavancagem em excesso e, em seguida, cortar custos rapidamente para fazer o turnaround de uma empresa em prazo determinado”, disse De Leon em uma entrevista para a Bloomberg News. “Construímos empresas do zero, não temos investidores, não temos um cronograma para vender ou manter.”

Rede para saúde mental

De Leon, que falou horas antes do lançamento de um foguete da SpaceX, de Elon Musk, que ele planejava assistir, disse que entre seus investimentos mais interessantes está a Turnwell, uma rede de saúde mental que ele criou para tratar o aumento da ansiedade e da depressão.

Ele também investiu em startups, como a Crexi, um serviço de tecnologia imobiliária que foi avaliado em US$ 500 milhões em uma rodada de financiamento em 2022. De Leon disse que espera que a empresa abra capital nos próximos anos com um valuation de vários bilhões de dólares.

O status de bilionário destoa da educação de De Leon em Matamoros, no México, onde ele cresceu dividindo um quarto com cinco irmãos mais velhos. Ao contrário deles, ele nasceu do outro lado da fronteira, em Brownsville, no Texas, o que o tornou um cidadão americano e lhe permitiu frequentar as escolas do país.

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Aprender inglês o ajudou a conseguir um emprego de tradutor após a assinatura do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o Nafta, quando as incorporadoras americanas queriam comprar imóveis do outro lado da fronteira.

De promessas a grandes contratos

Uma dessas incorporadoras estava pronta para construir um armazém, mas faltava uma licença de trabalho. De Leon, cuja família estava em Matamoras há gerações, disse que aproveitou uma conexão com o chefe do sindicato local para conseguir um bilhete escrito em um guardanapo que lhe prometia a licença de trabalho.

De Leon trocou o acordo licença por uma participação acionária de 10% no projeto e, aos 18 anos, já tinha conseguido o suficiente para tirar sua família da pobreza, disse ele.

Ele conseguiu uma bolsa de estudos para a Universidade de Harvard e, em seguida, um emprego no Goldman Sachs (GS) na área de banco de investimento em Nova York, a partir de 2001. Mas, depois de receber uma avaliação ruim, ele começou a incorporar propriedades em Dallas.

Esse negócio mudou nas últimas duas décadas, quando fundos de private equity e fundos soberanos afastaram investidores menores como ele, disse De Leon.

Agora, ele evita fazer ofertas para a maioria das propriedades estabelecidas porque não pode competir em termos de custo de capital. Em vez disso, ele busca ser criativo em suas ofertas.

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Recentemente, ele concluiu o Soltra Kierland, um projeto residencial de luxo com 202 unidades em Scottsdale, no estado do Arizona. Embora não tenha oferecido o preço mais alto para o que antes era um prédio comercial, ele estava suficientemente confiante em seu financiamento, em seus relacionamentos na área e em sua compreensão do mercado para fazer uma oferta que dispensava contingências de zoneamento.

“A fabricação de moradias é incrivelmente complexa se feita corretamente”, disse. Mas se você tiver a capacidade de “pegar um terreno de US$ 10 milhões e construir um complexo habitacional de US$ 100 milhões, os investidores nos recompensarão muito bem por isso”.

Nem todas as suas apostas valeram a pena. Seu investimento na empresa de criptoativos Core Scientific teve enormes lucros em papel depois que a empresa abriu o capital em uma fusão com uma SPAC com valuation de US$ 4,3 bilhões em 2021. Mas cerca de um ano depois, em meio à queda dos preços das criptomoedas, ela declarou a sua quebra.

“É difícil ver quando se está em uma bolha de euforia”, disse De Leon. “Felizmente, quando essas situações ocorreram, minhas apostas foram muito menores.”

Ele disse que se compromete mais quando entende melhor os negócios, como em um investimento na logística europeia em 2013 com a Hillwood de Ross Perot Jr. quando o continente ainda se recuperava das crises financeira e da dívida soberana. Ele investiu cerca de um terço de seu patrimônio líquido nessa aposta.

Fechando o ciclo, De Leon está agora nos estágios iniciais da construção de seu próprio negócio de logística no México para capitalizar a demanda esperada com a tendência de nearshoring.

“O México é um país incrivelmente jovem, com muitos empregos disponíveis e um governo razoavelmente estável”, disse ele. “É importante para nós agora e para o futuro.”

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