Bloomberg — Owuraka Koney faz parte de um grupo seleto em Wall Street: aqueles que anteviram o potencial de crescimento insano da Tesla (TSLA) antes mesmo da montadora abrir capital.
Koney tinha apenas 25 anos quando se deparou com a então pouco conhecida fabricante de veículos elétricos, enquanto pesquisava outras empresas para a gestora Jennison Associates. Ele ficou imediatamente empolgado com a visão da Tesla, mas só aos 27 conseguiu convencer seus colegas da Jennison a apostar na ação.
Doze anos e cerca de 14.800% de ganhos depois, Koney ainda não está satisfeito. Ele ainda vê muito espaço para alta à medida que a empresa lançar um “tsunami” de carros novos nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, ele espera que a indústria automotiva passe por uma consolidação massiva à medida que enfrenta o declínio dos motores a combustão.
Koney, falando pela primeira vez publicamente sobre como a Jennison construiu uma posição na Tesla que agora vale US$ 5,9 bilhões, disse que a empresa liderada por Elon Musk adquiriu experiência com elétricos cedo e ajustou seus produtos, posicionando-se para estar entre os sobreviventes.
Koney acha que até 2026 a Tesla poderá produzir o dobro dos 2 milhões de carros que espera entregar este ano. Isso irá preparar a empresa para um crescimento maior, mesmo que o sonho de carros totalmente autônomos ainda esteja a anos de distância.
“Eles são sobretudo uma empresa de automóveis hoje. É isso que impulsiona a maior parte de sua receita”, disse Koney. “Daqui a alguns anos, ainda serão.”
Quando a Tesla publicar balanço nesta quarta-feira (19), Koney não ficará particularmente preocupado com a volatilidade aparentemente constante da ação.
Os resultados serão um barômetro de quão bem funcionaram uma série de reduções de preço em um mercado cada vez mais competitivo, no qual tanto as grandes montadoras quanto as startups estão constantemente apresentando alternativas ao Modelo 3 e ao Modelo Y da Tesla.
Koney disse que está olhando mais para daqui a três anos, quando espera que os carros da Tesla da próxima geração saiam de uma linha de montagem recém-construída no México. Ele vê esses modelos sendo fabricados de forma barata em grandes volumes, colocando investidores como Jennison na fila para ganhar mais com o negócio de Musk.
Koney não tinha experiência no setor automotivo quando conheceu a Tesla. Ele nasceu em Gana e passou parte de sua infância na Gâmbia. Seu pai era juiz e sua mãe trabalhava para a Ghana Airways.
Depois de estudar economia e ciências políticas no Williams College, ele conseguiu seu primeiro emprego em finanças como analista do setor aeroespacial no UBS.
A Jennison, que tem cerca de US$ 175 bilhões sob gestão, contratou Koney em 2007 para cobrir o setor industrial.
Dois anos depois, o analista embarcou em uma tour nacional pelo ecossistema de veículos elétricos dos EUA para entender por que uma das empresas que ele acompanhava, a Johnson Controls, estava pensando em abrir um negócio de baterias de íons de lítio.
Uma das startups que visitou o impressionou tanto que começou a ter uma ideia de investimento totalmente nova.
Na loja da Tesla no Vale do Silício, Deepak Ahuja, o então diretor financeiro da empresa, explicou que a estratégia era entrar primeiro no mercado de alto padrão, onde os consumidores estavam dispostos a pagar um prêmio por um elétrico. Em seguida, iriam o mais rápido possível para o mercado mais amplo, aumentando volume e baixando preço a cada modelo seguinte.
Koney saiu otimista e acompanhou a empresa de perto. Em abril de 2010, a montadora recebeu um empréstimo de US$ 465 milhões do Departamento de Energia dos EUA, uma tábua de salvação enquanto criava o Modelo S.
Um mês depois, a Tesla comprou uma fábrica fechada de uma joint venture entre GM e a Toyota. Em junho daquele ano, a Tesla abriu capital a US$ 17 por ação, avaliando a empresa em cerca de US$ 1,7 bilhão.
Hoje, o papel é negociado a cerca de US$ 290 e empresa vale mais de US$ 900 bilhões. A Jennison possui mais de 20 milhões de ações da Tesla e se tornou uma das maiores acionistas.
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