Estaleiro que construiu o Titanic entrará em ‘recuperação judicial’ no Reino Unido

Harland & Wolff disse que vai ingressar com o processo chamado de ‘administração’ em razão de dificuldades financeiras; plano a ser apresentado prevê cortes de empregos

O proprietário do estaleiro que construiu o Titanic vai entrando em processo de 'administração', uma espécie de recuperação judicial no Reino Unido
Por Dayana Mustak - Olivia Fletcher
16 de Setembro, 2024 | 12:10 PM

Bloomberg — O proprietário do estaleiro que construiu o Titanic vai entrar em um procedimento de “administração” no Reino Unido, semelhante à recuperação judicial no Brasil, pela segunda vez em cinco anos.

A Harland & Wolff Group Holdings, que esteve à beira do abismo depois que o novo governo trabalhista do Reino Unido rejeitou o apelo da empresa em dificuldades para receber apoio estatal, confirmou a medida nesta segunda-feira (16).

O processo provavelmente começará nesta semana, de acordo com a declaração da empresa, com a Teneo sendo escolhida como administradora.

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O Titanic começou a ser construído em 1909 e foi levado ao mar dois anos depois. Em abril de 1912, fez a sua viagem inaugural, que durou apenas poucos dias antes de bater em um iceberg e afundar, no naufrágio mais famoso da história, que deixou centenas de vítimas no Atlântico Norte.

A Harland & Wolff disse que cortará empregos e encerrará operações não essenciais, incluindo um serviço de balsa nas Ilhas de Scilly - que ficam no sudoeste da Inglaterra - e uma pequena empresa nos Estados Unidos. Cortes adicionais de empregos em áreas essenciais não estão descartados.

Os ativos da empresa atraíram a atenção de empresas de defesa, incluindo a Babcock International Group, de acordo com relatórios publicados na semana passada, com assessores financeiros da Rothschild & Co. liderando um processo de venda.

O comunicado desta segunda-feira disse que “várias partes” manifestaram interesse em comprar algumas ou todas as suas subsidiárias.

A empresa buscou financiamento de emergência no início do verão no hemisfério norte para evitar cair na chamada “administração” - equivalente à recuperação judicial - pela segunda vez, depois de ter entrado em colapso anteriormente em 2019.

Mas ministros trabalhistas rejeitaram um empréstimo de 200 milhões de libras esterlinas (US$ 264 milhões) que havia sido provisoriamente acordado pelo governo conservador que foi derrotado na eleição de 4 de julho. Isso fez com que o então diretor executivo John Wood deixasse seu cargo.

A InfraStrata, sediada no Reino Unido, comprou a Harland & Wolff do estágio de “administração” em 2019 como parte de uma aposta mais ampla no setor.

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Mas um nível muito alto de dívidas em atraso com bancos e perdas materiais em suas atividades comerciais tornam as perspectivas do grupo desafiadoras, de acordo com a declaração desta segunda.

Como parte das tentativas de crescimento dos negócios, a empresa se uniu a um consórcio liderado pela Navantia, da Espanha, que ganhou um contrato para construir três navios para a Marinha Real.

A empresa tem mantido contato com a empresa espanhola sobre os termos de um plano para poder retomar o trabalho nesse projeto no estaleiro de Belfast, na Irlanda.

O Unite, um sindicato que representa os trabalhadores dos estaleiros de Belfast e Appledore da Harland & Wolff, emitiu uma declaração em que exige uma ação urgente para preservar o futuro da força de trabalho da empresa.

O sindicato expressou sua preferência por um único comprador para todos os estaleiros da empresa e conclamou o governo do Reino Unido a intervir caso o comprador certo não seja encontrado.

- Com a colaboração de Irene García Pérez e Sabah Meddings.

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