Esta empresa de gestão de saúde aposta em dados para personalizar os benefícios

A Funcional Health Tech compra a BeFlex para avançar em gestão de benefícios em wallet customizável e faz o spinoff da área de analytics e IA na área de saúde, conta a CEO, Cristiane Giordano, à Bloomberg Línea

A executiva Cristiane Jordano, CEO da Funcional, empresa da área de RH (Foto: Divulgação)
25 de Novembro, 2024 | 08:26 AM

Bloomberg Línea — Há dois anos, quando trabalhavam em cima de uma nova estratégia de longo prazo, líderes da Funcional Health Tech, uma empresa com 25 anos no mercado na área de gestão de saúde, identificaram uma demanda de maior flexibilidade no uso de benefícios corporativos por parte dos trabalhadores.

Desse diagnóstico nasceu um novo produto que se tornou um dos principais da empresa de tecnologia na área de saúde e que endereça justamente essa necessidade dos colaboradores. E que acaba de ganhar escala com a aquisição recém-concluída da BeFlex, uma empresa de gestão multibenefícios com mais de 70 clientes corporativos e cerca de 20.000 vidas na carteira - por valor não divulgado.

PUBLICIDADE

Com o negócio, que também representa um ganho de expertise em tecnologia e de profissionais da Beflex, além de conhecimento desse mercado, a Funcional passa a contar com cerca de 300 clientes, dos quais muitas grandes empresas por meio da área de recursos humanos, com mais de mil vidas.

Esse número, que representa mais de 2 milhões de vidas atendidas, inclui o benefício de farmácia que ainda é o principal produto da Funcional (veja mais abaixo), que remonta às suas origens.

“Naquele momento da definição das estratégias, pensamos ‘por que não juntar a nossa expertise na gestão de saúde com tecnologia a essa necessidade e levar uma funcionalidade a mais aos RHs’?, contou Cristiane Giordano, CEO da Funcional Health Tech, em entrevista à Bloomberg Línea.

PUBLICIDADE

Leia mais: Claudia Goldin, ganhadora do Nobel, vê empregos de alto nível com mais flexibilidade

“Estamos seguros de que o produto está maduro para ganhar cada vez mais escala”, disse Giordano sobre os próximos passos com a incorporação da BeFlex, sem contar o crescimento orgânico esperado.

O produto em questão está em operação há um ano e une a gestão de benefícios com serviços para a saúde. Chamado de Funcional Multi, ele permite, por exemplo, que uma parte de valores gastos com a compra de medicamentos possa ser revertidos para uso em serviços como academias ou spas.

PUBLICIDADE

Isso gera, no fim do dia, um incentivo para que os colaboradores efetivamente cuidem de sua saúde, segundo a CEO da Funcional.

Segundo a executiva, o Funcional Multi já conta com parcerias com grupos como a Dasa e a TotalPass, de academias e outros serviços de atividade física. “Temos estudado novas parcerias que façam sentido dentro das necessidades de uso que os usuários e as empresas nos trazem.”

Funcionários de empresas que seja clientes da Funcional têm acesso a um aplicativo que hoje pode comportar até 15 diferentes carteiras relativos a benefícios diversos, dos mais tradicionais, como alimentação, refeição e mobilidade, a outros de necessidades mais recentes, como home office.

PUBLICIDADE

Leia mais: O iFood chegou a 100 milhões de pedidos no mês. O CEO diz por que é só o começo

O produto que nasceu com o conceito de personalização e flexibilidade, afirmou. A exceção acontece com os valores destinados à alimentação, por causa de restrições previstas em lei.

Tais soluções estão presentes no mercado, com diferentes abrangências, com players incumbentes originalmente voltados à alimentação, como VR, Ticket Edenred, Alelo e Pluxee (ex-Sodexo), além de entrantes como Flash, Caju e o iFood com sua frente de negócios para benefícios.

Uma das carteiras é a de medicamentos e permite essa reversão - uma espécie de cashback direcionado. É como se fosse uma wallet, que funciona com a bandeira Mastercard.

A gestão é feita inteiramente dentro do aplicativo, o que inclui o upload de prescrições médicas e a gestão dos valores depositados pela companhia empregadora e dos saldos remanescentes.

O modelo foi desenvolvido do ponto de vista de tecnologia que facilita a integração até com empresas pequenas, com cem vidas ou menos, que não faziam parte originalmente do escopo da Funcional.

Ao longo do primeiro ano de operação do produto, a Funcional evoluiu o produto para atender demandas específicas das empresas ou dos próprios trabalhadores.

“Teve companhia que quis carteira para depositar recursos de premiação por aderência à cultura ou para fins de treinamento”, contou a CEO, que chegou à Funcional no fim de 2021, egressa de uma carreira na indústria farmacêutica.

A Funcional nasceu há 25 anos inspirado no modelo americano de PBM (pharmacy benefit manager), de gestão do fornecimento de medicamentos para empresas atendidas por planos de saúde.

No mercado brasileiro, no entanto, a cobertura de medicamentos não faz parte da obrigação de serviços de operadoras. A tese da Funcional à época foi justamente endereçar essa questão para os empregadores, seja por meio de uma cobertura realizada de forma voluntária por empresas preocupadas com a saúde de seus colaboradores ou na forma de concessão de subsídios para a compra de remédios.

Leia mais: Para Geração Z, alinhar valores com empresas melhora saúde e engajamento

Spinoff em gestão de dados de saúde

A Funcional atualmente também faz uso de ferramentas de analytics e Inteligência Artificial tanto para entender de forma agregada como os colaboradores fazem uso dos benefícios como para identificar e aprovar pedidos de medicamentos, dentro de regras estabelecidas pelas empresas, respectivamente.

Isso permite ao RH, hipoteticamente, direcionar campanhas de alimentação saudável caso seja verificado que os colaboradores estão gastando dinheiro em fast food, entre outras possibilidades.

O avanço dos negócios e das capabilities na gestão de dados com uso de analytics e IA levaram a Funcional neste mês a anunciar um spinoff dessa divisão, que deu origem à Sandbox Data for Health.

A nova companhia nasce como uma das líderes na área de Inteligência Atuarial e analytics, com atendimento a mais de 80 operadoras de planos de saúde e odontológicos em todo o país e mais de 7 milhões de vidas sob sua gestão. Players da indústria farmacêutica são clientes importantes também.

“Somos uma empresa de tecnologia em saúde transacional, capturando dados em todas as soluções que vendemos às grandes organizações. Com o avanço do número de clientes atendidos e a evolução tecnológica, a vertical de dados tornou-se um negócio ainda mais promissor”, disse Giordano.

A Sandbox Data for Health será liderada por Ricardo Ramos, médico e executivo com experiência em saúde suplementar e que trabalha com soluções de análise de dados em saúde há mais de dez anos.

Leia também

Swile reforça fôlego financeiro e antecipa meta para o breakeven no Brasil

Batalha dos VRs: a disputa no Congresso sobre o mercado de R$ 150 bilhões

Rodadas da semana: startup de RH conclui a maior captação Seed no Brasil

Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.