Enel avalia suspender planos de deixar a Argentina em voto de confiança em Milei

Segundo fontes disseram à Bloomberg News, empresa italiana de energia deve manter a distribuidora Edesur diante de promessa de liberalização do mercado

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Bloomberg — A Enel está prestes a desistir dos planos de vender suas operações restantes na Argentina, o que a tornaria a primeira empresa internacional a mudar de estratégia desde que Javier Milei assumiu o cargo com a promessa de melhorar o clima de negócios da nação sul-americana.

Embora ainda não tenha tomado uma decisão final, a maior empresa de serviços públicos controlada pelo Estado da Itália provavelmente manterá a distribuidora de energia Edesur depois que Milei se comprometeu a liberalizar o mercado de energia do país, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.

Permanecer na Argentina marcaria uma mudança marcante de curso para a empresa que recentemente se desfez de duas de suas operações no país: as usinas termelétricas Enel Generación Costanera e Dock Sud. Essas vendas fizeram parte de um plano de desinvestimento de € 21 bilhões (US$ 22,8 bilhões), anunciado em 2022, que incluía saídas da Argentina e do Peru.

A Enel se recusou a comentar.

A reconsideração acontece depois de uma reunião em janeiro entre Milei e o CEO da Enel, Flavio Cattaneo, no aeroporto internacional de Buenos Aires.

Cattaneo, que assumiu como CEO em maio passado, saiu do encontro otimista em relação à abordagem de Milei para a economia debilitada da Argentina e começou a repensar o plano de deixar o país, relataram o La Nación e outros jornais locais.

Milei está programado para viajar a Roma em 11 de fevereiro, onde o primeiro-ministro Giorgia Meloni o receberá para conversas de alto nível.

Desde que assumiu o cargo em 10 de dezembro, ele tem pressionado agressivamente pela reformulação da economia em crise da Argentina.

Dias após assumir o cargo, ele publicou um decreto abrangente, agora em vigor, para reduzir a regulamentação governamental.

Separadamente, um amplo projeto de reforma que concederia ao presidente poderes de emergência sobre os preços da energia tramita no Congresso, com uma votação possível já na sexta-feira (2). O governo também planeja uma revisão de longo prazo, com vários anos, para atualizar os preços.

Desafios de Milei

A Enel está entre as empresas internacionais que receberam com satisfação a mudança na Argentina do ex-presidente Alberto Fernández, que tinha uma política protecionista. Nas últimas semanas, as políticas de Milei receberam elogios do CEO da Techint, Paolo Rocca.

O presidente argentino também teve uma teleconferência com o CEO da BlackRock, Larry Fink, e disse que organizará uma cúpula de líderes de tecnologia enquanto busca projetar confiança em meio a previsões econômicas cada vez piores.

No entanto a medida representa uma aposta no novo líder, que foi obrigado a suavizar suas reformas iniciais na tentativa de aprová-las no legislativo, casa em que seu partido detém apenas uma pequena minoria.

Milei enfraqueceu algumas das disposições de poder de emergência do projeto de lei, limitou suas medidas de austeridade e suspendeu os planos de privatização da empresa estatal de petróleo YPF.

Os ativos da Enel na Argentina, que atualmente têm valor negligenciável, devem se tornar mais lucrativos sob os planos de Milei para desfazer os generosos subsídios de energia que tornaram as contas de serviços públicos uma pechincha para os consumidores, mesmo pelos padrões latino-americanos.

Desde a crise econômica do país em 2002, os preços dos serviços públicos foram congelados à força ou mantidos muito abaixo da inflação, exceto por um breve período durante a administração pró-empresarial do ex-presidente Mauricio Macri.

O decreto de desregulamentação de Milei permanecerá em vigor a menos que ambas as câmaras do Congresso o derrubem.

Um tribunal argentino nesta semana considerou inconstitucional um plano-chave de reforma trabalhista, um golpe para o presidente. Milei também liberou as importações, que estavam congeladas anteriormente sob um programa altamente discricionário, e desvalorizou a moeda oficial em mais de 50%.

Cattaneo realizou uma ampla revisão da estratégia da Enel, adotando uma abordagem que buscou evitar vendas apressadas de ativos e focar em projetos de energia renovável de margem mais alta e redes de distribuição.

As últimas declarações públicas da empresa sobre seus planos na Argentina foram em novembro, quando o diretor financeiro Stefano De Angelis disse que “veremos o que acontecerá com Milei”.

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