Empresas chinesas ampliam projetos de elétricos no exterior para ‘driblar’ tarifas

De acordo com a BloombergNEF, montadoras chinesas como BYD podem mais do que dobrar sua capacidade de fabricação de processo completo nos próximos anos

Wang Chuanfu, fundador e presidente da BYD Co., direita, Stella Li, vice presidente global da BYD Co., esq. durante evento em concessionária da marca em São Paulo,
Por Linda Lew - Jinshan Hong
23 de Outubro, 2024 | 09:55 AM

Bloomberg — De acordo com a BloombergNEF, as montadoras chinesas poderão mais do que dobrar sua capacidade de fabricação em linhas completas no exterior para “driblar” as tarifas de importação punitivas impostas por alguns países e atender à demanda crescente nos mercados emergentes.

As exportações e a montagem “complete knockdown” - em que as principais peças dos carros são fabricadas na China e depois enviadas para o exterior para serem montadas - têm sido tradicionalmente a abordagem preferida dos fabricantes chineses para explorar os mercados estrangeiros.

Mas, à medida que jurisdições como os Estados Unidos, a União Europeia e a Turquia impõem tarifas, os investimentos para a fabricação no modelo de processo completo estão em crescimento, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira (23).

“À medida que o mercado de veículos elétricos na China se satura, o aumento da concorrência interna e o excesso de capacidade estão empurrando as marcas chinesas de veículos elétricos para o exterior em busca de novos mercados em crescimento”, disse a BNEF no relatório.

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As montadoras chinesas construíram e colocaram em funcionamento fábricas de processo completo em nove países, com uma capacidade de produção anual de 1,2 milhão de veículos a partir de 2023.

Isso deve mais que dobrar para 2,7 milhões de unidades em mais de uma dúzia de países até 2026, se os anúncios das empresas forem entregues no prazo, disse a BNEF.

A fabricação de processo completo envolve as quatro principais etapas da produção de automóveis: estampagem, soldagem, pintura e montagem final. É um processo de capital intensivo, mas tem alta capacidade de produção em comparação com a montagem desmontável.

Montadoras chinesas têm ampliado a capacidade de produção de veículos no modelo completo e isso deve seguir nos próximos anos, segundo projeções da Bloomberg NEF

A BYD, a marca de automóveis mais vendida da China, juntamente com os fabricantes chineses apoiados pelo Estado, a Chery Automobile, a Changan Automobile, a GAC Auto e a SAIC Motor, anunciaram dez projetos novos ou de expansão para suas fábricas no exterior de 2023 até 31 de agosto, segundo a BNEF. Os locais mais populares incluem Tailândia, Indonésia e Brasil.

As montadoras chinesas também estão se expandindo para o sudeste e a Ásia Central, a América Latina e o Oriente Médio com projetos de exportação e produção local.

A BYD e a Volvo Car, que é controlada pela montadora chinesa Zhejiang Geely Holding, impulsionam a expansão da capacidade na Europa.

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A BYD está em fase de construção de uma fábrica na Hungria e também anunciou planos para outra na Turquia, o que lhe daria acesso à União Europeia, “driblando” tarifas de importação.

A Polônia, que tem acordos com fornecedores chineses de baterias, também se torna popular entre os fabricantes chineses de veículos elétricos.

Governos da Espanha e da Itália, por outro lado, também estão em busca de investimentos. A Geely, a Dongfeng Motor Group e a Xpeng estão à procura de locais para uma fábrica na região.

Montadoras chinesas avançam em projetos para linhas completas de produção em diferentes continentes

O crescimento de projetos de CKD, ou seja, de montagem de veículos no exterior é mais lento.

A capacidade total comissionada para fábricas contratadas e desenvolvidas pelos fabricantes chineses e seus parceiros estrangeiros deve aumentar para 2,8 milhões de unidades até 2026, ante 2,2 milhões de veículos em 2023.

O aumento dos investimentos em fábricas de automóveis no exterior gerou preocupações em Pequim.

Em julho, o Ministério do Comércio da China disse às montadoras que elas deveriam proteger o know-how de veículos elétricos e priorizar a montagem de veículos prontos para uso, bem como ter cuidado ao investir em países com riscos geopolíticos, como Turquia e Índia, segundo noticiou a Bloomberg em setembro.

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