Empresa de Abu Dhabi que fez oferta por Braskem mira criar gigante de US$ 30 bi

Abu Dhabi National Oil Company, a Adnoc, explora fusão da controlada Borouge com a austríaca Borealis; não está claro como eventual fatia da Braskem seria integrada

Tanque da OMV em Schwechat, na Áustria: negociações com a Abu Dhabi National para criar uma gigante do setor (Foto: Akos Stiller/Bloomberg)
Por Eyk Henning - Dinesh Nair - Aaron Kirchfeld
05 de Julho, 2023 | 06:02 PM

Bloomberg — A empresa petroquímica Borouge teve a maior alta em mais de um ano na bolsa nesta quarta-feira (5), enquanto a estatal Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc) explora um plano ambicioso de usar a empresa para criar uma gigante de produtos químicos e plásticos com market cap de mais de US$ 30 bilhões.

As ações da Borouge saltaram até 9,4% nas negociações de Abu Dhabi nesta quarta. O valor de mercado estava em cerca de US$ 23 bilhões.

A Abu Dhabi National Oil e a OMV, da Áustria, discutem valores e estrutura de propriedade para uma possível fusão da Borouge com a Borealis, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Bloomberg News. Os acionistas controladores podem chegar às linhas gerais para avançar nas negociações formais nas próximas semanas, segundo as pessoas.

A transação debatida se encaixaria em um plano mais amplo dos Emirados Árabes Unidos para atrair investimentos e tecnologia, bem como construir novas indústrias e capacidades de fabricação.

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Em outra frente, a Adnoc apresentou uma oferta não vinculante conjunta com a Apollo Global Management pela fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem (BRKM5), de US$ 7,6 bilhões.

A estatal Adnoc vem expandindo um centro de refino e produtos químicos em Abu Dhabi para encontrar saídas adicionais para sua produção de petróleo e gás natural e fabricar os plásticos que entram em bens de consumo.

A Borealis, com sede em Viena, na Áustria, é 75% de propriedade da OMV, sendo o restante detido pela Adnoc. A Borouge, por sua vez, é uma parceria entre a Adnoc e a Borealis.

Mercado global

A união das empresas daria à Borouge acesso aos mercados europeus estabelecidos da Borealis, bem como ao crescimento dos Estados Unidos, de acordo com o Citigroup.

Também poderia ajudar a Borouge a ampliar seu portfólio para incluir mais monômeros de olefina e produtos químicos de base, além de oferecer sinergias nos custos de vendas e distribuição ao unir uma base global de clientes, escreveram os analistas do Citigroup em um relatório.

“Qualquer fusão provavelmente aumentaria as atuais habilidades tecnológicas e ofertas de produtos da Borouge”, disseram eles. “Para a Adnoc, vemos o aprofundamento de sua presença na cadeia de valor petroquímica, uma vez que procura se proteger contra o que pode acontecer a longo prazo na demanda de transporte de petróleo.”

As duas partes discutem um possível valor de mercado de cerca de US$ 10 bilhões para a Borealis, incluindo sua participação na Borouge, disseram as pessoas.

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Depois de levar em consideração as sinergias potenciais, a avaliação geral da entidade combinada pode ultrapassar US$ 30 bilhões, disseram as pessoas. O valor exato e a estrutura de propriedade continuam sendo os dois principais obstáculos para qualquer acordo e ainda podem mudar, disseram eles.

As negociações foram interrompidas por vários meses e ainda podem ser adiadas ou desmoronar, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as deliberações são privadas.

Ambições de Plásticos

A combinação da Borealis e da Borouge simplificaria a estrutura de propriedade e provavelmente visa criar um concorrente mais forte para rivais químicos como a saudita Sabic, escreveram os analistas da Bloomberg Intelligence Salih Yilmaz e Darja Lema em um relatório nesta terça (4).

O grupo de energia de Abu Dhabi e a OMV ainda discutem se teriam a mesma participação na entidade resultante da fusão, embora prevejam que as duas partes tenham controle igual do conselho e capacidade de tomada de decisão, de acordo com algumas das pessoas.

Em um cenário, tanto o investidor do Oriente Médio quanto os austríacos acabariam com participações semelhantes, inferiores a 50%, com o free float na bolsa de valores representando o restante, embora a Adnoc possa acabar com uma participação um pouco maior, disseram eles.

O lado austríaco também preferiria ter a sede na Europa, onde está a maior parte das operações, mesmo que a entidade combinada fosse listada em Abu Dhabi, disseram as pessoas. Representantes da Adnoc e da OMV se recusaram a comentar. Os porta-vozes da Borealis e Borouge encaminharam as dúvidas aos seus controladores.

A Borouge abriu o capital no ano passado em uma oferta pública inicial de US$ 2 bilhões. A empresa, que fabrica plásticos especiais para manufatura e bens de consumo, registrou US$ 6,7 bilhões em vendas em 2022.

A Borealis emprega cerca de 7.600 pessoas e fabrica plásticos, produtos químicos e fertilizantes. A empresa teve vendas totais e outras receitas de € 12,2 bilhões (US$ 13,3 bilhões) no ano passado, segundo o site da Borealis.

Outras empresas na mira

Uma combinação proporcionaria às empresas escala significativa para competir, simplificaria a estrutura de propriedade e criaria mais flexibilidade para investir e expandir na Ásia, onde a demanda por produtos químicos e plásticos continua a crescer. Ainda assim, devido às várias partes interessadas, incluindo governos, não é garantido que se chegue a um acordo final.

O possível acordo ocorre em um momento crucial para a OMV, cujos maiores acionistas são o governo austríaco, seguido pela Abu Dhabi.

A OMV anunciou no ano passado planos para se transformar de uma das maiores empresas de combustíveis fósseis da Europa Oriental em uma empresa verde integrada construída em torno de produtos químicos, reciclagem e infraestrutura de veículos elétricos.

Em fevereiro, confirmou uma reportagem da Bloomberg News de que considera vender alguns ativos de exploração e produção como parte dessa mudança.

A Adnoc tem estado ocupada em busca de negócios neste espaço. No mês passado, o CEO Sultan Al Jaber fez uma abordagem preliminar de aquisição de US$ 12 bilhões para a produtora de polímeros alemã Covestro, informou a Bloomberg News.

A proposta foi rejeitada por ter sido considerada muito baixa, embora o grupo alemão tenha sinalizado que está aberto a discutir o acordo em termos melhores.

A empresa de Abu Dhabi continua em sua busca por uma possível aquisição da Covestro e estuda seus próximos passos, segundo pessoas com conhecimento do assunto. A Adnoc provavelmente decidirá nas próximas semanas se aumentará sua oferta pela Covestro, disseram as pessoas.

Um porta-voz da Covestro se recusou a comentar.

A Adnoc, que extrai quase todo o petróleo dos Emirados Árabes Unidos, um membro da Opep, planeja investir US$ 150 bilhões para expandir a capacidade de produção de petróleo bruto, gás natural e produtos químicos. Também faz investimentos em energia de baixo carbono.

- Com a colaboração de Archana Narayanan.

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