Empresa cresce com multifamily e recuperação de prédios no centro de São Paulo

A Planta Inc, que atua com foco na requalificação de edifícios e mudança de uso comercial para residencial, já atraiu compradores como a Brookfield, conta o fundador Guil Blanche à Bloomberg Línea

Edifício Renata Planta. Inc
15 de Novembro, 2024 | 08:04 AM

Bloomberg Línea — Em um mercado imobiliário em expansão, com terrenos em falta e cada vez mais disputados em diferentes bairros de São Paulo, empresas do setor têm apostado em diferentes modelos de negócio para continuar a crescer.

O segmento conhecido como multifamily – de prédios residenciais voltados exclusivamente para locação – continua a atrair investidores, a tal ponto que ele não se restringe às áreas nobres da capital paulista nem aos grandes players do mercado como a JFL e a Brookfield.

A Planta Inc tem crescido com empreendimentos no centro da cidade e, diante da demanda, a empresa decidiu, em 2024, ampliar sua atuação também para a venda de unidades residenciais.

Fundada pelo empresário Guil Blanche em 2020, a Planta já possui 12 empreendimentos em seu histórico – entre desenvolvidos, vendidos e em desenvolvimento. A primeira fase de projetos da companhia incluiu sete edifícios, dos quais cinco foram vendidos para a gestora canadense Brookfield.

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A estratégia da empresa paulistana tem como foco a requalificação de edifícios, com mudança de uso comercial para residencial.

O racional do negócio é identificar prédios em boas localizações e promover o retrofit com arquitetos prestigiados, com a criação de condomínios com áreas de lazer e unidades habitacionais de tamanhos variados.

Um dos primeiros projetos executados pela Planta foi a restauração do Edifício Renata Sampaio Ferreira, tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.

O prédio, antes comercial, foi transformado para abrigar unidades residenciais voltadas para aluguel, restaurantes, cafés e uma área de lazer aberta ao público - e depois foi vendido à Brookfield.

No total, o capex (investimento) estimado dos projetos da Planta soma R$ 2,7 bilhões, sendo cerca de R$ 9.500 por metro quadrado.

“Consideramos que temos um diferencial em relação a outros desenvolvedores e incorporadoras que é atingir um público bastante amplo. No segmento multifamily, por exemplo, nossos clientes têm renda de R$ 6.000 até R$ 60.000”, disse Blanche à Bloomberg Línea.

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Segundo ele, apesar do conceito de hospitalidade, o foco dos projetos não é o segmento de luxo. “Trabalhamos com arquitetos famosos, mas o espectro de renda dos nossos clientes é bastante amplo.”

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Embora a Planta tenha começado a atuar no segmento multifamily, a empresa tem ampliado sua atuação para o mercado de venda de imóveis. Dos cerca de 100 edifícios visitados para prospecção, 45 estão sob análise para aquisição. “Nossa meta é produzir 35 mil metros quadrados por ano”, disse o empresário.

Negócio regional

Segundo o fundador da Planta, o negócio imobiliário é basicamente regional. “Não dá para fazer desenvolvimento imobiliário sem contar com um vasto conhecimento local. Você pode perder dinheiro se errar a escolha de uma localização por uma quadra”, disse.

Guil Blanche Planta. Inc

Blanche disse acreditar que a região central, com destaque para a Vila Buarque, tem um grande potencial para os planos da empresa. A escolha do bairro tem a ver principalmente com a infraestrutura: abrange três estações de metrô nas proximidades e conta com ampla oferta de linhas de ônibus, serviços e comércio, quatro universidades e fácil acesso de carro a outras regiões da cidade.

“Quem gosta do centro de São Paulo não sai da região. Hoje, temos muitos estrangeiros que moram lá, com uma economia criativa e várias opções de lazer. A Vila Buarque, por exemplo, já atinge um público de alta renda”, disse o empresário.

Em sua avaliação, exceto no segmento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, o mercado imobiliário não é exatamente escalável. “Não é possível criar um método e replicá-lo infinitamente. O negócio de real estate é de alto risco e demanda muito conhecimento local e capital”, afirmou.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.