Wall St em Paris: banqueiros e bilionários estreitam laços com o esporte na Olimpíada

De Bill Gates a Stephen Schwarzman, da Blackstone, personalidades dos negócios e do mercado marcam presença no maior evento esportivo do mundo

Bill Gates nas Olimpíadas de Paris
Por Gillian Tan
03 de Agosto, 2024 | 11:41 AM

Bloomberg — Esqueça os Hamptons, Nantucket ou CapriWall Street está passando parte do verão do hemisfério norte nos Jogos Olímpicos de Paris.

“É um pouco como Davos, com alguns eventos olímpicos no meio”, disse Mary Erdoes, que lidera os negócios de gestão de ativos e wealth do JPMorgan (JPM).

Erdoes descreveu reuniões ininterruptas com clientes e encontros não planejados com líderes empresariais em arenas esportivas.

Leia também: Nos EUA, empresários trocam o golfe pelo pickleball na hora de fechar negócios

PUBLICIDADE

O esporte favorito dela é a ginástica, em parte porque sua filha é atleta da Universidade da Califórnia, em Los Angeles; mas ela também assistiu ao arco e flecha e à natação.

Também está em Paris o co-presidente do Morgan Stanley (MS), Dan Simkowitz, que se tornou um “embaixador esportivo” do time de natação dos Estados Unidos por meio de uma doação à Fundação Olímpica e Paraolímpica dos Estados Unidos, USOPF, na sigla em inglês.

Simkowitz, que foi co-capitão da equipe de natação de Harvard em 1987, torceu por Katherine Berkoff, filha de seu colega de equipe na faculdade, que conquistou o bronze nos 100 metros costas feminino.

Simkowitz, que disse que as Olimpíadas “enfatizam o valor do condicionamento físico e da saúde mental”, faz parte da diretoria da USOPF.

A ONG tem como objetivo arrecadar US$ 500 milhões até a próxima competição, Los Angeles 2028, para poder atender melhor seus atletas, 57% dos quais ganham US$ 50.000 ou menos por ano, de acordo com Christine Walshe, presidente do grupo.

Olimpíadas de Paris 2024

Ken Griffin, da Citadel, já contribuiu com mais de US$ 10 milhões à USOPF desde 2020, um nível que lhe garante a designação de capitão da equipe em Paris.

Griffin, que disse que os Jogos são uma “oportunidade especial de nos unirmos como país”, organizou uma excursão da empresa na sexta-feira ao Stade de France para assistir ao atletismo, junto com o CEO da Citadel Securities, Peng Zhao.

PUBLICIDADE

Walshe disse que a USOPF está negociando para arrecadar outros US$ 200 milhões para que, até 2028, os medalhistas possam levar para casa um múltiplo dos US$ 37.500, US$ 22.500 e US$ 15.000 que receberão pelo ouro, prata e bronze, respectivamente, do Comitê Olímpico e Paraolímpico dos EUA em Paris.

O financiamento extra também permitirá o pagamento de um subsídio de US$ 10.000 a quem se qualificar para a equipe nacional dos EUA e um pagamento de US$ 100.000 a quem se aposentar.

Recentemente, a USOPF recebeu uma doação recorde de US$ 25 milhões de Mark Stevens, executivo de venture capital e membro do conselho da Nvidia (NVDA).

Leia também: De chef particular a spa: Airbnb planeja novos serviços para ampliar demanda

Na maioria dos países, o financiamento dos atletas vem de uma mistura de fontes governamentais, de patrocínio e de investimentos privados. Nos EUA, os atletas não recebem nenhum apoio do governo – em vez disso, são financiados por iniciativas de filantropia, endossos e por uma fatia da receita de transmissão.

“Sempre me surpreendeu o fato de sermos o único país importante que não tem nenhum apoio governamental para os atletas olímpicos”, disse o presidente da USOPF, Geoff Yang, também da Redpoint Ventures, que tem ingressos para tênis de mesa, boxe, vôlei de praia e outros.

“Em um momento em que o nosso país está tão polarizado, o time dos EUA pode desempenhar um papel muito importante na união de pessoas de diferentes visões políticas, fé e raças.”

Yang recrutou colegas da área de venture capital para doar tempo e dinheiro, incluindo Gordon Rubenstein, da Raine Ventures, que está na lista de curadores da USOPF ao lado de Karen King, da Silver Lake, Barry Sternlicht, da Starwood, Eddy Cue, da Apple (AAPL), e Martin Kelly, da Apollo Global Management, que acompanhou a natação e a esgrima, entre outros eventos.

Rubenstein, um entusiasta do comércio de distintivos que começou a colecionar as lembranças nas Olimpíadas de Los Angeles em 1984, disse que acredita que os momentos mais interessantes nem sempre estão nos maiores eventos.

"Os esportes que não são tão visíveis geralmente apresentam atletas inspiradores que se sacrificam muito financeiramente e em suas vidas pessoais", disse ele.

Stephen Schwarzman, da Blackstone, que nos últimos 11 anos doou cerca de US$ 30 milhões para a Fundação USATF, de track & field, foi visto em um evento de ginástica.

Seu colega David Blitzer planeja assistir ao basquete, assim como seu coproprietário do Philadelphia 76ers, Josh Harris, cofundador da Apollo e da 26North Partners, e principal proprietário do Washington Comanders.

Stephen Schwarzman, da Blackstone

Mike Novogratz, da Galaxy Digital, que ajuda a financiar as bolsas de medalhas da USA Wrestling, estará na Champ-de-Mars Arena para assistir à ação. O ex-lutador universitário disse que dá "energia e amor a um esporte que não recebe muito disso".

Talvez Gene Sykes, copresidente de fusões e aquisições (M&As) do Goldman Sachs (GS), que foi nomeado na semana passada como membro do Comitê Olímpico Internacional por um período de oito anos, esteja visitando mais locais do que qualquer outro. Ele está fazendo “malabarismos” com um dever oficial: entregar medalhas.

Além dos financistas, Ed Bastian, da Delta, assistiu à natação na La Defense Arena, assim como a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, a magnata australiana da mineração, Gina Rinehart, e o coproprietário do New York Islanders, Jon Ledecky – tio da nadadora condecorada Katie Ledecky.

Em outros lugares, Bill Gates e David Zaslav, da Warner Bros Discovery, participaram de eventos que incluíram ginástica artística e tênis, enquanto Brian Roberts, da Comcast, se encontrou com o magnata francês Bernard Arnault em um evento co-organizado por Serena Williams, Charlize Theron e outros na véspera da cerimônia de abertura.

Mais cedo naquele dia, Arnault, Schwarzman, Elon Musk, David Solomon, do Goldman Sachs, James Quincey, da Coca-Cola e Joe Tsai, do Alibaba, almoçaram com o presidente francês Emmanuel Macron.

Não se sabe ao certo quantos funcionários de Wall Street abaixo do C-level foram aos Jogos. Em abril, o Goldman Sachs informou a seus funcionários que qualquer viagem à capital francesa entre 24 de julho e 14 de agosto deveria ser aprovada pelo departamento financeiro da empresa.

--Com a colaboração de Katherine Doherty, Amanda Gordon e Caroline Connan.

Veja mais em Bloomberg.com