No festival de Cannes, Musk busca reatar com anunciantes após ofensas

Dono do X (ex-Twitter) foi entrevistado no palco do festival de Cannes por Mark Read, CEO da WPP, que o questionou sobre os ataques do bilionário contra anunciantes no ano passado

Em novembro do ano passado, Musk disse em uma entrevista que os anunciantes deveriam 'se f...'
Por Benoit Berthelot - Kurt Wagner
19 de Junho, 2024 | 04:41 PM

Bloomberg — Elon Musk tentou remendar as relações, muitas vezes tensas, com o setor de publicidade em uma apresentação no festival de Cannes nesta quarta-feira (19), na França.

O bilionário foi entrevistado no palco por Mark Read, CEO de um dos maiores grupos de publicidade do mundo, que começou abordando o acesso de raiva de Musk contra o setor no ano passado.

“Em novembro, você tinha uma mensagem para nós, disse para irmos nos f...”, disse Read, CEO da WPP, no Cannes Lions International Festival of Creativity, um evento de uma semana no sul da França que reúne os executivos mais influentes do setor. “O que você quis dizer com isso?”

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Musk disse a Read que estava se referindo a um subconjunto de anunciantes que estavam tentando - em sua opinião - limitar a liberdade de expressão na plataforma X (ex-Twitter), e que a empresa havia feito avanços para se tornar um lugar mais seguro para as marcas.

O acesso de raiva refletiu os desafios para Musk no comando da rede social, que depende de anúncios para a maior parte de sua receita. Na época, alguns dos principais anunciantes abandonaram o aplicativo devido a preocupações com o tipo de conteúdo permitido na plataforma, e Musk disse que estava preocupado com a possibilidade de a empresa ser condenada.

“Os anunciantes têm o direito de aparecer ao lado de conteúdo que consideram compatível com suas marcas”, disse Musk no evento em Cannes, acrescentando que uma avaliação independente deu à plataforma notas altas em relação à segurança da marca.

Ainda assim, o X sempre escolherá a opção de ganhar menos dinheiro em vez de limitar o que ele entende ser liberdade de expressão, disse ele.

O bilionário afrouxou algumas das restrições de conteúdo do aplicativo - como discursos de ódio - e reativou muitas contas banidas, o que deixou profissionais de marketing preocupados.

O comportamento do próprio Musk também tem sido um problema, segundo anunciantes. Ele usou a plataforma para divulgar teorias da conspiração e amplificar opiniões extremistas para seus mais de 187 milhões de seguidores.

“De vez em quando, dou um tiro no próprio pé”, disse Musk. “Se você está constantemente passando por um filtro, agora não está sendo real. É melhor ser real.”

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Foi um retorno a Cannes para a empresa, que não participou do evento do ano passado. O relacionamento conturbado de Musk com o setor começou logo depois que sua aquisição caótica do X levou algumas agências de publicidade, incluindo a WPP, a aconselhar seus clientes a pausar ou considerar a suspensão de seus anúncios no site.

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Em novembro, o X acusou a Media Matters for America em um processo de tentar “maliciosamente” afastar os anunciantes da rede social, informando que os anúncios da Apple (AAPL), IBM e Oracle estavam sendo veiculados ao lado de conteúdo pró-nazista.

O X não divulga mais publicamente a receita ou os lucros, mas teve cerca de US$ 2,5 bilhões em receita total de publicidade em 2023, antes dos comentários de Musk, informou a Bloomberg News em uma reportagem anterior. Isso teria refletido uma queda de cerca de 45% desde 2021, o último ano completo antes da chegada de Musk.

Musk e a CEO do X, Linda Yaccarino, tentaram impulsionar o negócio de publicidade da plataforma por meio de novas parcerias de vídeo, o que teoricamente daria aos profissionais de marketing mais espaços de alta qualidade para comprar anúncios no X.

Mas Musk também tentou diversificar os negócios da empresa para além da publicidade e, mais notavelmente, começou a vender um serviço de assinatura logo após assumir o cargo e anunciou planos para tornar o X um “aplicativo completo” com serviços de pagamento.

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