Ele foi condenado por fraude por enganar investidores. Trump concedeu o perdão

Fundador da Nikola, Trevor Milton, que doou US$ 920 mil para a campanha de Trump, fora considerado culpado pela justiça por declarações falsas sobre o progresso da empresa de caminhões elétricos

O fundador da Nikola, Trevor Milton, foi condenado por fraude devido a declarações falsas sobre o progresso financeiro da fabricante de caminhões elétricos
Por Chris Dolmetsch - Josh Wingrove
28 de Março, 2025 | 03:41 PM

Bloomberg — O fundador da Nikola, Trevor Milton, que foi condenado por fraude pela justiça por causa de declarações falsas sobre o progresso financeiro da fabricante de caminhões elétricos, foi perdoado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Milton, que disse na rede social na quinta-feira (27) que conversou com Trump por telefone, cumpria pena de quatro anos de prisão por fraude.

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Um júri em 2022 o considerou culpado de falsificar detalhes importantes sobre o desenvolvimento dos produtos e da tecnologia da Nikola, o que levou investidores a apostar na empresa com base em informações falsas.

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Robert Frenchman, advogado da equipe de julgamento de Milton, disse em um texto que seu cliente está “simplesmente encantado”. Um funcionário da Casa Branca confirmou o perdão nesta sexta-feira (28).

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Milton manteve sua alegação de inocência durante todo o julgamento, dizendo que suas comunicações foram motivadas por sua verdadeira crença do potencial da empresa. Sua sentença de prisão foi suspensa enquanto ele recorre de sua condenação.

O perdão de Milton é o mais recente concedido por Trump desde que retornou à Casa Branca em janeiro. No início deste ano, ele anunciou uma clemência em massa para mais de 1.500 pessoas condenadas por participarem do ataque ao Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.

Em um post no X na quinta-feira, Milton disse que Trump “me ligou pessoalmente para me contar” sobre o perdão. Em um comunicado, Milton disse que o perdão “marca um passo” para cumprir a promessa de Trump de acabar com o que seria uma “armação política” do Departamento de Justiça.

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Milton realizou mais de US$ 2 milhões em doações políticas no final do ano passado, grande parte das quais para causas republicanas, segundo os registros da Comissão Eleitoral Federal. Sua maior doação foi de US$ 920 mil para o Trump 47 Committee em outubro.

Milton acumulou uma fortuna multibilionária com a startup que lançou em 2014 e abriu o capital seis anos depois.

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O valor de mercado da empresa chegou a disparar para US$ 35 bilhões à medida que os investidores montavam posições em ações de empresas de carros elétricos em potencial, tanto que a capitalização de mercado da Nikola ultrapassou brevemente a da Ford Motor apesar de não ter vendido um único caminhão.

Porém, logo depois que a ação da Nikola começou a ser negociada, a Bloomberg News informou que Milton havia exagerado muito as capacidades de um de seus primeiros protótipos, o Nikola One, descrevendo-o como um veículo totalmente funcional, embora o caminhão não pudesse ser dirigido na época devido à falta de peças.

Milton deixou o cargo de presidente executivo em setembro de 2020. Ele foi acusado por promotores federais em julho do ano seguinte.

Neste mês, os EUA pediram ao tribunal que ordenasse a Milton o pagamento de US$ 660,8 milhões em restituição a investidores individuais. Não está claro como o perdão de Trump afetará a restituição.

Nikola entrou com pedido de proteção contra credores no mês passado, dizendo que estava explorando a venda de seus ativos depois de entrar no Capítulo 11 em Delaware.

Em documentos judiciais, listou um total de dívidas financiadas e obrigações de arrendamento de US$ 98 milhões. Desde então, a empresa obteve permissão judicial para leiloar suas instalações de fabricação no Arizona.

-- Com a colaboração de Ava Benny-Morrison, Bill Allison, Richard Clough e Ryan Beene.

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