Bloomberg — As vendas da Novo Nordisk (NVO) saltaram no terceiro trimestre, impulsionadas pela forte demanda por seus medicamentos campeões de vendas usados para obesidade e diabetes.
A receita da farmacêutica dinamarquesa aumentou 38%, para 58,73 bilhões de coroas (US$ 8,3 bilhões), conforme dados apresentados nesta quinta-feira (2), superando as estimativas dos analistas. O lucro operacional aumentou 47% durante o período.
A empresa se tornou o centro das atenções quando o Wegovy e outro medicamento similar para diabetes, o Ozempic, provaram que podem ajudar as pessoas a perder peso ao reduzir o apetite.
As vendas do Wegovy somaram cerca de 10 bilhões de coroas durante o período, superando as expectativas, mesmo com a luta contínua contra problemas de fornecimento.
As ações da empresa na bolsa quase dobraram nos últimos dois anos, ultrapassando outros gigantes europeus como Nestlé, L’Oreal e a gigante de artigos de luxo LVMH para se tornar a empresa mais valiosa da Europa.
No início deste mês, a Novo elevou pela terceira vez sua perspectiva de receita e lucro para o ano inteiro, dizendo que o lucro operacional pode aumentar em até 46%, impulsionado pelas vendas de Wegovy e Ozempic.
Os medicamentos injetáveis compartilham o mesmo ingrediente ativo e funcionam suprimindo o apetite dos pacientes, além de retardar o movimento dos alimentos pelo trato digestivo.
Cerca de 95% das vendas da Wegovy acontecem nos Estados Unidos, onde o grupo farmacêutico está lutando para acompanhar a demanda. Embora a empresa esteja investindo para aumentar a capacidade de fornecimento, ela ainda prevê enfrentar restrições e escassez periódicas nos EUA e em outros países.
Por enquanto, a empresa está restringindo as doses iniciais do Wegovy – que pode ajudar as pessoas com sobrepeso a perder cerca de 15% do peso corporal – para garantir o abastecimento nos EUA para pessoas que já estão tomando o medicamento, informou a empresa.
Potencialmente, 50 milhões de americanos poderiam precisar de acesso a medicamentos para obesidade neste momento e mais pessoas estão dispostas a optar pelo tratamento, de acordo com o CEO da empresa, Lars Fruergaard Jorgensen.
“Estamos satisfeitos com nossa capacidade de expandir gradualmente e tratar mais pacientes”, disse ele em conversa com jornalistas. “Temos uma estratégia de crescimento e podemos entregar de acordo com ela.”
Ele se recusou a entrar em detalhes sobre quando novas fábricas ou linhas de produção entrarão em operação para ajudar a aliviar as restrições de fornecimento.
As vendas dos tratamentos da empresa para diabetes, incluindo Ozempic, Rybelsus e Victoza, aumentaram em quase 50% durante o período. A farmacêutica disse que seu objetivo é conquistar mais de um terço do mercado global de medicamentos para diabetes até 2025.
Corrida do ouro
O sucesso desses medicamentos provocou uma espécie de corrida do ouro no setor farmacêutico, e alguns analistas preveem que essa classe de tratamentos pode se tornar um dos maiores sucessos de todos os tempos.
“No geral, trata-se de um forte conjunto de números da Novo Nordisk - impulsionado pelo Wegovy”, disse Brian Godsk Borsting, analista de crédito do Danske Bank, em nota.
“A Nordisk está investindo em capacidade de produção para aumentar o fornecimento de Wegovy a curto e longo prazo, mas ainda vê restrições de fornecimento. Os próximos anos se beneficiarão ainda mais de um lançamento mais amplo do Wegovy em vários mercados.”
Cerca de 40 empresas estão tentando alcançar o sucesso da Novo Nordisk para conquistar uma fatia do mercado, encabeçadas pela Eli Lilly (LLY), que espera obter este ano a aprovação dos EUA para usar seu medicamento para diabetes Mounjaro no tratamento da obesidade.
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