‘É questão de tempo termos o tamanho do Itaú', diz Marcelo Kalim, CEO do C6

Banco digital que tem o JPMorgan como sócio registrou prejuízo de R$ 473 milhões no 1º semestre, queda de 15% na base anual; fundador diz à Bloomberg News que provisões vão cair

Sede do C6 Bank na avenida Nove de Julho, no bairro dos Jardins, em São Paulo (Foto: Divulgação)
Por Cristiane Lucchesi
31 de Agosto, 2023 | 07:50 PM

Bloomberg — O C6 Bank, que tem o JPMorgan (JPM) como sócio, registrou prejuízo de R$ 473 milhões no primeiro semestre do ano, valor 15% menor do que nos primeiros seis meses de 2022 e 74% inferior ao segundo semestre do ano passado, em meio a uma queda na inadimplência em sua carteira e a corte de custos, disse o fundador e presidente-executivo do banco, Marcelo Kalim.

O percentual de empréstimos para pessoas físicas com atraso de 90 dias ou mais caiu de 5,2% no final do ano passado para 4,6% em junho. Isso se compara às taxas de inadimplência de 4,9% do Itaú (ITUB4), o maior banco em valor de mercado da América Latina.

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O C6 tem visto prejuízos consecutivos em um contexto de aumento da inadimplência nas carteiras de crédito no Brasil, o que força os bancos a elevarem provisões para perdas com empréstimos podres.

O C6, fundado em 2019, vinha aumentando os custos anteriormente em meio a um crescimento agressivo durante a pandemia. Após um aperto monetário por parte do Banco Central, as taxas de inadimplência “vieram maiores do que o esperado” em 2022, disse Kalim.

O C6 teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões em 2022, em comparação com perdas de R$ 692 milhões um ano antes. O prejuízo de 2022 inclui uma baixa contábil de créditos fiscais de R$ 850 milhões que ainda podem vir a ser usados no futuro, disse Kalim.

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Após uma grande expansão, o C6 reduziu o quadro de funcionários de 4.029 para 3.750 pessoas. Também passou a cobrar dos clientes alguns serviços.

A carteira de crédito do C6 atingiu R$ 38,4 bilhões em junho, 33% a mais que no último semestre de 2022. A maior parte — 44% — é de crédito consignado para pessoa física. As provisões para perdas com empréstimos atingiram R$ 1,2 bilhão, um pequeno aumento em comparação com o R$ 1,1 bilhão no segundo semestre do ano passado.

“De agora em diante, as provisões para empréstimos inadimplentes e outros custos deverão cair ainda mais e as receitas continuarão a crescer”, disse Kalim, que espera conseguir lucro ainda neste ano.

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A receita atingiu mais de R$ 4 bilhões, ante R$ 2,9 bilhões no final de 2022. Entre os custos que devem cair estão, por exemplo, os pagamentos de comissões para geração de carteiras de consignado.

Kalim disse que há planos de continuar expandindo e de transformar o C6 em um banco tão grande quanto o Itaú — o que pode exigir mais capital nos próximos meses. Se isso acontecer, a ideia é emitir algum instrumento de dívida subordinada, disse ele. Os atuais acionistas deverão ser os compradores dessa emissão se ela acontecer, segundo Kalim.

“É só uma questão de tempo para termos o tamanho do Itaú,” disse Kalim. “Não creio que o JPMorgan se contentaria com nada menos do que isso.”

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Ao fim do segundo trimestre, o Itaú reportou R$ 2,586 trilhões em ativos totais e uma carteira de crédito ajustada de R$ 1,152 bilhão, com US$ 58,2 bilhões em valor de mercado. Ao fim de julho, estava com cerca de 100 milhões de clientes, segundo dados do Banco Central.

Na terça-feira (29), o JPMorgan disse que aumentará sua fatia no C6, que tem sede em São Paulo, de 40% para 46%, de acordo com um comunicado. O aumento ainda requer aprovação dos reguladores. O gigante de Wall Street investiu no banco digital brasileiro há dois anos. Desde então, o C6 viu a sua base de clientes aumentar de 8 milhões para 25 milhões.

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