Bloomberg — Os produtores de petróleo e gás nos Estados Unidos não aumentarão a produção significativamente nos próximos anos, apesar dos apelos do presidente eleito Donald Trump para perfurar freneticamente usando o bordão “Drill, baby, drill”, segundo o presidente de Upstream da Exxon Mobil (XOM), Liam Mallon, responsável pelas operações de exploração e extração.
“Acredito que uma mudança radical é improvável porque a grande maioria, se não todos, foca principalmente na economia”, disse Mallon na terça-feira (26) em uma conferência em Londres.
Espera-se que Trump abra terras federais para mais perfuração de petróleo e gás, mas grande parte das terras no maior estado produtor de petróleo e gás do país, o Texas, é privada. Ainda assim, há muitas terras federais no estado vizinho do Novo México, que inclui a Bacia do Permiano, rica em petróleo e gás.
“Se essas regras fossem substancialmente alteradas, você seria capaz de perfurar mais, supondo que tivesse a qualidade e atingisse seu limite econômico”, disse Mallon. “Mas não acho que veremos ninguém no modo ‘Drill, baby, drill’. Realmente não acho.”
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A rival europeia da Exxon, a TotalEnergies, também é cética em relação à promessa de Trump de abrir as torneiras dos Estados Unidos.
“Talvez ele tenha uma receita mágica para forçá-los a perfurar como loucos”, disse o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, na conferência. Ele citou o compromisso dos produtores dos Estados Unidos de devolver dinheiro aos acionistas e disse que “não são apenas as decisões dos políticos” que impulsionam a produção americana.
Os Estados Unidos bombeiam mais de 13 milhões de barris de petróleo bruto por dia, superando todas as outras nações e com um aumento de quase 45% na última década.
Com um superávit próximo no ano que vem, o mercado global de petróleo observa a que taxa as empresas americanas perfuram novos poços. Muitas das maiores operadoras dos Estados Unidos adotam uma abordagem de longo prazo para a produção, avaliando quando colocar certos poços em operação em relação ao seu estoque geral.
Os comentários de Mallon marcam a segunda vez desde a eleição que a maior empresa de petróleo dos Estados Unidos diverge das políticas de Trump.
O CEO Darren Woods desencorajou o presidente eleito de retirar os Estados Unidos do pacto climático de Paris, argumentando que é melhor participar e pressionar por uma política de corte de carbono de “senso comum”.
Mallon reforçou as recentes observações de Woods nas quais apoiava o Inflation Reduction Act, lei de apoio à energia limpa que Trump caracterizou como o “novo golpe verde” de Washington.
Alguns incentivos da lei – incluindo créditos fiscais para captura de carbono, produção de hidrogênio e fabricação de combustível de aviação sustentável – são particularmente populares entre as empresas de petróleo.
“Nossa posição sobre a lei é que ela é muito boa”, disse Mallon. “Acreditamos fortemente no que ela é, no que ela representa e nos incentivos que fornece.”
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