Holding da Temu reduz projeções e cita concorrência intensa no e-commerce

PDD Holdings, varejista chinesa que detém a plataforma concorrente da Shein, prevê desaceleração e reconhece que alto crescimento da receita ‘não é sustentável’; ADRs recuam 30%

Temu
Por Bloomberg News
26 de Agosto, 2024 | 01:41 PM

Bloomberg — As ações da PDD Holdings tiveram a maior queda desde 2022, depois que a varejista chinesa, proprietária da loja online Temu, alertou que o crescimento da receita diminuirá inevitavelmente, destacando os desafios de sustentar seu ritmo de expansão contra rivais agressivos como a ByteDance.

O cofundador Chen Lei enfatizou repetidamente que a trajetória atual da PDD não era sustentável, em um momento em que concorrentes como o TikTok, da ByteDance, e o Alibaba Group competem por consumidores cada vez preocupados com o orçamento familiar.

As ADRs da PDD nos EUA caíam 29,25% em Nova York por volta das 13h30 (horário de Brasília), a pior perda intradiária da ação desde 24 de outubro de 2022.

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A empresa investiu muito no negócio online da Temu para impulsionar sua presença global e compensar as dificuldades enfrentadas pela economia chinesa. Mas os executivos agora colocaram freios sobre o desempenho da unidade no exterior à medida que a concorrência se amplia.

Nesta segunda-feira, Chen disse que a PDD precisava investir mais no apoio aos comerciantes na plataforma - em um momento em que os rivais tentam seduzi-los.

“A concorrência veio para ficar e espera-se que se intensifique em nosso setor”, disse Chen aos analistas durante um briefing após os resultados. “O alto crescimento da receita não é sustentável, e uma tendência de queda na lucratividade é inevitável.”

A empresa de comércio eletrônico informou uma receita de 97,1 bilhões de yuans (US$ 13,6 bilhões) para o trimestre encerrado em junho, abaixo da estimativa média de 100 bilhões de yuans. O lucro líquido foi de 32 bilhões de yuans, em comparação com a projeção de 27,5 bilhões de yuans.

Na China, a PDD ganhou terreno nos últimos anos sobre as varejistas tradicionais, como Alibaba e JD.com, com sua estratégia de preços baixos, ao mesmo tempo em que adotou campanhas promocionais agressivas para afastar empresas iniciantes, como a Kuaishou Technology.

Na semana passada, o fundador Colin Huang era a pessoa mais rica da China, com uma fortuna de US$ 49,3 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Mas a PDD enfrentou uma reação negativa em julho, quando centenas de comerciantes fizeram uma manifestação em frente aos seus escritórios no sul da China. Eles protestaram contra o que chamaram de penalidades injustas que a dona da Temu estava cobrando cada vez mais.

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“No futuro, a PDD enfrentará uma concorrência acirrada na China, com os comerciantes passando por dificuldades”, disse Wang Xiaoyan, analista da 86Research, com sede em Xangai. “A PDD provavelmente investirá mais na China, e isso significa que veremos um lado negativo para o grupo no mercado chinês.”

A Temu também enfrenta um crescente escrutínio regulatório após sua ascensão meteórica. A União Europeia trabalha em uma proposta para fechar uma brecha no imposto de importação para produtos baratos comprados on-line, uma medida que teria como alvo principal os varejistas chineses, incluindo a Temu, informou a Bloomberg News.

Ainda assim, a estratégia de expansão global da PDD começou a dar resultados em alguns aspectos. A Temu se tornou rapidamente um dos aplicativos mais baixados nos Estados Unidos após uma estreia chamativa em 2022. Desde então, começou a desafiar a também gigante chinesa de compras on-line Shein e até mesmo a Amazon (AMZN) em determinados segmentos.

O que diz a Bloomberg Intelligence (BI):

“A indicação da PDD em 26 de agosto de menor lucratividade, à medida que a empresa aumenta os gastos para enfrentar o aumento da concorrência global, sugere uma desvantagem para o consenso de ganhos do segundo semestre, que projetava margens mais altas para 2025. Isso, juntamente com a primeira perda de receita da PDD em 10 trimestres para os três meses encerrados em junho, parece que vai reduzir as perspectivas de crescimento para os próximos 12 meses.”

-- Catherine Lim e Trini Tan, analistas da BI.

-- Com a colaboração de Ryan Vlastelica.

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