Disney tem lucro acima do esperado e sinaliza mais US$ 2 bi em cortes

CEO Bob Iger havia se comprometido anteriormente a cortar mais de US$ 5,5 bilhões em despesas anuais e já eliminou 8.000 empregos este ano

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Bloomberg — A Walt Disney (DIS), envolvida em outra disputa com o investidor ativista Nelson Peltz, divulgou um lucro no quarto trimestre que superou as expectativas dos analistas e disse que ampliará o corte de despesas em US$ 2 bilhões.

Os ganhos do quarto trimestre fiscal subiram para US$ 0,82 por ação, excluindo alguns itens, informou a Disney na quarta-feira (8). O resultado superou a média de US$ 0,69 das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg. A receita cresceu 5,4%, atingindo US$ 21,2 bilhões, em comparação com as estimativas de US$ 21,4 bilhões.

Os cortes adicionais de custos moverão a Disney de “uma era de correção para uma era de construção”, disse o CEO Bob Iger em uma teleconferência com investidores. Até o final de 2023, a Disney planeja retomar o pagamento de dividendos pela primeira vez desde a pandemia, abordando uma preocupação levantada por Peltz.

O investidor ativista, cuja Trian Fund Management controla uma participação de aproximadamente US$ 2,5 bilhões na Disney, planeja buscar várias cadeiras no conselho da empresa. Iger já havia se comprometido a cortar mais de US$ 5,5 bilhões em despesas anuais e já eliminou 8.000 empregos este ano.

Para o quarto trimestre da Disney, os parques temáticos principais proporcionaram o maior impulso nos lucros, com os ganhos subindo 31% para US$ 1,76 bilhão no período encerrado em 30 de setembro.

A receita na divisão, que inclui produtos de consumo, cresceu 12%, alcançando US$ 8,16 bilhões, liderada por um crescimento de 55% internacionalmente.

As perdas no negócio de streaming da Disney, incluindo o ESPN+, diminuíram para US$ 387 milhões no trimestre, superando as projeções de Wall Street. A empresa continua esperando que o negócio se torne lucrativo até o quarto trimestre do ano fiscal que está começando.

Globalmente, o número de assinantes pagos da Disney+ subiu para mais de 150,2 milhões, superando as estimativas de 147,4 milhões e voltando ao crescimento. Os assinantes da Disney+, excluindo os clientes do Hotstar internacionalmente, subiram 7% para 112,6 milhões.

As ações da Disney subiam 4,1% nesta quinta-feira (9), para US$ 88, antes da abertura dos negócios em Nova York após o anúncio. O estoque havia caído cerca de 8% desde que Iger retornou como CEO em novembro do ano passado, após a saída de seu sucessor, Bob Chapek.

Os gastos totais da Disney com conteúdo devem cair para US$ 25 bilhões no ano fiscal atual, 17% abaixo de dois anos atrás. A empresa está em negociações para novamente vender parte de sua programação para a Netflix (NFLX), mas isso não incluirá marcas principais como Marvel e Star Wars.

Peltz argumenta que os custos da Disney são muito altos e que seu conselho deve ser mais responsabilizado em áreas como o planejamento de sucessão.

As participações do bilionário incluem ações prometidas por Ike Perlmutter, ex-presidente da Marvel Entertainment, demitido por Iger no início deste ano após fazer lobby para que Peltz ingressasse no conselho da Disney. Peltz abandonou uma tentativa inicial de representação no conselho depois que Iger revelou sua primeira rodada de cortes de custos.

Além de reduzir as despesas, Iger está avaliando como reposicionar a Disney à medida que suas redes de TV tradicionais, incluindo ABC, National Geographic e FX, continuam perdendo telespectadores e anunciantes.

Na quarta-feira (8), as ações da Warner Bros. Discovery (WBD) tiveram forte queda depois que a empresa relatou uma queda na publicidade e disse que o mercado pode permanecer desafiador no próximo ano.

ESPN e entretenimento

O CEO da Disney sugeriu que está disposto a vender as redes de TV tradicionais, bem como possivelmente buscar um investidor minoritário ou joint venture com uma empresa de tecnologia para acelerar a transição da rede de esportes ESPN para o streaming.

Iger disse na quarta-feira em uma entrevista à CNBC que o canal principal da ESPN seria oferecido online como um produto de streaming independente até 2025, no máximo.

A companhia compartilhou os resultados da ESPN separadamente pela primeira vez, afirmando que a receita de suas redes esportivas pouco mudou, atingindo US$ 3,91 bilhões no quarto trimestre, enquanto os lucros cresceram 14%, totalizando US$ 981 milhões.

A Disney atribuiu isso ao aumento da receita de assinaturas e à redução dos custos de programação.

Os ganhos das redes de entretenimento da empresa pouco mudaram, atingindo US$ 805 milhões, enquanto a receita despencou 9,1%, totalizando US$ 2,63 bilhões.

A Disney também está comprando a participação de um terço da rival Comcast Corp. no serviço de streaming Hulu por pelo menos US$ 8,61 bilhões. No próximo mês, a empresa lançará uma versão beta de um único aplicativo integrando Disney+ com Hulu, segundo Iger, antes de um lançamento oficial em março.

Nesta semana, a empresa anunciou que o diretor financeiro da PepsiCo, Hugh Johnston, se tornará seu novo diretor financeiro. Um veterano executivo de finanças e operações, Johnston ajudou a liderar a Pepsi por meio de uma campanha de Peltz na década de 2010.

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