Bloomberg Línea — Depois de uma série de investimentos e aquisições para avançar nos Estados Unidos, de olho principalmente em brasileiros e outros latinos radicados no país, o Inter & Co (INTR) alimenta a ambição de desbravar a oferta de seguros no mercado norte-americano.
A área tem reportado resultados trimestrais com crescimento e rentabilidade no Brasil, aproveitando-se de um controle de custos, dado que sua operação de oferta de seguros é 100% digital, além de parcerias estratégicas e maior demanda por diversificação do produto.
A expansão internacional da Inter Seguros ainda é um assunto estratégico dentro do banco digital controlado pelo bilionário Rubens Menin, sem detalhes públicos, como cronograma e produtos definidos.
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Nos EUA, as exigências de licenças para atuar como corretora variam de estado para estado, pois cada um tem suas próprias leis e regulamentações para o setor de seguros.
“Estamos ainda na fase de construção da plataforma lá fora, ainda é muito incipiente. Há um caminho natural para viabilizar isso em breve por meio de parcerias”, disse o diretor de Seguros do Inter, Paulo Padilha, em entrevista à Bloomberg Línea.
“Acreditamos no nosso modelo de negócios, que é global. Existe demanda. Mesmo fora do Brasil, a indústria de seguros tem suas carências em termos de tecnologia, foco no cliente e experiência de venda.”
O executivo responde ao CEO para o Brasil do Inter & Co, Alexandre Riccio, e também a João Vitor Menin, CEO global do Inter. A instituição financeira atua em sete avenidas de negócio: banking, shopping, investimentos, global account, crédito e programa de fidelidade, além de seguros.
Os passos do Inter na maior economia do mundo começaram em 2021, quando o banco digital comprou a fintech USEND e entrou no segmento de remessas de dinheiro entre países com uma base de mais de 150 mil clientes.
No ano seguinte, estreou como empresa listada na Nasdaq e já contava com 50 funcionários nos EUA. Em 2023, o Inter dquiriu a gestora YellowFi e ingressou em produtos para o setor imobiliário local.
“Nosso modelo digital deu certo no Brasil com sinergias com outras experiências. Seguro não pode ser apenas mais um produto de prateleira, precisa ser contextualizado. E uma de nossas vantagens é crescer exponencialmente a carteira e a receita, enquanto a estrutura de custo avança linearmente. Isso gera eficiência e contribui para o crescimento do Inter como um todo”, explicou Padilha.
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Em 2024, o Inter quase que triplicou a carteira, que alcançou 5,3 milhões de contratos ativos na vertical de seguros, segundo o executivo. Apenas no quarto trimestre, houve a venda de 2,7 milhões de seguros. De 2019 até 2024, o ritmo anual de crescimento supera 100%.
“Foi um resultado fruto da maturação de um modelo que vem sendo construído nos últimos seis anos. Temos a maior plataforma digital de seguros do Brasil. Simplificamos o modelo de oferta a partir de acordos com grandes players do segmento”, apontou o executivo.
Padilha era diretor de estratégia e novos negócios da corretora Wiz (WIZC3), que adquiriu 40% do que seria o Inter Seguros em 2019 após desfazer um contrato de exclusividade com a Caixa Econômica Federal.

A Wiz é considerada a maior corretora de seguros independente especializada em bancassurance (integração de serviços bancários e seguros) do Brasil.
“Eu fechava parcerias na Wiz quando houve a aquisição e me tornei responsável pela vertical no Inter”, disse Padilha, que hoje trabalha em Belo Horizonte, onde fica a sede do Inter.
Com a Wiz como sócia, o Inter Seguros reforçou a atuação na parte transacional do setor, consolidando o modelo de embedded insurance, com uma operação com linha de produtos ligados a transações importantes do dia-a-dia dos clientes, como Seguro Pix, Seguro Fatura e FGTS premiável, entre outros.
“Nossa trajetória teve três momentos: primeiro foi apostar em uma oferta totalmente digital. A segunda foi construir um portfólio amplo de produtos. Antes, as apostas eram muito focadas em seguros tradicionais, especialmente auto. E, por último, simplificar e tornar o processo de contratação de seguros customizado”, explicou o executivo.
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De plano de saúde pet à telemedicina
A área de Seguros do Inter tem uma oferta de 25 produtos graças à parceria com a HDI, uma das maiores seguradoras do mundo, para o segmento de seguros tradicionais.
Para outros produtos, Padilha citou a Conexa, plataforma de telemedicina responsável pelo Doutor Inter (serviço de telemedicina), a Petlove, que atua com plano de saúde para animais de estimação, e a Bamaq, empresa especializada em consórcios.
“Tivemos um aprendizado na relação com nossos parceiros que foi simplificar as condições e melhorar a comunicação para o seguro deixar de ser visto como algo chato e burocrático”, disse Padilha.
A integração com outras verticais do banco contribui para gerar sinergias entre as áreas.
“Nosso desafio é gerar alfa para uma empresa que cresce muito. Apesar de CNPJs diferentes, todo mundo trabalha e faz reuniões junto. É um modelo diversificado que gera sinergia”, disse.
Na prática, isso significa uma maior aposta no cross sell (venda cruzada) e na captura de ganhos com a economia de rede, ou seja, criar mais oportunidades de negócios com o crescimento da base de usuários conectados e fidelizar os clientes com a oferta de novos produtos e serviços.
“Conseguimos outro patamar de crescimento e abrir inúmeras possibilidades para a oferta aperfeiçoando o modelo de hiperpersonalização. Construímos esse cross sell. Estamos apenas no começo”, disse.
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