Bloomberg — Depois de anunciar planos de expansão no Brasil, a montadora BYD planeja construir sua primeira fábrica de carros na Europa na Hungria, como parte de uma estratégia da gigante chinesa de veículos elétricos para desafiar a Tesla (TSLA) como a principal fabricante de carros elétricos com bateria.
A planta na cidade de Szeged, no sul, produzirá veículos elétricos (EVs) e híbridos plug-in para o mercado europeu e criará milhares de empregos, afirmou a BYD nesta sexta-feira (22).
A decisão ocorre alguns meses depois de Bruxelas anunciar uma investigação sobre subsídios estatais a fabricantes chineses de EVs, e pode ajudar a BYD a evitar eventuais tarifas de importação resultantes dessa investigação.
A decisão da BYD encerra um ano de cortejos de países europeus, incluindo Alemanha e França, na esperança de atrair investimentos e empregos associados a uma fábrica de automóveis.
Marcas chinesas como BYD, SAIC Motor e Nio têm se expandido na Europa para reduzir a dependência do mercado interno, onde o excesso de oferta e uma guerra de preços desencadeada pela Tesla ao longo do último ano pesam sobre os lucros.
A decisão é uma vitória para a Hungria, que se tornou um dos principais centros europeus para a indústria de veículos elétricos, onde instalações de produção ajudam principalmente as montadoras alemãs como Mercedes-Benz, Audi da Volkswagen e, mais recentemente, a BMW, a fazerem a transição da era dos motores a combustão.
A Hungria fornecerá subsídios para a fábrica da BYD, embora só divulgue o valor após receber a aprovação da Comissão Europeia, disse o ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, em comunicado.
“Este está prestes a ser um dos maiores investimentos na história econômica da Hungria”, disse Szijjarto.
Embora a participação de mercado dos fabricantes chineses na Europa ainda seja baixa, a dominância do país na produção de veículos elétricos os coloca em posição de desafiar o Japão pela liderança global nas exportações automotivas.
A BYD tem expandido suas operações na Europa, em parte porque pode cobrar preços mais altos lá. Seu crossover compacto Dolphin custa a partir de €35.990 na Alemanha, mais que o dobro do preço na China.
Em um decreto publicado na quinta-feira, o primeiro-ministro Viktor Orban destinou 46,3 bilhões de forints (US$ 133 milhões) do orçamento para melhorar infraestrutura rodoviária, ferroviária, de energia, gás e água em torno de um parque industrial em Szeged, sem mencionar a BYD no documento.
O órgão executivo da UE lançou uma investigação contra subsídios em outubro, alegando que o apoio estatal ajudou a manter os preços artificialmente baixos, o que pode resultar em ações compensatórias, como tarifas mais altas contra importações.
BYD, SAIC e Zhejiang Geely Holding Group estão no foco da investigação da UE. Pequim criticou repetidamente a medida, considerando-a uma violação das regras da Organização Mundial do Comércio.
A Europa é a maior região importadora de veículos elétricos da China, recebendo mais de 600.000 veículos até novembro deste ano.
Veja mais em Bloomberg.com
-- Com informações da Bloomberg Línea
Leia também:
Por que os investidores colocaram em xeque o crescimento da BYD
Empresas chinesas avançam no Brasil e já têm 30% do mercado de elétricos
Novos concorrentes estimulam a ousadia, diz chefe de design de Porsche e Volkswagen
© 2023 Bloomberg L.P.