Bloomberg — A organização sem fins lucrativos de Sergey Brin, voltada para o clima e a saúde, financiou startups que trabalham com todos os tipos de propostas. Desde psicodélicos até um ambicioso projeto de US$ 155 bilhões para construir “ilhas de energia” em Copenhague, como mostra uma declaração de impostos divulgada recentemente.
Os investimentos, que vão até o final de 2023, refletem o crescente apetite do cofundador da Alphabet (GOOG) para financiar pesquisas sobre o mal de Parkinson e outras doenças e distúrbios do sistema nervoso central. O bilionário de 51 anos disse ter uma mutação genética que é associada a taxas mais altas de Parkinson.
Sua organização sem fins lucrativos Catalyst4 detinha uma participação majoritária de 52,5% na MapLight Therapeutics, avaliada em US$ 120 milhões no final de 2023. George Pavlov, CEO do escritório de investimentos da família de Brin, Bayshore Global Management, faz parte do conselho da empresa.
A empresa biofarmacêutica em estágio clínico, que desenvolve terapias para tratar distúrbios neurológicos e psiquiátricos, pode o capital em breve. Ela já entrou em contato com bancos para uma possível oferta pública inicial, informou a Bloomberg em junho.
A Catalyst4 também tinha uma participação de US$ 20 milhões na Stellaromics, empresa de imagens de tecidos sediada em Boston, e um investimento de US$ 14 milhões na Copenhagen Energy Islands. O projeto de 150 bilhões de euros (US$ 155 bilhões), apoiado pela Copenhagen Infrastructure Partners, prevê a construção de uma série de ilhas que usarão turbinas eólicas para alimentar a produção de hidrogênio verde offshore.
Outro investimento da Catalyst4, com aporte inicial de US$ 1,5 milhão, foi na empresa de psicodélicos Soneira, valor que pode ter aumentado em 2024. Foi relatado que Brin estava fazendo um investimento de US$ 15 milhões na startup, que usa como base pesquisas da Universidade de Stanford sobre o tratamento de lesões cerebrais traumáticas com uma droga à base de plantas, a ibogaína, informou o Financial Times anteriormente. Qualquer investimento desse tipo não seria refletido nos registros fiscais até o final de 2025.
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Um porta-voz da Catalyst4 não respondeu a um pedido de comentário, nem os representantes das empresas nas quais a organização sem fins lucrativos investiu.
Pesquisas e soluções
Brin deixou o cargo de presidente da Alphabet – a holding proprietária do Google – em 2019, mas continua no conselho da empresa. Ele é a sétima pessoa mais rica do mundo, com um patrimônio líquido de US$ 161,8 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.
A sua organização sem fins lucrativos continuou a apoiar projetos derivados do laboratório X da Alphabet que se alinham com suas metas climáticas e de cuidados com a saúde. A Catalyst4 informou uma participação de US$ 2,5 milhões na Skip Innovations, que fabrica um exoesqueleto de vestir. Recentemente, anunciou uma parceria com a marca de roupas Arc’teryx para criar calças de caminhada com um exoesqueleto embutido, mas também está testando um dispositivo destinado a pacientes com Parkinson.
Brin fundou a Catalyst4 em 2021 com o duplo objetivo de financiar pesquisas sobre doenças do sistema nervoso central e soluções para as mudanças climáticas. A maior parte do capital veio da venda de uma participação de US$ 366 milhões na Tesla (TSLA), que ocorreu na época de um aparente rompimento entre Brin e o cofundador da montadora, Elon Musk.
O executivo tem ainda a sua própria fundação, com mais de US$ 4 bilhões em ativos no final de 2023, como mostra uma nova declaração de impostos. Ao encaminhar as doações por meio de uma empresa sem fins lucrativos, ele pode contornar as regras do modelo de fundação que proíbem a utilização de fundos filantrópicos para propriedade empresarial e atividade política.
Os ativos da Catalyst4 cresceram para US$ 1,1 bilhão em 2023, segundo os registros fiscais. A Catalyst4 também distribuiu mais de US$ 84 milhões em doações em 2023, em comparação com US$ 12,7 milhões no ano anterior. O maior cheque beneficente foi de US$ 50 milhões para a Michael J. Fox Foundation para pesquisas sobre Parkinson. A empresa também doou US$ 24 milhões ao Energy Action Fund, com sede em São Francisco.
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