De Pix a rede de anfitriões: a receita do Airbnb para crescer no Brasil

Plataforma adota atualizações com o objetivo de melhorar a experiência de navegação de anfitriões e de usuários, conta a diretora geral do Airbnb na América do Sul, Fiamma Zarife

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Bloomberg Línea — O Airbnb apresentou 50 atualizações nesta quarta-feira (16) para deixar seu aplicativo mais personalizado e, com o redesenho de algumas seções, facilitar a navegação intuitiva pelos hóspedes desde o instante da busca até a finalização da reserva.

Outras 20 mudanças tecnológicas foram divulgadas para melhorar a gestão das acomodações pelos anfitriões. As novidades chegam em um momento de desaceleração do ritmo de crescimento da plataforma no terceiro trimestre nos EUA e no mundo, segundo dados do Citi (veja mais abaixo).

No Brasil, a estratégia de crescimento ganhou um impulso doméstico: os hóspedes podem pagar suas reservas usando o Pix.

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Desde o lançamento dessa opção em julho, mais de 280 mil hóspedes usaram o meio instantâneo de pagamento criado pelo Banco Central, segundo a diretora geral do Airbnb na América do Sul, Fiamma Zarife, durante entrevista coletiva nesta quarta-feira em São Paulo.

“É um fenômeno do mercado brasileiro. Não tem similar. Os executivos do Airbnb estão encantados com o resultado do nosso método de pagamento”, disse a executiva.

A ordem no Airbnb é apostar nas formas de pagamento particulares de alguns países, segundo Zarife. Até o fim do primeiro trimestre de 2025, o aplicativo terá mais de 20 opções em todo o mundo, como o Vipps na Noruega, o Mobile Pay na Dinamarca e o MoMo no Vietnã.

“O Airbnb tem apetite de localizar formas de pagamento que são valorizadas localmente pelos hóspedes ao redor do mundo”, afirmou a diretora.

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O Brasil é um mercado relevante para o Airbnb na América Latina. Para justificar essa avaliação, a executiva citou a permissão para campanhas de marketing com artistas, influenciadores e trilhas sonoras do país, como músicas de Tim Maia e Thalma de Freitas.

“A América Latina cresceu 17% no segundo trimestre, e o Brasil teve grande parcela de contribuição. A importância do país é medida por algumas iniciativas, desde o lançamento do Pix ao marketing local”, disse.

A diretora do Airbnb destacou alguns dados sobre a operação brasileira, ainda que não tenha aberto informações como a base de usuários ativos no país:

  • Em 2023, o Airbnb registrou 1,6 milhão de novos hóspedes no Brasil
  • O app registrou visitas em 2.330 cidades no Brasil - o equivalente a 42% do país
  • Em 2023, mais 165 cidades receberam seus primeiros hóspedes pelo aplicativo
  • 80% dos destinos visitados no Brasil foram não urbanos, fora das metrópoles
  • 54% dos anfitriões são do sexo feminino
  • 45% dos anfitriões utilizam a renda obtida na plataforma para arcar com despesas.

Rede de anfitriões

Entre as principais atualizações anunciadas hoje globalmente estão melhorias para a experiência do cliente (UX), como uma página de pagamento de reserva mais direta, dicas de busca de acomodações, descontos dos anfitriões e destinos sugeridos.

Há também destaques personalizados do anúncio e filtros de busca recomendados, além de um tour guiado de boas-vindas para hóspedes que utilizam a plataforma pela primeira vez.

Quem usa o aplicativo para colocar uma acomodação para alugar passa a contar com uma “rede de coanfitriões”, que pode ser acionada para prestar um atendimento personalizado, desde a configuração do anúncio até o gerenciamento de reservas, a limpeza do local e a comunicação com os hóspedes.

“Quem aluga um imóvel pelo Airbnb, mas não deseja perder tempo acompanhando o processo de check in e check out, pode negociar pelo aplicativo com um dos coanfitriões para prestar um ou mais serviços. Cada coanfitrião oferece seu preço. Vi na plataforma quem cobra de 15% a 25% do valor da estadia”, disse Raquel Nicastro, uma das embaixadoras do Airbnb no Brasil e que atua como coanfitriã.

O Airbnb cobra do anfitrião uma comissão de 3% de cada reserva fechada na plataforma. Para ser considerado coanfitrião, o Airbnb utiliza critérios como o histórico da pessoa na plataforma, as notas de avaliação recebidas e a proximidade com o local da acomodação.

Segundo a companhia, 73% dos coanfitriões são considerados “superhosts”, e 84% ajudam a designar o status “Preferido dos Hóspedes”, que são acomodações consideradas de mais alta qualidade no Airbnb.

Tráfego no terceiro trimestre

Como o Airbnb já havia alertado em agosto, a demanda dos turistas nos EUA na plataforma entrou em ritmo de desaceleração.

Um relatório do Citi sobre as tendências dos acessos na internet, divulgado na última terça-feira (15), apontou que o tráfego da companhia na internet americana caiu 2% no terceiro trimestre no comparativo anual, após um segundo trimestre positivo (+3%).

Na operação global da plataforma, a queda no tráfego foi maior, de 5%. Os dados citados pelo Citi foram extraídos da SimilarWeb.

Em setembro, o Airbnb tinha 46,5 milhões de usuários ativos no mundo, um aumento de 10% em 12 meses, segundo o relatório do Citi, que usou também dados da SensoTower.

Para efeito de comparação no mercado de plataformas de viagens, o Booking tinha 91,6 milhões de usuários ativos, com crescimento anual de 8%.

A Expedia contabilizava 11 milhões (+13% na base anual), enquanto o TripAdvisor registrava 3,1 milhões de usuários (-3%), e o Trivago, 5 milhões (-5%).

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