De novo sócio a IPO: as opções da Vero, da Vinci Partners, para crescer em telecom

Em entrevista à Bloomberg Línea, Fabiano Ferreira, CEO da empresa que tem a gestora como maior acionista, disse que o setor passa por consolidação e que novos M&As também estão no pipeline

Fabiano Ferreira, CEO da Vero, uma das maiores operadoras independentes de telecom do país (Foto: Divulgação)
28 de Agosto, 2024 | 05:35 AM

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Bloomberg Línea — A Vero, empresa de telecom que tem a Vinci Partners como sua maior acionista, dispõe de um leque de opções para continuar a crescer, afirmou o CEO, Fabiano Ferreira, em entrevista à Bloomberg Línea. Segundo o executivo, as alternativas vão de fusões e aquisições (M&A) até abertura de capital.

“Estamos na fila para uma oportunidade de IPO, mas não temos só a abertura de capital no radar”, disse o executivo.

A companhia nasceu em 2019 de uma tese da Vinci para o setor de telecom. À época, o “braço” da gestora de ativos alternativos voltado para o private equity comprou provedores regionais e os consolidou na Vero, que hoje atua em 420 cidades. Atualmente, a Vinci tem 38,6% da companhia, seguida de Warburg Pincus (23,65%) e Invest Tech (7,56%), além de investidores minoritários.

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A atuação da Vero se estende de banda larga fixa até telefonia móvel e fixa e uma operação de TV por assinatura. No total, são cerca de 1,9 milhão de contratos na base da companhia, dos quais aproximadamente 1,35 milhão de banda larga, em cerca de 420 cidades das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Com a fusão com a Americanet (veja mais abaixo), as receitas líquidas chegaram a R$ 817 milhões no primeiro semestre, com aumento de 5% na base anual que soma as duas em 2023.

O Ebitda ajustado, métrica de geração de caixa operacional, cresceu 11% e chegou a R$ 425 milhões no período. Nos últimos 12 meses, o valor foi de R$ 850 milhões.

A receita média por usuário (ARPU), indicador observado por investidores, chegou ao valor recorde de R$ 109,35 ao fim de junho, com avanço de 3,5% versus o segundo trimestre de 2023.

“No segundo semestre, vamos acelerar nossa atividade comercial e aumentar o portfólio de produtos e serviços”, disse o executivo sobre os planos de crescimento dos negócios.

Em um mercado disputado, com gigantes como Telefônica Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3)e Claro (AMX), Ferreira disse ver espaço para crescimento exponencial. “O Brasil é um continente, hoje temos três grandes operadoras, mas há espaço para pelo menos outras duas empresas robustas no país.”

Para tanto, ele acredita que o setor ainda deve passar por um intenso movimento de fusões e aquisições, já iniciado. “Nós somos a soma de 47 transações e vamos fazer novos M&As”, disse o executivo.

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A 47ª foi justamente a fusão com a Americanet, concluída em dezembro passado. Segundo ele, as sinergias estão a “pleno vapor”. “Nosso plano de integração [com a Americanet] tem mais de 1.800 iniciativas, e em cerca de 75% delas já tivemos êxito. Conseguimos oferecer preço melhor por ter uma só plataforma”, afirmou.

“Temos no pipeline alguns M&As. São mais de 12.000 provedores registrados na Anatel hoje e o potencial de oportunidades é muito grande”, disse Ferreira.

O executivo fez a ressalva, porém, de que a Vero não fará negociações a qualquer custo. “Olhamos negócios que têm desde 100 mil clientes até mais de 300 mil. Vamos avaliar principalmente localidades onde ainda não atuamos. Nós miramos não só aumento da base mas crescimento geográfico.”

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Abertura de capital

Ferreira contou que, desde a concepção, a companhia vem sendo preparada para um processo de abertura de capital. “Em 2021, imaginávamos que isso aconteceria, mas, devido ao ambiente macroeconômico no Brasil e no mundo, não tivemos novos entrantes neste mercado”, disse.

A Vero decidiu ficar com o registro de companhia aberta, na categoria A da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). “Temos obrigações como qualquer outra companhia que tem negociação em bolsa, conversamos trimestralmente com os investidores”, explicou.

Além das gigantes de telecom acima citadas, três operadoras de menor porte estão listadas na B3, a bolsa brasileira: a Brisanet (BRIT3), a Desktop (DESK3) e a Unifique (FIQE3). “Sonhamos já há algum tempo com o IPO. Em algum momento vamos ter abertura de capital no Brasil”, disse o executivo.

Ele acrescentou que a Vero não tem só a opção do IPO para levantar capital.

“Também trabalhamos com emissão de dívida. Temos a vantagem de utilizar as debêntures incentivadas, que são um excelente instrumento para financiar o crescimento.”

A companhia também considera a entrada de um novo sócio. “É algo que não está descartado. Surgem, periodicamente, conversas para a empresa ser capitalizada com recursos de um novo investidor”, disse Ferreira.

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Em sua avaliação, o Brasil começa a ser visto novamente como um destino para investimentos, principalmente estrangeiros. Para Ferreira, o setor de telecom combina tecnologia e infraestrutura, o que acaba ficando no topo das prioridades de investidores.

“Uma empresa bem posicionada como a Vero é atrativa. Queremos trazer um bom investidor, que vai acelerar não só com capital, mas quem sabe com conhecimento. Esse seria o investidor ideal.”

Internet via satélite

Ferreira disse também acreditar que a chegada de tecnologias como a internet via satélite oferecida pela Starlink, de Elon Musk, deve ser complementar à oferta já existente hoje no Brasil.

“O país tem potencial para conectar muito mais clientes na fibra, podemos ter o dobro do número de assinantes no mercado. O satélite é uma ferramenta complementar”, avaliou. “O Brasil é diferente de outros países, pois ainda tem muito espaço para crescimento.”

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.