De ‘Musk tailandês’ a ex-bilionário: o empresário que perdeu US$ 4,2 bi em 2 anos

Somphote Ahunai investiu para transformar a sua empresa de energia em uma Tesla no mercado asiático, mas viu as ações caírem 70% com a virada do setor, diante de guerra de preços e excesso de oferta

Somphote Ahunai, chief executive officer of Energy Absolute Pcl
Por Anuchit Nguyen - Pui Gwen Yeung
13 de Julho, 2024 | 03:12 PM

Bloomberg — O empresário Somphote Ahunai, cuja fortuna atingiu US$ 4,8 bilhões há dois anos, perdeu o status de bilionário após uma série de esforços mal-sucedidos para diversificar e transformar sua empresa, uma das maiores produtoras de energia renovável da Tailândia, em uma versão asiática da Tesla.

As ações da Energy Absolute registraram uma queda mensal recorde de 51% em junho, o que reduziu o patrimônio de Somphote para menos de US$ 600 milhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Mesmo após uma recuperação de 11% neste mês, após a defesa enfática de Somphote sobre a saúde financeira da empresa, a ação ainda acumula perda de cerca de 70% de seu valor neste ano, a maior queda entre quase 1.400 empresas no índice MSCI Asia Pacific.

A queda ocorre após vários anos de esforços de Somphote para replicar partes do modelo da Tesla (TSLA) de Elon Musk: um negócio integrado com geração de eletricidade, produção de baterias, fabricação de carros e instalação de pontos de carregamento. Somphote também investiu na montagem de trens, balsas e ônibus elétricos — e pegou empréstimos pesados para financiar seus sonhos.

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“Todos os esforços e as apostas na indústria de veículos elétricos estão seriamente em dúvida com as guerras de preços em andamento e o excesso de oferta”, disse Tiwa Shintadapong, presidente da Associação de Investidores da Tailândia. “A queda nos lucros da Energy Absolute e o fluxo de caixa negativo realmente diminuíram a confiança entre os investidores.”

Somphote, 57 anos, convocou entrevistas coletivas de imprensa em dias consecutivos na semana passada para esclarecer a condição da empresa e tentar acalmar acionistas e credores.

Ele defendeu a investida agressiva da Energy Absolute na produção de baterias e transporte e afirmou que a empresa tem fluxo de caixa suficiente para honrar sua dívida de 37 bilhões de baht (US$ 1 bilhão).

A Energy Absolute, fundada como uma empresa especializada em óleo de palma e biodiesel, gastou bilhões para construir instalações de produção para baterias, bem como ônibus, balsas e trens sob a marca Mine, enquanto o governo tailandês se juntava ao esforço global para redução de emissões.

“Os veículos elétricos e o negócio de baterias são mais difíceis do que antecipamos, mas ainda temos uma forte crença no seu futuro”, disse ele em uma das entrevistas, em que instou os investidores que “estão questionando sobre a sobrevivência da empresa” a olharem para os fundamentos e o potencial de mercado.

A participação de Somphote na empresa caiu para pouco mais de 30%, abaixo dos cerca de 40% anteriores, depois que a queda das cotações forçou um banco estrangeiro a vender algumas de suas ações penhoradas para pagar empréstimos, disse ele.

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O lucro do primeiro trimestre caiu 62% em relação ao ano anterior, em parte devido ao fim dos subsídios do governo para a produção de eletricidade em uma de suas usinas solares. As vendas de veículos elétricos nos três meses até março também caíram devido à menor demanda por seus ônibus elétricos.

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O fluxo de caixa se tornará positivo neste ano, pois a maioria dos grandes investimentos em ônibus e caminhões elétricos foi concluída, segundo Somphote.

A Energy Absolute registrou um fluxo de caixa livre negativo de 7,3 bilhões de baht em 2023, acima do 1,7 bilhão de baht do ano anterior, mesmo com a receita líquida pouco alterada em 7,6 bilhões de baht, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Ainda assim, a divisão de energia -que tem uma capacidade de geração de 664 megawatts - permanece forte, com um fluxo de caixa anual de pelo menos 4 bilhões de baht até 2026, escreveu Suksit Wongwanich, analista da Kasikorn Securities, em uma nota publicada em 4 de julho. O negócio de veículos elétricos, no entanto, ainda enfrenta desafios com a crescente competição, disse ele.

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