De fábricas à cultura: como a Boeing planeja sair da maior crise de sua história

Após acidentes fatais, atrasos de entregas e falhas de segurança em peças, fabricante de aviões busca reestruturação que levará anos, diz chefe da divisão de aeronaves comerciais

Avião 737 da Boeing
Por Julie Johnsson
22 de Julho, 2024 | 09:29 AM

Bloomberg — A Boeing (BA) quer promover uma “mudança transformacional” em suas fábricas e em sua cultura, com base no feedback dos clientes, dos órgãos reguladores e, em grande parte, dos funcionários, disse a chefe da divisão de aeronaves comerciais da fabricante de aviões.

A reestruturação levará anos para ser concretizada e exigirá o apoio dos clientes que foram prejudicados pelos atrasos e pelas falhas de qualidade da Boeing, reconheceu Stephanie Pope em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo como parte de uma reestruturação no início deste ano.

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A empresa tem visto uma melhora na produção do 737, o que ajudará a um aumento “significativo” nas taxas de produção de seu avião mais importante, depois de meses de produção lenta, disse Pope aos repórteres na véspera do Farnborough International Air Show, o principal evento do setor.

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A fabricante de aviões tenta sair de uma nova crise desde um acidente ocorrido em janeiro com um 737 Max, em que a porta se soltou durante um voo da Alaska Airlines. Pope disse que passou seus primeiros quatro meses em observação e busca de conhecimento da operação.

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A executiva tem levado os clientes para a fábrica da Boeing em Renton, com o objetivo de mostrar os principais indicadores de produção, peças que chegam atrasadas e o tempo real de fabricação.

“Eles têm sido muito engajados, envolvidos e francos com nosso feedback”, disse ela sobre a iniciativa. “Ainda assim, isso não tira o fato de que os decepcionamos e impactamos seus negócios.”

Os órgãos reguladores e as companhias aéreas só vão acreditar nas mudanças da Boeing quando a produção nas fábricas estiver estabilizada e os clientes começarem a receber suas aeronaves conforme o programado, disse Nick Cunningham, analista da Agency Partners.

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Stephanie Pope, da Boeing

“O problema para a Boeing é que ela não terá o benefício da dúvida por um motivo óbvio”, disse Cunningham.

A primeira etapa do processo seria convencer os órgãos reguladores dos Estados Unidos a aprovarem o aumento da taxa de produção do 737 acima do limite atual de 38 jatos por mês – e depois a Boeing realmente atingir essa taxa, disse Cunningham.

Em busca do novo CEO

Pope era vista anteriormente como uma possível sucessora do CEO Dave Calhoun, quando assumiu um papel mais proeminente no final do ano passado.

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O rompimento de um painel da fuselagem de um 737 em um voo em janeiro e a crise que se seguiu a levaram à sua nova função, enquanto Calhoun disse que deixará a empresa até o final do ano, no máximo, sob pressão de investidores, autoridades regulatórias e clientes corporativos.

A Boeing ainda procura um substituto para ele, e Pope disse que não vai se envolver com o que o próximo líder da empresa precisa fazer.

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A diretoria está fazendo uma busca “robusta” pelo próximo líder, disse ela.

“A liderança tem tudo a ver com o momento atual“, disse Pope, acrescentando que isso implica na prestação de contas e na criação de um plano para os órgãos reguladores dos EUA que impulsione mudanças transformacionais.

A Administração Federal de Aviação (FAA) continua muito envolvida com a Boeing, com os inspetores do órgão regulador ainda em suas fábricas, e Pope descreveu sua interação como “firme e justa”.

O plano de segurança e qualidade de 90 dias que a Boeing apresentou ao órgão regulador “não é um plano de três meses”, disse a executiva.

Em declarações ao lado de Pope antes do Farnborough Air Show, o chefe da Boeing Defense, Ted Colbert, disse que a divisão continua a enfrentar dificuldades depois de registrar lucro no primeiro trimestre.

Os resultados seriam mais parecidos com os do terceiro trimestre de 2023, disse Colbert, quando a unidade registrou um prejuízo de quase US$ 1 bilhão.

A Boeing divulga seus resultados corporativos no final do mês.

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