Bloomberg Línea — A Dasa (DASA3) e a Amil anunciaram nesta manhã de sexta-feira (14) um acordo para unir suas redes de hospitais, sob a marca Ímpar. A empresa nascerá com uma receita anual combinada de R$ 10 bilhões e 25 hospitais, com cerca de 4.400 leitos, o que a tornará a segunda maior do país.
A transação ocorre em um momento em que empresas do setor de saúde fazem movimentos de M&A (fusões e aquisições) com os objetivos de ganhar escala, diminuir custos operacionais e o endividamento.
O acordo prevê que a Ímpar incorpore R$ 3,85 bilhões de dívida líquida da Dasa, o que inclui saldo de operações com derivativos, contas a pagar de aquisições passadas e impostos parcelados. Segundo o fato relevante, não haverá “aporte” de dívida pela Amil na nova companhia.
A Dasa encerrou o primeiro trimestre de 2024 com uma dívida líquida de aproximadamente R$ 9,6 bilhões e uma alavancagem equivalente a 4,20x o Ebitda. As ações da companhia recuavam mais de 2% por volta das 14h20 (horário de Brasília), depois de avançarem até quase 6% na abertura do pregão.
Leia mais: De saneamento a saúde, Citi mira financiar mais projetos sociais no país e em LatAm
“Para a Dasa, essa transação, juntamente com outras iniciativas, deverá trazer alívio ao balanço. Além de fortalecer o posicionamento da empresa no cenário da saúde, notamos também que a rentabilidade da Amil parece estar abaixo dos níveis ideais, o que deixa muito espaço para a empresa melhorar suas margens e potencialmente aumentar os retornos no futuro”, escreveram em relatório os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Marquezini e Felipe Amancio, do Itaú BBA.
Os analistas que fazem a cobertura de empresas do setor de saúde pelo BBA calcularam como ficaria a alavancagem da Dasa com os números anunciados da operação, assumindo 50% da dívida da Ímpar para a companhia. Nesse cenário, a alavancagem cairia de 4,0x para 3,4x o Ebitda, incluindo o aporte de R$ 1,5 bilhão anunciado pela família Bueno, acionista controladora, há um mês.
O negócio também representa alívio financeiro e operacional para a Amil, que foi vendida pelo grupo americano United Health para o empresário José Seripieri Filho, o Júnior, fundador da Qualicorp, no fim do ano passado. A empresa tinha à época dívidas estimadas de R$ 9 bilhões.
De acordo com o fato relevante, a Ímpar será uma joint venture com ativos de hospitais e controle compartilhado e terá participação de capital de 50% para cada uma das companhias. A operação também envolve a Dasa Oncologia e o Americas Oncologia, bem como os centros de medicina especializada.
A união formará o segundo maior grupo do Brasil no segmento, atrás apenas da Rede D’Or (RDOR3), com 14 hospitais da Dasa (excluindo Hospital São Domingos, Hospital da Bahia e AMO) e 11 da rede Americas (rede independente da Amil, excluindo o Hospital Promater e o Hospital Monte Klinikum), com maior foco no Sudeste e Distrito Federal.
A nova empresa terá lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) estimado em R$ 777 milhões, sendo R$ 600 milhões dos ativos da Dasa e R$ 177 milhões da Amil.
A transação pelo lado da Dasa foi assessorada por Stocche Forbes, Astoria e BTG Pactual e, na Amil, por Lefosse, BR Partners e Santander (SANB11).
Governança corporativa
Segundo o fato relevante, a governança da nova empresa foi desenhada para “manter equilíbrio de direitos”, com três representantes de cada sócio e três membros independentes em conselho.
Os termos acordados preveem que, no fechamento da operação, Dulce Pugliese de Godoy Bueno será nomeada presidente do conselho de administração e, Lício Cintra, atual CEO da Dasa, ocupará o mesmo cargo na Ímpar. O CEO será formalmente indicado pelo conselho.
O processo de integração será desenvolvido após a aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e órgãos competentes. Até o momento, as operações continuam independentes, informam as empresas.