Crise imobiliária nos EUA chega à TV e afeta até séries como ‘Selling Sunset’

Em Los Angeles, a 2ª maior cidade dos EUA, mercado de real estate enfrenta juros mais altos e novo imposto sobre vendas de casas de luxo

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Bloomberg — Taxas de juros mais altas e um novo imposto sobre vendas de casas de luxo em Los Angeles estão pesando até mesmo sobre os agentes imobiliários que são celebridades e que exibem suas listagens de milhões de dólares na TV.

Mauricio Umansky, CEO da The Agency e estrela da série da Netflix (NFLX) “Buying Beverly Hills”, disse que o volume de transações de sua empresa, embora acima da média, está cerca de 25% menor. Ele afirmou que o mercado imobiliário está “em recessão”.

Jason Oppenheim, presidente do Oppenheim Group e estrela de dois outros programas da Netflix, “Selling Sunset” e “Selling the OC”, também espera vender menos casas este ano. “É nestes momentos difíceis que os agentes se destacam”, disse ele.

A segunda maior cidade dos Estados Unidos, que funciona como um termômetro do mercado imobiliário americano, está lidando com taxas de juros mais altas que tornam as casas menos acessíveis e um novo imposto que entrou em vigor em abril.

A cidade impõe uma taxa de 4% sobre propriedades vendidas por mais de US$ 5 milhões e 5,5% sobre aquelas acima de US$ 10 milhões, sendo que o dinheiro vai para financiar moradias acessíveis.

Enquanto isso, greves de roteiristas e atores de Hollywood têm interrompido a produção de TV e cinema, colocando mais pressão sobre o mercado.

No primeiro semestre do ano, as vendas de casas com preços acima de US$ 10 milhões na área da grande Los Angeles caíram 44%, de acordo com a empresa de corretagem Compass. O volume total diminuiu 40% para US$ 3,2 bilhões.

O mercado de LA ainda liderou os Estados Unidos em vendas de casas acima de US$ 10 milhões, com 160 propriedades negociadas no primeiro semestre de 2023.

As vendas de casas para os ricos também caíram. Em Brentwood, onde o preço médio das casas em junho foi de US$ 3,1 milhões, as vendas de propriedades caíram 63%, de acordo com o corretor Douglas Elliman. Em Beverly Hills, que, como uma cidade separada, não está sujeita ao imposto sobre mansões de LA, o número de propriedades vendidas caiu 43%.

Programas de TV ajudam em mercado imobiliário apertado

Diferentemente dos roteiristas e atores de Hollywood, que estão em greve por salários e benefícios melhores, estrelas de reality shows como Umansky e Oppenheim podem continuar trabalhando em seus programas de TV.

A desaceleração no mercado pode até resultar em uma melhor audiência.

“Destacamos as dificuldades e a parte muito real do que é passar por uma transação”, disse Alexia Umansky, que é destaque no programa de seu pai, Maurício. “Não é sempre fácil.”

Em um mercado mais apertado – onde a falta de oferta torna difícil encontrar listagens – os agentes de TV dizem que sua notoriedade os ajuda a atrair negócios. O número de anúncios à venda caiu 29% em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação de Corretores da Califórnia.

“Somos capazes de vender a propriedade de alguém de forma muito mais ampla e global por causa do programa”, disse Oppenheim.

No entanto, nem todos os corretores de alto padrão acham que a exposição na TV vale o esforço. O casal Branden e Rayni Williams, que compraram e venderam casas para Bruce Willis e Jennifer Lopez, disse que os clientes com quem trabalham frequentemente priorizam a privacidade ao vender casas, algo que não é propício para os programas de TV.

“Não temos tempo para brincar de faz de conta”, disse Branden. “Estamos ocupados demais fazendo negócios reais.”

Aaron Kirman, que apareceu na série “Listing Impossible” da CNBC por uma temporada, disse que o tempo que levava para filmar as transações lhe custou milhões de dólares, porque ele não conseguia encaixar potenciais clientes em sua agenda.

Umansky, da The Agency, concorda que leva tempo extra para promover uma casa na TV, desde a configuração da iluminação até a coordenação com as equipes. Em um dia de filmagem, por exemplo, ele poderia mostrar até 10 casas. “A realidade é que tenho dois empregos”, disse ele.

-- Com a colaboração de John Gittelsohn

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