Crescimento da Tesla desacelera e reforça desafio de Musk para convencer investidor

Apesar da redução de preços adotada ao longo de 2023, aumento de entregas foi de 38% e ficou abaixo da meta de 50%; ações recuaram cerca de 12% nesta quinta-feira (25)

Tesla divulgou um lucro de 71 centavos por ação para o quarto trimestre, abaixo da estimativa média de 73 centavos por ação do mercado
Por Dana Hull
25 de Janeiro, 2024 | 10:55 AM

Bloomberg — As ações da Tesla (TSLA) despencaram nesta quinta-feira (25) depois que a proposta de Elon Musk para ignorar o crescimento mais lento das vendas não convenceu os investidores.

A ação fechou em queda de 12,13% na Nasdaq, depois que a Tesla ontem no fim da tarde divulgou que ficou ligeiramente aquém das estimativas de lucros no quarto trimestre de 2023 e alertou que a taxa de expansão será “notavelmente menor” neste ano.

A empresa passou todo o ano de 2023 reduzindo os valores de seus modelos para impulsionar as vendas, iniciando uma guerra de preços que prejudicou os lucros.

A eficácia dessa estratégia está diminuindo, e os executivos alertaram que se aproximam dos limites dos esforços para reduzir custos na linha atual de veículos.

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“A Tesla está sinalizando que os dias de crescimento de 50% ou mesmo de 30% a 40% ano a ano não vão acontecer em 2024″, disse Seth Goldstein, analista da Morningstar Research, em uma entrevista. “Em certo ponto, você não pode mais cortar os preços.”

Em uma mudança em relação à prática anterior, a Tesla evitou oferecer metas específicas para este ano. A empresa não alcançou o crescimento anual de 50% sinalizado pela administração no passado, apesar de ter reduzido os preços ao longo de 2023. As entregas de veículos cresceram 38%, e os analistas preveem um aumento de 20% neste ano.

Evolução da lucratividade da Tesla ao longo dos últimos trimestres

A Tesla divulgou um lucro de 71 centavos por ação para o quarto trimestre, abaixo da estimativa média de 73 centavos por ação do mercado financeiro. A companhia liderada por Musk gerou US$ 25,2 bilhões em receita, menos que os US$ 25,9 bilhões previstos por Wall Street.

Musk sugeriu que tudo isso será temporário.

A Tesla vai fabricar um veículo mais barato e de próxima geração já no segundo semestre do próximo ano na fábrica em Austin, e depois no México. A empresa também fabricará o modelo em outro local na América do Norte.

Isso poderia ajudar a Tesla a atrair mais compradores do mercado em massa que não podem pagar os veículos elétricos existentes da companhia, que começam em cerca de US$ 39.000 nos Estados Unidos.

“Isso será um aumento de produção desafiador”, disse Musk sobre o veículo de próxima geração. “Uma vez que estiver em andamento, estará muito à frente de qualquer outra tecnologia de fabricação existente em qualquer lugar do mundo. É de outro nível.”

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Até lá, a Tesla tentará conquistar novos consumidores com sua linha existente.

O veículo mais recente, o Cybertruck, está sendo lançado gradualmente após sua estreia em novembro passado. A empresa disse que o aumento de produção da picape revestida de aço inoxidável será mais lenta do que a de outros carros e não deu uma previsão de vendas anuais.

Novos produtos são de particular importância para a Tesla porque ela tem uma linha de veículos limitada.

Embora as vendas do SUV Model Y e do sedã Model 3 tenham disparado, eles ainda têm preços relativamente altos em comparação com os modelos da BYD, da China, a nova líder em veículos elétricos no mundo.

À medida que as altas taxas de juros e a inflação atingiram os bolsos dos consumidores no ano passado, a Tesla reduziu drasticamente os preços de seus veículos.

Isso colocou um freio na lucratividade. A margem bruta automotiva da Tesla, excluindo a receita de créditos regulatórios, ficou em 17,2% no trimestre, uma ligeira melhora em relação à mais baixa em mais de quatro anos.

A Tesla culpou os cortes de preços pela menor lucratividade, além de gastos mais altos com pesquisa e desenvolvimento e outros custos, incluindo a ampliação do Cybertruck.

A Tesla enfrenta forte concorrência por parte dos fabricantes de veículos elétricos chineses, que Musk disse serem “as empresas automotivas mais competitivas do mundo”.

Marcas chinesas provavelmente terão sucesso na exportação, a menos que tarifas ou outras barreiras comerciais sejam implementadas para deter seu avanço. O CEO testemunhou a ameaça em primeira mão, com a BYD ultrapassando a Tesla como a principal vendedora de veículos elétricos no quarto trimestre.

“Sinceramente, acho que se não houver barreiras comerciais estabelecidas, eles vão praticamente demolir a maioria das outras empresas automotivas do mundo”, disse Musk sobre as montadoras da China.

Musk também detalhou seu pedido de uma participação de 25% na Tesla para consolidar sua influência. O conselho de administração da fabricante de veículos elétricos provavelmente não proporá um novo plano de remuneração para o CEO até que um juiz de Delaware se pronuncie sobre uma ação movida por acionistas em relação à enorme premiação com pagamento em ações para Musk aprovada em 2018.

- Matéria atualizada às 18h25 de 25 de janeiro com a variação das ações no fechamento do dia.

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