Controlador da Sky aposta em nova fintech e planeja investir R$ 1 bi até 2026

Em entrevista à Bloomberg Línea, investidor Darío Werthein, sócio do Grupo Werthein, da Argentina, explica o plano de se expandir no segmento financeiro no Brasil com a fintech Skx

Região da Faria Lima, em São Paulo, setembro de 2022. Foto: Victor Moriyama/Bloomberg
08 de Agosto, 2024 | 10:51 AM

Bloomberg Línea — O Grupo Werthein, controlador da operadora Sky, abriu uma nova fintech para atuar no Brasil de olho em um mercado altamente concorrido, que inclui desde bancos digitais como Nubank, C6 Bank, PagBank e PicPay, até grandes instituições financeiras tradicionais, como Itaú e Bradesco.

Chamada de Skx, a nova empresa do grupo deve receber investimentos de R$ 1 bilhão até 2026, de acordo com os planos informados pela companhia em primeira mão à Bloomberg Línea.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o sócio do grupo Darío Werthein disse que o investimento faz parte de uma decisão estratégica tomada pelo companhia para aumentar a participação no mercado brasileiro.

“É um país que representa 50% da economia latino-americana. Para nós, crescer no Brasil, incluindo com o investimento que fizemos na Sky, é muito importante. Sabemos que o mercado de fintechs é bastante concorrido, mas acreditamos que temos algumas vantagens competitivas importantes e por isso estamos fazendo o investimento”, afirmou o empresário e investidor.

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A nova operação é comandada por Gustavo Fonseca, CEO da Sky Brasil, mas a fintech é uma empresa independente e tem uma estrutura própria.

Para ganhar escala, a Skx mira inicialmente atender as cerca de 1.500 empresas pelo Brasil que prestam serviços terceirizados para a Sky, de acordo com Fonseca.

São pequenos e médios negócios que fazem a manutenção, a gestão de equipamentos e o atendimento aos clientes locais, entre outros serviços, em mais de 5.000 municípios pelo país.

Segundo o executivo, os prestadores têm todo ou quase 100% do seu faturamento ligado à Sky e geram um volume financeiro na faixa entre R$ 100 mil e R$ 200 mil por mês, cada um.

O plano é oferecer inicialmente serviços bancários tradicionais, como gestão de conta, transferências, Pix e cartões de crédito. Em um segundo momento, a fintech espera lançar um serviço de microcrédito para apoiar os negócios dos parceiros, e também produtos de investimentos financeiros.

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Para atrair os clientes da base, o plano é fazer os pagamentos da Sky aos prestadores de serviços por meio da nova plataforma. Um teste já está sendo realizado com cerca de 50 empresas.

Em seguida, a fintech planeja entrar no segmento de pessoa física, inicialmente se voltando para os assinantes residenciais dos serviços da Sky.

A operadora de TV por assinatura e banda larga tem atualmente cerca de 4 milhões de assinantes, incluindo o serviço de streaming Sky+.

Já para 2025, o plano é abrir os serviços para qualquer pessoa que deseje utilizar a plataforma da fintech.

“No começo, você não vai ver a gente competindo na rua com as maiores fintechs do Brasil. A gente vai entrar por esses nichos de negócios que a gente conhece melhor do que ninguém”, disse Fonseca.

A incursão do Grupo Werthein no mercado brasileiro teve início em julho de 2021, quando a empresa adquiriu da americana AT&T o controle da Vrio, operadora de serviços que controla a Sky Brasil e a Directv na América Latina, por um valor não revelado.

O Grupo Werthein é um conglomerado familiar da Argentina com mais de 100 anos, que atua nos segmentos de entretenimento, seguros, saúde, agroindústria, alimentos e bebidas, desenvolvimentos imobiliários e tecnologia, além de mídia.

O grupo já teve negócios no mercado financeiro no passado, quando foi controlador dos bancos Mercantil e La Caja, da Argentina. As participações foram vendidas nos anos 2000.

Para Darío Werthein, neto do patriarca da família Leon Werthein e um dos sócios controladores do grupo, a nova fintech Skx marca um retorno do conglomerado ao segmento financeiro, desta vez, no Brasil.

“É um mercado muito maior, muito mais sofisticado, com muito mais concorrência, mas creio que temos as ferramentas para poder defender o nosso espaço”, afirmou.

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Filipe Serrano

É editor da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.