Carrefour: acordo para fechar capital vai à votação com ‘racha’ sobre melhor decisão

Consultorias divergem em recomendações a acionistas. A Glass Lewis é contra o acordo, e a Institutional Shareholder Services disse que a nova proposta revisada oferece uma ‘oportunidade minimamente aceitável de saída’

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Bloomebrg — Os acionistas do Atacadão se preparam para uma votação acirrada nesta sexta-feira (25) para decidir se aprovam a compra da empresa por seu controlador, o francês Carrefour, com as principais consultorias de voto divididas sobre se a oferta é suficiente.

As empresas de consultoria Glass Lewis e Institutional Shareholder Services (ISS) têm opiniões opostas sobre o aumento do preço de aquisição da rede francesa de supermercados para fechar o capital de sua subsidiária brasileira.

Enquanto a Glass Lewis manteve sua posição recomendando aos investidores que votem contra o acordo, a ISS está aconselhando os acionistas a votarem a favor, afirmando que a nova proposta revisada oferece uma “oportunidade minimamente aceitável de saída.”

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No início de abril, o Carrefour elevou sua oferta para R$ 8,50 por ação do Atacadão, um aumento de aproximadamente 10% em relação à proposta original de R$ 7,70 por ação. Inicialmente, tanto a Glass Lewis quanto a ISS recomendavam que os acionistas votassem contra a proposta de fechamento de capital.

A Glass Lewis reiterou sua recomendação de rejeitar o acordo, afirmando que os termos revisados ​​não justificavam a proposta, especialmente com a queda do preço das ações. A oferta ainda não “representa claramente um resultado convincente para os investidores minoritários”.

A oferta do Carrefour pelo Atacadão em fevereiro ocorreu em um momento em que as ações da subsidiária brasileira eram negociadas perto das mínimas históricas. As ações se recuperaram com o potencial negócio, atingindo R$ 8,66 na quinta-feira.

O impulso para o Carrefour adquirir o Atacadão surgiu no final do ano passado, quando foi noticiado que a empresa estaria nos estágios iniciais de estudo de maneiras para aumentar seu valuation, mais de três anos após a canadense Alimentation Couche-Tard ter abandonado as negociações de fusão com a empresa.

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Alguns acionistas também se opuseram ao acordo com o Atacadão. A oferta levantada foi “inadequada e resultado de um processo de transação injusto para os interesses dos acionistas minoritários”, afirmou a British Columbia Investment Management em carta a clientes.

“Não há necessidade imediata de uma transação de venda e, na ausência de uma proposta que ofereça uma contrapartida adequada, os acionistas estarão melhor mantendo suas ações do Atacadão e permitindo que elas se valorizem ao longo dos próximos anos,” afirmou a BCI na carta.

A recente rotatividade de acionistas pode impactar a votação.

A Península Participações — family office do clã Diniz e segunda maior acionista da Atacadão — anunciou em 14 de abril a venda de quase 5% de sua participação na Atacadão.

A última movimentação da Península aumentou o free float da empresa para 686.507.579 ações, permitindo que outros acionistas votem na assembleia de 25 de abril, disse o Carrefour em um comunicado. Para aprovar ou barrar o acordo, os acionistas precisam de pelo menos metade do free float da empresa.

Dois dias depois, o fundo soberano de Singapura vendeu sua participação de 2,4% em uma negociação em bloco, informaram veículos de notícias locais.

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