Conheça 10 empresas para ficar de olho em 2025

Em cenário de aumento de juros e pressão financeira, especialistas consultados pela Bloomberg Línea apontam empresas que devem se destacar com planos de expansão, busca por sinergias ou desafios

Estande do Banco do Brasil no Web Summit Rio 2024 (Foto: Gil Dutra/Divulgação/Web Summit)
27 de Dezembro, 2024 | 05:15 AM

Bloomberg Línea — O ano de 2025 começará nos próximos dias sob o sentimento de incertezas e de cautela na economia brasileira, com juros em trajetória de alta, que pressionam as finanças das empresas.

No cenário externo, as atenções estarão voltadas para o segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca e sua agenda de impor - ou ameaçar impor - tarifas comerciais mais elevadas para defender os interesses da maior economia do mundo.

PUBLICIDADE

Medidas protecionistas dos Estados Unidos podem gerar efeitos em cascata no comércio global, com a reação em especial de China e União Europeia. O aumento potencial de tarifas pode encarecer os produtos importados e afetar empresas brasileiras que dependem de tais insumos.

Leia mais: Vantagem dos EUA sobre o mundo vai se ampliar, diz head de estratégia do J.P. Morgan

No Brasil, Gabriel Galípolo estreia no comando do Banco Central, depois de seis anos de liderança de Roberto Campos Neto, com o desafio de reancorar as expectativas para garantir a estabilidade monetária após um quarto trimestre de alta dos juros e de contínua desvalorização do real frente ao dólar. Investidores e empresários vão observar o grau de independência na prática do novo presidente do BC.

PUBLICIDADE

Nesse contexto de riscos e incertezas, a equipe editorial da Bloomberg Línea ouviu participantes do mercado, como empresários, executivos e consultores, e analisou relatórios de bancos e corretoras para elaborar a lista de 10 empresas que merecem entrar no radar de investidores no ano que começará.

A seleção não é um ranking com critérios objetivos como projeções de faturamento, geração de caixa ou outros indicadores financeiros, mas, sim, uma relação de companhias com potencial de destaque - positivo ou negativo - em suas respectivas áreas de atuação nos próximos trimestres.

1. Banco do Brasil

O maior banco estatal voltado para o varejo, liderado por Tarciana Medeiros, representa um dos casos que serão observados mais de perto por investidores e analistas em 2025. Por um lado, a deterioração de indicadores de inadimplência do agronegócio, segmento que sofreu com a queda de commodities, segue como um dos principais pontos de atenção do Banco do Brasil (BBAS3). O resultado do quarto trimestre de 2024, a ser divulgado em fevereiro, deve ainda apontar uma piora na qualidade da carteira de crédito rural, segundo analistas, e melhorias só devem vir no segundo semestre de 2025. Por outro lado, há áreas do banco com perspectiva mais positiva. É o caso da Brasilprev, empresa de previdência privada controlada pelo BB, que espera expandir sua base de clientes com iniciativas como a venda de planos via WhatsApp. Estratégias comerciais mais agressivas em parceria com a Cielo também devem gerar mais resultados.

PUBLICIDADE

2. Nubank

Um crescimento significativo de dois dígitos nos resultados financeiros é a expectativa consensual para o banco digital liderado por David Vélez, Cristina Junqueira e Lívia Chanes, que acumula recomendações de compra para sua ação (NU), listada na Bolsa de Nova York. É o caso do Goldman Sachs, que projeta aumento de 29% do lucro (US$ 2,9 bilhões) em 2025. A expansão internacional também está no radar após o recente aporte no banco digital Tyme Group, com foco em mercados emergentes e presente na África do Sul e nas Filipinas - e isso sem contar o avanço orgânico no México e na Colômbia. O banco digital, o mais valioso player financeiro do Brasil, também deve acelerar as apostas para reforçar o ecossistema de serviços, a exemplo do NuCel, seu plano de celular, e na disputa por contas PJ e no segmento de alta renda.

3. Azzas 2154

A house of brands (AZZA3) idealizada e liderada por Alexandre Birman deve começar a apresentar resultados em um novo patamar de receitas, como reflexo de sinergias capturadas da fusão entre Arezzo e Grupo Soma. O avanço da internacionalização de marcas como a Farm é um dos desafios diante um cenário de juros e dólar elevados, segundo analistas. A recuperação das vendas da Schutz, após remodelação, também é aguardada. Por outro lado, investidores vão acompanhar novos passos do processo de otimização do portfólio, que foi reduzido para 30 marcas após a descontinuidade da Alme, Dzarm, Reversa e Simples. Segundo a companhia, também está em fase de estudos alternativas para as marcas BAW, Paris-Texas e TROC. Para analistas do BTG Pactual, ainda é momento de “aguardar para ver” dada a complexidade da integração.

4. iFood

O iFood tem acelerado a estratégia de diversificação e de aumento da rentabilização em cima de uma base com 80 milhões de clientes no mercado brasileiro - com uso crescente de IA e a liderança de Diego Barreto. Apostou, entre outras iniciativas, em salões de restaurantes parceiros, com totens para que os consumidores possam fazer os pedidos com mais agilidade, e reforçou o iFood Pago, que procura posicioná-lo como o banco dos restaurantes, com a estruturação de uma esteira de crédito. As novas frentes reforçam a tese de um ecossistema de negócios, conectado aos mercados de delivery de alimentos e outros produtos. A integração aguardada para o segundo semestre com a Decolar, recém-adquirida pela Prosus, sua holding controladora, vai possibilitar a oferta de pacotes de viagens para essa base, o que reforçará o cross-sell.

PUBLICIDADE

5. Mobly

Após a fusão com a endividada Tok&Stok, a companhia (MBLY3) estará sob olhar atento de investidores para que comece a entregar as sinergias prometidas, da ordem de R$ 80 milhões a R$ 135 milhões ao ano no Ebitda em cima de integrações em frentes como verticalização, logística e cadeia de fornecedores. O maior player de móveis do mercado brasileiro começará a apresentar uma estratégia de marketing e de atendimento de um público que vai das classes A/B, com a Tok&Stok, à C, com a Mobly. A demanda por programas de moradia como o Minha Casa, Minha Vida melhora a perspectiva para as vendas de móveis de entrada, mas a inflação, o aperto monetário e a consequente desaceleração econômica serão um desafio.

6. Cantu

A Cantu Inc, fundada e liderada pelo empresário Humberto Cantu, opera o maior marketplace de pneus do país, com presença no exterior. E tem reforçado o modelo de negócios e segue à espera de uma janela para buscar executar um já manifestado plano de abertura de capital - conta como investidor o fundo de private equity L Catterton, da família de Bernard Arnault, da LVMH. Em 2024, depois de levantar R$ 650 milhões com nova emissão de debêntures, a empresa adquiriu a Drivesul Participações, dona da concorrente GP Pneus. O movimento marcou a entrada da Cantu no varejo físico, com uma rede de 117 lojas com a oferta de serviços automotivos, como geometria, balanceamento, manutenção de freios e suspensão.

7. PRIO

Junior company de petróleo, ou operadora independente, a PRIO (PRIO3) tem conseguido atender às expectativas de investidores de maneira recorrente. Segundo analistas, a companhia demonstra capacidade de execução de projetos, mesmo diante de oscilações do preço do barril e da instabilidade da oferta de ativos no mercado brasileiro – ainda dominado pela Petrobras. A visão consensual é que a PRIO, que tem Nelson Tanure como um de seus principais acionistas e seu filho Nelson Queiroz Tanure no comando do conselho, consegue aliar crescimento da produção e alto retorno. A aquisição recente do campo Peregrino e o início da operação de Wahoo, previsto para o final de 2025, devem contribuir para sua expansão.

8. Equatorial

Com ampla atuação de destaque no setor de energia elétrica, a Equatorial ganhou os holofotes em 2024 ao se tornar acionista de referência da Sabesp, no mais aguardado leilão de privatização do ano. A conquista de uma fatia de 15% na empresa é considerada a principal aposta para crescer no setor de saneamento, sob a liderança de Carlos Augusto Piani, um dos executivos mais influentes e bem-sucedidos do país. Anteriormente, a Equatorial tinha uma concessão de água e esgoto no Amapá. Para analistas, o movimento da empresa deve trazer não só receita adicional mas também expertise em um dos setores mais promissores no Brasil, diante do plano nacional para atingir a universalização do saneamento até 2033.

9. JSL

A JSL, do grupo Simpar, é uma das maiores transportadoras do país no modal rodoviário e tem conseguido se destacar no segmento de transporte - no terceiro trimestre, acumulou R$ 4,5 bilhões em novos contratos. Trabalha com grandes clientes de diversos setores, de montadoras a papel e celulose. Apesar do cenário de juros elevados, analistas veem uma operação mais sólida para a JSL, com crescimento sem comprometer as margens. A empresa tem diversificado as operações para reduzir a exposição às intempéries do mercado, com aposta em armazenagem e distribuição, em alta devido ao avanço do e-commerce.

10. JHSF

Com modelo que aposta na resiliência do público de alta renda tanto para incorporação como para consumo, a companhia (JHSF3) avança no desenvolvimento de novos empreendimentos e tem feito ampliações estratégicas. As principais linhas de negócios - shoppings, locação, aeroporto e hotéis - estão com projetos em expansão. Dois dos destaques aguardados para 2025 são o Fasano Club e o São Paulo Surf Club, ambos na capital paulista e que representam o avanço do grupo no concorrido mercado de clubes para a alta renda. Em outra frente, a Aeroporto Catarina, no interior paulista, tem apresentado crescimento “impressionante”, segundo recente relatório do Santander, que projeta continuidade do crescimento nas vendas imobiliárias, expansão da divisão de hospitality e melhoria nos resultados da divisão de gastronomia.

Leia também

De agentes de IA à ‘creator economy’: líderes em LatAm apontam tendências em 2025

Conheça 10 empresas para ficar de olho no segundo semestre de 2024

Conheça 10 empresas para ficar de olho em 2024

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.

Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.

Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark