Compra com cartão de crédito bate recorde e ajuda a manter economia aquecida nos EUA

Americanos têm feito mais pagamentos por viagens, shows e restaurantes no cartão, elevando o saldo dos cartões ao maior volume já registrado; endividamento, porém, é preocupação

Sinais de cartão de crédito em loja nos EUA
Por Paulina Cachero
24 de Dezembro, 2023 | 07:45 AM

Bloomberg — Os consumidores continuaram a gastar em 2023, impulsionando a economia dos Estados Unidos com viagens, ingressos para shows da Taylor Swift e refeições caras em restaurantes. No entanto, grande parte disso foi financiada com dívidas.

Os saldos dos cartões de crédito aumentaram cerca de 4,7% para US$ 48 bilhões apenas no terceiro trimestre, elevando o total para US$ 1,08 trilhão, de acordo com a regional de Nova York do Federal Reserve.

É o maior volume total da série histórica que tem início em 2003, e isso foi antes do início efetivo da temporada de compras de Natal. Para os consumidores, as contas se acumulam em um momento em que a taxa média de juros anual disparou para mais de 20%, a mais alta já registrada.

A saúde financeira do consumidor dos EUA será observada de perto à medida que o Federal Reserve avalia a possibilidade de fazer cortes nas taxas de juros em 2024. Com a recuperação do mercado de ações em 2023 e os salários mais altos para muitos americanos, há muitos dados indicando que a economia está forte.

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Ao mesmo tempo, estima-se que 40% dos americanos esgotaram suas economias extras acumuladas durante a pandemia para poder arcar com contas mais elevadas.

Na rede social TikTok, vídeos têm atraído a atenção dos usuários detalhando uma chamada “recessão silenciosa” à medida que milhões de pessoas enfrentam dificuldades para acompanhar as contas de empréstimos estudantis, pagamentos de carros, custos mais altos de moradia e contas elevadas de supermercado.

Isso preocupa os especialistas, pois muitos consumidores recorrem cada vez mais a cartões de crédito e outras formas de endividamento para cobrir despesas cotidianas.

“Os consumidores têm contado com suas linhas de crédito disponíveis para necessidades básicas - coisas que esperamos que os consumidores possam pagar com o dinheiro que têm em mãos”, disse Bruce McClary, porta-voz da National Foundation for Credit Counseling. “Mas eles estão ficando sem espaço.”

Uma área específica de preocupação é a crescente popularidade dos serviços “compre agora, pague depois” (uma espécie de compra parcelada), que geralmente permitem que os consumidores paguem por compras em quatro parcelas, muitas vezes sem taxa de juros, a menos que uma parcela seja perdida.

A dívida não é relatada às agências de crédito, o que significa que ninguém sabe ao certo quanto existe.

A Adobe Analytics informou que os consumidores usaram US$ 67 bilhões em empréstimos parcelados este ano até a Cyber Monday, um aumento de 16% em comparação com 2022. Enquanto isso, o Wells Fargo estimou que os consumidores gastaram cerca de US$ 46 bilhões usando esses produtos este ano.

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As taxas de inadimplência nos cartões de crédito estão apenas ligeiramente acima dos níveis pré-pandemia. No entanto, os economistas alertam que as perspectivas para a dívida do consumidor começam a ficar nebulosas.

Alguns bancos reduzem os limites de crédito e fechando linhas de crédito não utilizadas, uma indicação de que a dívida do consumidor não desempenhará o papel de “locomotiva” que desempenhou no impulso dos gastos em 2024, de acordo com Tim Quinlan, economista sênior do banco Wells Fargo.

“Não são apenas os cartões de crédito as formas como os consumidores estão acumulando dívidas. Gá empréstimos estudantis, empréstimos para carros. Se você olhar para o quanto os custos de juros estão consumindo os salários, é tão grande quanto foi em 2008″, disse Quinlan. “Isso é preocupante.”

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