Bloomberg — A situação das companhias aéreas no mundo pode demorar para melhorar, fazendo com que os passageiros continuem a lidar com atrasos ou cancelamentos de voos nos próximos anos, já que os desafios de pessoal continuam a afetar o setor, segundo uma pesquisa.
Cerca de 55% dos 150 executivos sênior de companhias aéreas e aeroportos pesquisados pela empresa de software de viagens Amadeus esperam que as interrupções permaneçam elevadas nos próximos anos, enquanto apenas 37% veem um retorno aos níveis pré-covid, segundo a pesquisa.
A rotatividade de funcionários foi exacerbada pelos grandes cortes de empregos durante a pandemia, o que levou a uma escassez de trabalhadores experientes à medida que as viagens se recuperavam rapidamente.
Durante a alta temporada de 2022 e 2023, as companhias aéreas foram obrigadas a reduzir horários, enquanto os aeroportos limitaram voos para lidar com o aumento da demanda.
“Perdemos a expertise, as pessoas que sabiam exatamente o que fazer porque já viram esse cenário antes”, disse Guy Kavanagh, chefe de operações de voo da Amadeus. “A demanda está de volta, mas a capacidade não é a mesma, então esperamos um aumento nas interrupções e isso provavelmente continuará acontecendo.”
A falta de pessoal é vista em todo o ecossistema da aviação, desde serviços de manuseio em solo até tripulações de voo.
A rotatividade de funcionários pós-pandemia é muito maior e a indústria é menos atrativa para os jovens que estão em começo de carreiras, segundo Christos Pantazis, diretor de operações em solo da Goldair Handling.
Voos nos principais aeroportos da Alemanha foram interrompidos por um dia na semana retrasada, depois que os funcionários de segurança abandonaram seus postos de trabalho devido a questões salariais e de condições de trabalho.
As companhias aéreas enfrentam contas caras por serviços interrompidos. Passageiros cujos voos começam ou terminam na União Europeia têm direito a compensação de 250 a 600 euros em caso de atrasos, cancelamentos ou recusa de embarque, de acordo com as regras denominadas EU261.
A companhia aérea escandinava SAS estima que as interrupções sejam responsáveis por 8-10% de seus custos, segundo Michael Lindborg, vice-presidente de soluções para companhias aéreas da empresa.
“Se quisermos minimizar as interrupções para os clientes, podemos fazer isso, mas essa solução pode resultar em um aumento significativo de custos ou em uma utilização deficiente da frota”, afirmou. “Precisamos ser capazes de entender rapidamente todas as implicações de novos planos em termos de atrasos, custos e compensações.”
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