Como o JPMorgan obteve lucro recorde com impulso dos juros mais altos

Resultado divulgado nesta sexta mostra resiliência dos negócios do maior banco americano e dependência menor da atividade do mercado de capitais

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Bloomberg — O aumento das taxas de juros, que pegou muitos bancos dos Estados Unidos desprevenidos, tem se mostrado uma bênção para os maiores do país, com o JPMorgan Chase (JPM) com um lucro recorde e alguns de seus principais rivais sinalizando ganhos de empréstimos mais fortes do que o esperado.

Com os clientes tomando mais empréstimos e suportando taxas mais altas para fazê-lo, o JPMorgan e o Wells Fargo (WFC) elevaram as previsões de receita com empréstimos ao divulgar os resultados do segundo trimestre nesta sexta-feira pela manhã (14).

O Citigroup (C) revelou um salto surpreendentemente forte na receita com cartões de crédito. Tudo isso acompanhado de novos dados econômicos que mostraram que o sentimento do consumidor tem melhorado à medida que a inflação diminui.

O pontapé inicial para os ganhos dos bancos dos EUA destacou o desempenho divergente neste ano, com o maior player do país atraindo novos clientes, fazendo empréstimos e - no caso específico do JPMorgan - pegando o quase quebrado First Republic Bank para conseguir mais um impulso em seus resultados.

Os executivos do JPMorgan passaram a manhã descrevendo uma espécie de ponto ideal para os empréstimos, com o aumento da receita superando o impacto da deterioração dos empréstimos a clientes que não conseguem mais honrar os pagamentos.

“A economia dos EUA continua resiliente”, disse o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon. “Quase todas as nossas linhas de negócios tiveram crescimento contínuo no trimestre.”

As ações do JPMorgan chegaram a subir mais de 1% pela manhã - avançava 0,3% perto das 13h30 (de Brasília). O Wells Fargo pouco se alterou, enquanto o Citigroup caiu 1,5%.

No JPMorgan, o lucro líquido saltou 67%, para US$ 14,5 bilhões, ajudado por um ganho de US$ 2,7 bilhões com a aquisição do First Republic. O retorno sobre o patrimônio líquido subiu para 20%.

O banco previu que a receita líquida de juros aumentará cerca de 30% neste ano, após prever anteriormente 26%. O Wells Fargo disse que espera um aumento de 14%, acima dos 10%.

Isso contrasta com a situação de empresas mais dependentes da atividade de trading, que passam por uma crise. Analistas preveem que o Goldman Sachs (GS), por exemplo, pode reportar suas taxas de lucratividade mais baixas em quase meia década sob o comando do CEO David Solomon.

Em todo o país, o primeiro semestre foi marcado por turbulências entre os bancos de pequeno e médio porte, já que o aumento das taxas de juros corroeu o valor dos ativos em seus balanços. Isso levou clientes corporativos e clientes ricos a transferir depósitos para bancos considerados mais fortes.

Apesar das preocupações com uma possível desaceleração econômica nos EUA durante a preparação para os resultados desta sexta, o termo soft landing foi frequentemente repetido nas reações de economistas e analistas.

“Muitas coisas simplesmente não aconteceram”, disse Mohamed El-Erian, principal consultor econômico da Allianz SE e colunista da Bloomberg Opinion, em entrevista na Bloomberg Television.

“Tudo nesta semana”, incluindo o relatório do índice de preços ao consumidor em junho, apontou para um soft landing, disse ele.

Um sinal de problema veio do Wells Fargo, que divulgou uma provisão de US$ 1,7 bilhão para perdas com empréstimos, mais do que os analistas esperavam. Isso incluiu um acúmulo de reservas vinculado a empréstimos para prédios de escritórios.

O diretor financeiro do banco, Michael Santomassimo, disse que ainda é muito cedo para enxergar todos os efeitos das perdas imobiliárias comerciais.

“Esperamos que haja mais fraqueza no mercado e vai demorar um pouco para acontecer”, disse ele. “Vai demorar um pouco até vermos o fim disso.”

- Com a colaboração de Jenny Surane.

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