Como a Prosus saiu do vermelho para um lucro de US$ 60 milhões no semestre

Grupo que investe em empresas de tecnologia vendeu mais de US$ 2 bilhões em ativos no semestre encerrado em setembro; o CIO, Ervin Tu, disse que reforçará investimentos em IA

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Bloomberg — A gigante de investimentos em tecnologia Prosus registrou lucro no primeiro semestre, após ter vendido participações em negócios online na China e na África do Sul.

O lucro ajustado do grupo antes de juros e impostos totalizou US$ 60 milhões nos seis meses até o final de setembro, em comparação com um prejuízo no ano anterior, informou a empresa sediada em Amsterdã em um comunicado nesta segunda-feira (2).

O grupo liderado desde o meio do ano pelo brasileiro Fabricio Bloisi, ex-CEO do iFood, vendeu mais de US$ 2 bilhões em ativos durante o período, incluindo a saída da Trip.com na China.

“Temos cerca de US$ 10 bilhões disponíveis para serem aplicados”, disse o presidente e diretor de investimentos (CIO) da Prosus, Ervin Tu, em uma entrevista à Bloomberg News.

A Prosus tem dedicado muito tempo para a avaliação de investimentos em áreas em que já está ativa, o que inclui mercados, delivery de alimentos e fintech, “e a IA é um importante apoiador de tudo isso”, acrescentou o executivo.

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A empresa de tecnologia listada na Euronext investirá em IA em todos os seus negócios, mas considerará passar "cheques maiores" para empresas que operam em seu ecossistema, disse Tu. A Índia é um dos mercados de crescimento mais atraentes, acrescentou.

A Prosus foi desmembrada da Naspers, com sede na Cidade do Cabo, e listada em Amsterdã há cerca de cinco anos.

Por meio da Naspers, a empresa fez um investimento de grande sucesso na chinesa Tencent em 2001, quando pagou US$ 34 milhões por uma participação de 50%.

Hoje, ela possui cerca de um quarto da empresa, que tem um valor de mercado de cerca de US$ 480 bilhões. O investimento do grupo na gigante chinesa de tecnologia distorceu o preço das ações da Prosus e criou uma lacuna entre o valor da participação e o restante dos negócios do grupo.

A equipe da Prosus investiu em empresas de tecnologia de mercados emergentes em busca da próxima Tencent. Recentemente, ela vendeu participações em várias dessas apostas no comércio eletrônico.

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Além da Trip.com, o grupo vendeu a varejista de moda online sul-africana Superbalist e concordou em negociar sua empresa romena de entrega de alimentos Tazz.

Em novembro, a Prosus vendeu ações no valor de mais de US$ 500 milhões na oferta pública inicial da empresa indiana de entrega de alimentos Swiggy.

Durante o período, a receita do grupo aumentou 26% e o Ebitda ajustado para seu portfólio de comércio eletrônico aumentou cinco vezes, e chegou a US$ 181 milhões.

Um programa de recompra de ações em andamento adicionou US$ 36 bilhões desde seu início, disse a empresa no comunicado.

“Esperamos US$ 6,2 bilhões em receitas para o ano inteiro, e queremos continuar a crescer acima de 20% em uma base orgânica”, disse o diretor financeiro interino Nico Marais em entrevista.

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O diretor executivo da Naspers na África do Sul, Phuti Mahanyele-Dabengwa, também foi nomeado para fazer parte dos conselhos da Prosus e da Naspers como diretor executivo.

As ações da Prosus tiveram pouca alteração em Amsterdã nesta manhã de segunda-feira. Enquanto isso, as ações da Naspers subiam 2,1% às 10h59 em Joanesburgo.

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