Como a IA vai mudar o setor de software, segundo o head de equity do Goldman

Para Luke Barrs, diretor executivo do Goldman Sachs, a IA generativa deve ser monetizada, e não disponibilizada para todos livremente

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Bloomberg Línea — As ações da Nvidia (NVDA) subiram mais de 200% neste ano, com os investidores de olho no potencial da Inteligência Artificial (IA). A empresa foi uma das principais selecionadas por traders conforme o mundo testemunha o avanço da IA generativa, a mesma tecnologia por trás do ChatGPT, e seu impacto em vários setores.

Para Luke Barrs, diretor executivo na área de Equity da Goldman Sachs Asset Management, a inteligência artificial generativa tem potencial para revolucionar o negócio das empresas de software de forma semelhante ao impacto provocado pela internet. Em entrevista à Bloomberg Línea, Barrs disse que a nova tecnologia terá consequências “muito significativas”.

“Talvez seja a maior transformação tecnológica desde o surgimento da internet”, disse. Ainda que o potencial de inovação seja grande, ele também reconheceu que a tecnologia ainda está em estágios iniciais, com muita ambiguidade em relação às suas aplicações e consequências.

Quando questionado sobre as áreas em que a IA generativa provavelmente terá o efeito mais significativo, Barrs destacou o mercado de software, especialmente as tecnologias usadas no ambiente de trabalho.

Para ele, as grandes provedoras de soluções de software, como a Microsoft (MSFT), podem aproveitar as capacidades de IA para tornar suas ofertas mais premium e aumentar a produtividade para seus clientes. A Microsoft é uma das principais investidoras da OpenAI, empresa que desenvolveu o ChatGPT.

Barrs enfatizou a importância de posicionar a IA como um produto premium, explicando que os principais provedores de software têm sido claros em suas expectativas de que a IA é um “ativo valioso que deve ser monetizado, em vez de estar livremente disponível para todos”.

Essa abordagem garante que as capacidades permaneçam competitivas e apoiem o crescimento sustentável.

“Quando se trata de investir em tecnologia, é importante considerar a mudança no cenário causada pelas altas taxas de juros. O surgimento da IA tem afetado positivamente empresas como a Nvidia, mudando a perspectiva dos investidores sobre o setor de tecnologia. Isso pode ter ajudado a melhorar o sentimento geral em relação à indústria de tecnologia, que enfrentou desafios no ano anterior”, disse.

Sobre a regulação da IA, Barrs mencionou que é um fator importante a ser considerado, mas disse acreditar que, com uma abordagem adequada e pensada, a disrupção pode ser administrada.

Índia, o escolhido dos emergentes

Barrs demonstrou interesse na Índia e destacou o forte potencial de crescimento do país, citando as reformas estruturais e a diversificação das cadeias de suprimentos.

Ele acredita que a Índia pode se tornar um motor significativo de crescimento na economia global, com amplas oportunidades para investidores em diversos setores, incluindo tecnologia e bens de consumo.

Enquanto reconheceu os desafios geopolíticos, Barrs enfatizou que ser seletivo e focar em negócios subvalorizados podem apresentar oportunidades significativas para os investidores.

O México também pode se beneficiar do redirecionamento das cadeias de suprimentos e da indústria automotiva com o movimento conhecido como nearshoring. Essas oportunidades de investimento podem ser mais atraentes em comparação com outras regiões desenvolvidas, segundo Barrs.

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