Como a fusão de Honda e Nissan pode ser fundamental na disputa com a BYD

As vendas combinadas das duas marcas japonesas podem ultrapassar a chinesa BYD, segundo dados de vendas divulgados nesta quarta (25)

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Bloomberg — A fusão entre a Honda e a Nissan poderia dar às duas marcas japonesas em dificuldades a escala necessária para enfrentar a chinesa BYD, segundo dados de vendas divulgados na quarta-feira (25).

A Honda, que no início desta semana esboçou planos para um acordo que equivale a uma aquisição da Nissan, vendeu 3,43 milhões de carros globalmente nos primeiros 11 meses de 2024. A Nissan disse que vendeu pouco mais de 3 milhões.

A BYD vendeu 3,76 milhões de veículos no mesmo período - uma clara ilustração de como a Nissan e a Honda são mais fracas sozinhas, mas, juntas, podem ter uma chance de enfrentar a maior montadora da China.

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A Honda e a Nissan têm demonstrado problemas para competir com as montadoras domésticas em ascensão na China, que ultrapassou o Japão como o maior exportador de automóveis do mundo no ano passado e deve avançar ainda mais em 2025.

A dupla teve que reduzir a equipe e a produção na China, enquanto a Mitsubishi, que também pode participar da combinação Honda-Nissan, praticamente se retirou do maior mercado de automóveis do mundo.

As vendas da Honda na China caíram 28% em novembro em comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto a produção caiu 38% em relação ao ano anterior.

Qualquer gasto que a Honda precise fazer para recuperar o atraso pode ser afetado por sua recompra de ações de ¥ 1,1 trilhão (US$ 7 bilhões), disse a S&P Global, em um relatório.

“As recompras de ações em grande escala não contribuem para o fortalecimento da futura base de negócios e resultam em saídas de capital”, observou a empresa de classificação.

A Honda anunciou a recompra na segunda-feira. O limite máximo é de 24% das ações emitidas. As ações da Honda fecharam em alta de 0,8% na quarta-feira.

As vendas da Nissan na China caíram 15,1% em novembro, enquanto a produção local recuou 26%.

Globalmente, as vendas da Honda no mês passado caíram 6,7%, para 324.504 unidades, enquanto a produção caiu 20,4%. As vendas mundiais da Nissan caíram 1,3% em relação ao ano anterior em novembro, para 278.763 veículos, enquanto a produção sofreu um impacto maior, de 14,3%.

Juntas, a Honda e a Nissan também representariam uma ameaça maior para a Toyota, que é a maior montadora do mundo, seguida pela Volkswagen AG da Alemanha. Suas vendas globais ficaram perto da estabilidade em novembro, uma vez que a demanda fraca se uniu a uma pausa na produção em duas de suas fábricas.

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As vendas da Toyota - incluindo as das subsidiárias Daihatsu e Hino - totalizaram 984.348 unidades no mês passado, informou a montadora japonesa na quarta-feira, uma queda de 0,2% em relação a novembro de 2023. A produção caiu 9,4% em relação ao ano anterior, para 966.921 unidades.

O negócio da Toyota também vem sentindo a pressão dos veículos elétricos fabricados localmente na China, bem como a intensa concorrência de carros híbridos nos EUA.

Assim como a Honda e a Nissan, seu domínio sobre os mercados do sudeste asiático também vem sendo constantemente corroído pelos concorrentes chineses.

De modo mais amplo, a demanda global mais fraca por carros novos este ano foi agravada pelos cortes de produção na Toyota causados por investigações regulatórias e recalls no Japão e no exterior. Entre janeiro e novembro, a produção da Toyota caiu 7,3% no Japão e 15,2% na China, ressaltando novamente a crescente concorrência na maior economia da Ásia.

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Por outro lado, os investidores ignoraram a estagnação das vendas da Toyota depois de um relatório do Nikkei, segundo o qual a empresa planeja dobrar sua meta de rentabilidade para 20% - nos últimos anos, esse indicador variou de 9% a pouco menos de 16%, disse o Nikkei.

Nos últimos dois dias, as ações da Toyota subiram 11%. Um porta-voz disse em um comunicado que a Toyota “não tem uma meta ou prazo explícito” para o retorno sobre o patrimônio líquido.

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