Não só o maior: por que Jordan é o jogador de basquete mais rico da história

Venda de participação no Charlotte Hornets levou para US$ 3,5 bilhões o patrimônio do lendário astro do Chicago Bulls, valor calculado pela primeira vez pela Bloomberg

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Bloomberg — Michael Jordan é o maior jogador de basquete de todos os tempos. E o mais rico. A venda da participação do lendário jogador da NBA (National Basketball Association) no Charlotte Hornets, time da maior cidade do estado da Carolina do Norte, neste mês consolidou seu patrimônio líquido em cerca de US$ 3,5 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, que calcula sua fortuna pela primeira vez.

Jordan, que levou o Chicago Bulls a seis títulos da NBA e conquistou cinco prêmios de MVP, é um ícone cultural cuja imagem, desde sua silhueta em tênis até seu rosto sorridente em caixas de cereal Wheaties colecionáveis de US$ 100, é onipresente.

O jogador que está no hall da fama do basquete se tornou o segundo proprietário majoritário negro da liga em 2010, quando comprou uma participação majoritária nos Hornets, então chamados Bobcats. Mas foi um acordo de licenciamento com a Nike a década de 1980, quando Jordan ainda era relativamente desconhecido, que formou a base de sua fortuna revolucionária.

A venda da participação de Jordan nos Hornets segue um ano excepcional de transações de equipes esportivas e confirma o status da NBA como uma das ligas mais lucrativas do mundo.

Suas franquias têm valorizado nos últimos anos, à medida que bilionários usam suas vastas fortunas para se tornarem proprietários. Mat Ishbia, fundador da empresa de empréstimo hipotecário por atacado UWM Holdings, concordou em comprar mais de 50% do Phoenix Suns no ano passado em um acordo recorde que avaliou o clube em US$ 4 bilhões.

Jordan vendeu sua participação acionária nos Hornets para um grupo liderado por Gabe Plotkin, fundador da Melvin Capital Management, e Rick Schnall, co-presidente da empresa de private equity Clayton, Dubilier & Rice. Como parte do acordo de US$ 3 bilhões, Jordan mantém uma participação minoritária não divulgada, de acordo com a equipe. A estimativa da Bloomberg assume que ele vendeu uma participação de 65% na equipe e manteve uma fatia inferior a 5%.

“Chegou a hora certa para eu passar o comando”, disse Jordan, 60 anos, em uma carta aberta aos fãs dos Hornets em 3 de agosto. “Estou empolgado para ver o que o futuro reserva, e aguardo ansiosamente o apoio à equipe e à comunidade em meu novo papel nos próximos anos.”

Um porta-voz do escritório da família de Jordan se recusou a comentar sobre essa história.

Conselho da Mãe

Além dos Hornets, grande parte da riqueza de Jordan vem de sua linha de roupas Jordan Brand, extremamente bem-sucedida, na Nike, que foi tema do filme “Air”, dirigido por Ben Affleck neste ano e distribuído pela Amazon. Sua mãe, Deloris Jordan, teve papel fundamental na obtenção desse acordo, disse Jordan na série documental “The Last Dance”, que foi ao ar na ESPN e na Netflix.

“Minha mãe disse: ‘Você vai ouvir. Pode ser que você não goste, mas você vai ouvir’”, disse Jordan na série.

Em 1984, ele assinou um contrato de cinco anos com a Nike no valor de US$ 2,5 milhões. O primeiro modelo Air Jordan foi lançado logo em seguida. No ano passado, a Jordan Brand registrou US$ 5,1 bilhões em receita, representando quase 11% das vendas totais da Nike, de acordo com os registros da empresa.

Thilo Kunkel, diretor do Centro de Pesquisa da Indústria Esportiva da Universidade Temple, afirmou que há “especulações ferozes” sobre quanto Jordan ganhou com a Nike. Normalmente, esse tipo de acordo envolve royalties, além de pagamentos como bônus quando certos níveis de vendas são atingidos.

“Se fosse uma marca própria, teria um valor de mercado bastante decente, rivalizando com algumas das marcas como a Under Armour”, disse. “É quase como uma marca esportiva de luxo neste momento”.

O cálculo do índice da Bloomberg estima que ele tenha recebido 5% de royalties sobre as vendas do Air Jordan, bem como renda de contratos de patrocínio e seu salário na NBA. A Nike não respondeu aos pedidos de comentários sobre os ganhos de Jordan.

‘Como o Mike’

Nos últimos anos, outros atletas têm buscado acordos de longo prazo com linhas de roupas esportivas na esperança de serem “como o Mike”.

A Under Armour anunciou em março que fechou um acordo de longo prazo com a estrela da NBA Steph Curry para sua marca Curry, que inclui um pagamento em dinheiro anual, incentivos, royalties e ações.

E LeBron James acumulou uma fortuna de aproximadamente US$ 1,5 bilhão por meio de patrocínios, investimentos e seu próprio negócio de consumo e entretenimento, a SpringHill, de acordo com o índice.

Simeon Siegel, analista da BMO Capital Markets, disse que a marca Jordan “transcendeu” o jogador. Muitos de seus consumidores são jovens demais para sequer terem visto ele jogar basquete profissional.

“Jordan, como pessoa e como marca, ajudou a moldar a Nike, assim como a própria Nike o moldou.”

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