Bloomberg Línea — A região da Faria Lima segue altamente demandada para escritórios, em meio à oferta escassa de novos estoques. Para 2025, a perspectiva é novamente de poucas entregas, o que deve manter os preços do aluguel elevados por mais um ano, segundo a diretora de locações da consultoria global JLL, Yara Matsuyama.
Segundo levantamento da JLL, obtido em primeira mão pela Bloomberg Línea, a região do Itaim registrou o preço médio mais elevado da capital, de R$ 295/m², seguida da Nova Faria Lima (R$ 283/m²) e da Faria Lima (R$ 175/m²). Os preços abrangem principalmente escritórios com o mais elevado padrão.
A consultoria classifica “Nova Faria Lima” como a região da avenida com prédios mais jovens, mais próximo da Vila Olímpia.
“A vacância na Faria Lima segue muito baixa e a região vai continuar sendo demandada”, avaliou Matsuyama. No quarto trimestre, a Nova Faria Lima registrou uma taxa de vacância de apenas 6%. Um índice considerado ideal gira em torno de 15%, o que se traduz em espaço para negociações e mobilidade.
O preço médio do aluguel comercial pedido na cidade de São Paulo como um todo alcançou em 2024 o maior patamar da última década, acima de R$100 por metro quadrado.
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O estudo da JLL mostra que, diante da baixa vacância, as regiões primárias tradicionais tendem a ser mais favoráveis ao proprietário, enquanto localizações como Chácara Santo Antônio, Rebouças e Pinheiros tendem a favorecer os inquilinos.
Para este ano, estão previstas apenas duas entregas de prédios na Nova Faria Lima, mas somente para dezembro. “Vemos escassez de novos estoques na região”, disse Matsuyama.
Os empreendimentos são o Faria Lima II e Jerônimo. Já no Itaim há previsão de entrega do Citadel.
Não há previsão de novos empreendimentos para a região da Faria Lima neste ano, de acordo com o levantamento da JLL.
A especialista ressaltou que, desde 2022, tem ocorrido a intensificação do trabalho presencial nas empresas, o que deve se aprofundar em 2025. “Isso faz com que haja uma necessidade crescente por espaço.”
Por outro lado, ela observou que nem todas as empresas estão dispostas a ficar nas regiões mais caras da cidade. “Dependendo do aumento dos aluguéis, as empresas podem avaliar outras regiões.”
A executiva relatou que o preço pedido do metro quadrado na Nova Faria Lima pode chegar a R$ 330. “A região vem se mostrando resiliente desde a pandemia, mas um eventual aumento ainda maior dos aluguéis vai depender da velocidade da demanda do mercado”, afirmou.
Entre os destaques das movimentações de inquilinos na região em 2024 estão empresas como a Klabin, que se instalou no Faria Lima Plaza em uma área de 7.400 metros quadrados, e a Uber, que agora também está alocada no mesmo empreendimento em uma área de 4.200 metros quadrados.
Transações de compra e venda de destaque em 2024, de acordo com a JLL:
Rochaverá Corporate Towers - Torre C (Crystal Tower)
Comprador: Kinea Renda Imobiliária FII
Vendedor: Autonomy
Área transacionada: 30.438 m²
Valor total da transação: R$ 570,8 milhões
Valor por m² da transação: R$ 18.753
Continental Square Faria Lima
Comprador: Rio Bravo Renda Corporativa FII
Vendedor: RB Capital
Área transacionada: 477 m²
Valor total da transação: R$ 8 milhões
Valor por m² da transação: R$ 16.755
Faria Lima Plaza
Comprador: Capitânia Office FII
Vendedor: XP Properties FII
Área transacionada: 12.413 m²
Valor total da transação: R$ 373,1 milhões
Valor por m² da transação: R$ 30.063
Birmann 32
Comprador: BGR B32 FII
Vendedor: Birmann
Área transacionada: 6.896 m²
Valor total da transação: R$ 340 milhões
Valor por m² da transação: R$ 49.304
Escassez de terrenos
Matsuyama acrescentou que no mercado corporativo de alto padrão, que inclui regiões como Itaim, Faria Lima, JK, Avenida Paulista e Chucri Zaidan, os terrenos para construção de novos empreendimentos estão cada vez mais escassos. “A tendência é a de terrenos menores e, consequentemente, prédios menores.”
Já a tendência de reforma acontece à medida que os prédios mais antigos ficaM obsoletos. “Às vezes o caminho é adotar o retrofit, O que significa tornar o edifício comparável a um prédio novo”, disse.
De acordo com a JLL, o desempenho do mercado de escritórios tem sido variado em São Paulo, a depender da região. Para 2025, há a previsão de entrada de 307 mil metros quadrados de novos estoques, com uma grande concentração estimada para dezembro.
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Nesse cenário, a expectativa é a de um leve aumento na taxa de vacância e de absorção líquida positiva. Há também uma perspectiva de estabilização do preço pedido na cidade.
Matsuyama disse enxergar o crescimento dos chamados complexos mistos, ou seja, que combinam residencial e corporativo no mesmo empreendimento. “A Chucri Zaidan, por exemplo, era uma região que antes tinha basicamente prédios comerciais, com lajes grandes. Agora já vemos o residencial chegando por lá”, disse.
A especialista apontou ainda a região da Rebouças com crescimento dessa tendência. “A Rebouças, que é um eixo corporativo relativamente novo, também vem apresentando alguma oferta de residencial. Morar ao lado do trabalho tem sido uma tendência de forma geral”, afirmou.
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