Com Luciano Huck, Angélica e tech, Loft quer oferecer ‘Guia Michelin’ em imóveis

Empresa de soluções de tecnologia e financeiras quer atrair mais proprietários e aposta em modelo que amplia monetização e que lista ‘melhores imobiliárias’, conta o CEO Mate Pencz à Bloomberg Línea

Mate Pencz, cofundador e CEO da Loft, na convenção da empresa com imobiliárias na última terça-feira (8) em São Paulo (Foto: Divulgação)
09 de Abril, 2025 | 07:00 AM

Bloomberg Línea — Na jornada de aluguel, compra e venda de um imóvel, brasileiros saem em busca da casa ou do apartamento dos seus sonhos, ou daquele que cabe no bolso, em uma espécie de processo de garimpo.

Pesquisas em plataformas especializadas, busca por ruas e bairros, recomendações de amigos e familiares, auxílio de corretores e imobiliárias etc.: são diferentes os caminhos que podem levar ao próximo imóvel.

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Para a Loft, que atua com a oferta de soluções de tecnologia e financeiras para o mercado imobiliário, o último caminho citado - por meio de imobiliárias e corretores - tem potencial de se tornar mais relevante e eficiente para os consumidores.

Com essa visão e novos investimentos em tecnologia e marketing, a empresa quer oferecer o que descreve como um Guia Michelin de imobiliárias, em referência à icônica publicação francesa, de alcance global, que aponta os melhores restaurantes e bares com base em certos critérios.

Outras referências são o Yelp, plataforma americana de avaliação de restaurantes, lojas e serviços, e o Google Maps, com abrangência global em particular de bares e restaurantes.

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Para perseguir e poder alcançar esse objetivo, a Loft lança na próxima sexta-feira (11) uma campanha nacional em mídia em que busca atrair o proprietário de imóvel, em particular aquele que hoje está offline, sem recorrer a imobiliárias ou corretores para alugar ou vender.

“Vamos dar visibilidade, pela primeira vez, à capilaridade e à expertise das imobiliárias, e não só isso, mas também ao que chamamos de ‘selo de tecnologia Loft’, como um atestado de qualidade”, disse Mate Pencz, CEO e cofundador da Loft, em entrevista à Bloomberg Línea.

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O selo envolve a contratação de uma série de soluções de tecnologia oferecidas pela Loft, como simulador de financiamento com uso de IA (Inteligência Artificial) pelo WhatsApp, o que no fim do dia também deve gerar aumento das receitas da companhia nessa frente e de forma transversal, com mais contratos.

“Teremos um ranqueamento das melhores imobiliárias e corretoras por bairro, região e cidade para que as pessoas interessadas em um imóvel tenham uma referência sobre quem procurar e para que essas próprias empresas consigam saber como os clientes avaliam o seu trabalho”, afirmou.

Essa iniciativa terá a participação dos apresentadores e investidores Luciano Huck e Angélica, que se tornaram sócios e embaixadores da Loft há poucos meses, já com a campanha em mente.

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A apresentação da iniciativa se deu nesta terça-feira (8) na convenção nacional da Loft com cerca de 500 imobiliárias parceiras em um hotel na cidade de São Paulo (foto abaixo).

A ação, que incluirá aparições no programa Domingão com Huck, na TV Globo, nas tardes de domingo, além de plataformas digitais, representa a retomada de investimentos em mídia pela Loft e do foco também no consumidor final, para além de imobiliárias e corretores.

Os apresentadores e investidores Angélica e Luciano Huck na convenção da Loft com imobiliárias parcerias em São Paulo na terça-feira (8 de abril de 2025) (Foto: Divulgação)

Segundo ele, Luciano Huck e Angélica terão papel fundamental em dialogar com o proprietário de imóvel e mostrar que a assessoria especializada de um corretor ou uma imobiliária pode “resolver suas dores” na gestão do seu ativo.

Isso pode ser traduzido como ajuda na busca por interessados no imóvel e na negociação; e, posteriormente, na administração do imóvel com eventual inquilino, por exemplo.

O CEO da Loft citou que Luciano fala com mais de 30 milhões de pessoas só aos domingos, enquanto Angélica tem 17 milhões de seguidores em redes sociais. “Eles têm muito conhecimento sobre os diversos públicos que podem se beneficiar dessas soluções, sobretudo os proprietários.”

O apresentador e o cofundador já se conheciam e conversavam havia anos, mas o entendimento de que havia chegado a hora de uma parceria formal veio com a evolução das soluções e do alcance da Loft, que hoje conta com uma rede com cerca de 10 mil imobiliárias parceiras em cerca de mil cidades do país.

“Acredito que essas novas ferramentas, combinadas com o atendimento humanizado dos corretores, irão impulsionar muito o setor nos próximos anos”, disse Luciano Huck em nota.

“O projeto me atraiu por dois motivos: ser um mercado bastante democrático em termos etários, que contrata muitos profissionais com 50 anos ou mais, inclusive mulheres; e viabilizar a moradia para as pessoas, algo essencial na vida das famílias”, disse Angélica também em nota.

Pencz disse que o consumidor hoje em geral faz outro caminho ao buscar um imóvel: “ele encontra um que lhe interessou e daí acaba ‘caindo’ em uma imobiliária ou em um corretor sem ter referências, sem saber qual sua a especialidade e a sua autoridade etc.”.

Segundo o CEO da Loft, a estimativa é que hoje mais da metade dos imóveis alugados no país - cerca de 16 milhões - tenha sido acertado diretamente entre proprietário e inquilino. E metade do que é vendido.

O que pode representar economia com a intermediação, por um lado, também pode significar uma transação mais demorada e com menos eficiência do ponto de vista de maximizar o valor para as partes e também de riscos maiores de golpes, inadimplência e financeiros.

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Essa originação “amadora” é apontada como um dos motivos para que uma transação imobiliária no Brasil demore em média 16 meses, ante quatro meses nos EUA, por exemplo.

“Dado que o perfil desse proprietário de renda média é o de uma pessoa que tem o seu emprego e, portanto, não consegue se dedicar para administrar o imóvel de maneira profissional, entendemos que esse ativo que é o imóvel acaba sendo subutilizado e subotimizado”, defendeu o empreendedor.

Pencz fez uma analogia com a resistência ainda existente de investidores de varejo em contratar uma assessoria especializada para realizar a gestão de seus ativos e portfólio, diante de uma economia de custos ou da crença de que pode obter retornos atraentes por conta própria.

Praticamente desde a sua fundação por Pencz e Florian Hagenbuch em 2018, a Loft trabalha com o entendimento de que o mercado de imóveis no Brasil poderia ter um volume muito mais elevado de transações de aluguel e compra e venda se houvesse mais transparência de informações.

Muitas das soluções de tecnologia - como ferramentas de precificação de imóveis com uso de IA em uma base com mais de 10 milhões de anúncios e transações - buscam endereçar justamente essa necessidade.

“Houve muitos avanços, mas, do lado das imobiliárias, entendemos que a transparência pode avançar muito mais. O objetivo é oferecer uma ferramenta que permite que as imobiliárias possam se destacar e que esteja disponível ao cliente final e ao proprietário ‘na palma da mão’”, afirmou.

O “Guia Michelin” para tal mercado também terá o efeito esperado, segundo Pencz, de “subir a barra” de qualidade para imobiliárias de maneira geral, a partir de um efeito de rede.

“No fim do dia, quem vai tomar a decisão é o cliente, seja quem quer alugar ou comprar, seja o proprietário, mas cada vez mais em cima de informações sobre quem vai prestar o serviço”, disse o CEO da Loft.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.