Bloomberg — Um plano de dois dos maiores bancos do Brasil para privatizar a empresa de pagamentos Cielo (CIEL3) enfrenta resistência de acionistas minoritários que planejam negociar sua adesão por um preço mais alto, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.
O Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4), que controlam conjuntamente a Cielo, estão oferecendo R$ 5,35 por ação, um prêmio de 6% em relação ao preço de fechamento em 5 de fevereiro, o dia em que a oferta pública de aquisição (OPA) foi lançada.
Mas acionistas menores estão preparados para resistir até que a oferta seja elevada para acima de R$ 6 por ação, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque o assunto é privado.
Gestores de fundos brasileiros começaram a fazer ligações para alguns desses investidores para avaliar seu interesse em formar um comitê, disseram as pessoas.
A disputa ameaça colocar um obstáculo no plano dos dois bancos de assumir o controle total da Cielo e usá-lo para competir pelo negócio de pontos de venda. A Rede, a principal empresa do mercado em termos de volume de pagamentos processados, é de propriedade do rival Itaú Unibanco (ITUB4).
As ações da Cielo caíram 1,5% no último ano em comparação com um ganho de 16,7% para o índice Ibovespa, segundo dados compilados pela Bloomberg. A ação está 84% abaixo de sua máxima histórica de R$ 31,90, o que proporciona aos bancos uma abertura para a deslistagem da bolsa.
O novo CEO do Bradesco, Marcelo Noronha - ex-presidente da Cielo - quer que o acordo seja concluído em 150 dias e está disposto a negociar com acionistas minoritários, disse ele durante uma teleconferência de resultados na quarta-feira (7).
“É natural que eles questionem, mas acho que a maioria deles aceitará nossa proposta”, disse Noronha. “Sempre tivemos uma boa relação com acionistas minoritários e isso não será diferente.”
Para concluir a retirada da bolsa, o conselho de administração da Cielo precisa da aprovação de pelo menos dois terços dos acionistas. Nos termos previstos, a participação do Bradesco aumentaria para pouco mais de 50% em relação aos cerca de 30% atuais, e a do Banco do Brasil para 49,99% em relação aos cerca de 29% atualmente, segundo a Fitch Ratings.
Apesar do desacordo, alguns analistas esperam que o acordo acabe sendo aprovado.
“Pode haver alguma negociação sobre o preço com os acionistas minoritários”, escreveu o analista do Citigroup Gabriel Gusan em uma nota para clientes. “[Mas] não vemos espaço para uma mudança significativa em relação ao preço anunciado.”
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