CEO da Telecom Italia diz que redução da dívida vai permitir novos M&As

Pietro Labriola, disse a podcast da Bloomberg, que a companhia terá um papel ativo na consolidação do mercado após a venda da rede fixa por 22 bilhões de euros; Telecom Italia é a controladora da TIM Brasil

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Bloomberg — A Telecom Italia estará pronta para realizar novos negócios depois de concluir a venda de rede de telefonia fixa no valor de 22 bilhões de euros (US$ 23,8 bilhões), um movimento que visa reduzir bilhões de euros em dívidas do grupo de telecomunicações que, no Brasil, controla a operadora móvel TIM Brasil (TIMS3).

A redução do endividamento permitirá que a empresa “desempenhe um papel ativo no processo de consolidação do mercado italiano, que certamente ocorrerá nos próximos anos”, disse o CEO Pietro Labriola em uma entrevista para o podcast em italiano da Bloomberg, Quello Che i Soldi Non Dicono.

Labriola foi CEO da TIM Brasil antes de assumir o cargo na Telecom Italia em 2022. No país, ele liderou o processo de integração dos clientes e da operação móvel da Oi após a recuperação judicial da operadora móvel concorrente. O executivo foi reeleito pelo conselho este ano para um segundo mandato de três anos à frente do grupo italiano.

As ações da Telecom Italia subiram até 6,2% em Milão nesta segunda-feira (3), após a reportagem da Bloomberg, a maior alta em dois meses, dando à empresa um valor de mercado de cerca de 5,6 bilhões de euros.

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Após a conclusão do acordo, que fará com que a operadora venda sua rede de telefonia fixa para a empresa de private equity norte-americana KKR, a dívida da Telecom Italia deverá cair para cerca de 7,5 bilhões de euros no final de 2024, em comparação com o nível de 21,4 bilhões de euros do final de março.

Isso deve dar à empresa espaço de manobra em um mercado altamente competitivo que enfrenta uma nova onda de consolidação.

Mesmo após a recente decisão da Swisscom de comprar a Vodafone Italia por 8 bilhões de euros e combinar a operadora com seu próprio negócio Fastweb, a Telecom Italia ainda tem opções de fusão e aquisição.

A Itália ainda tem um dos setores de telecomunicações mais competitivos da Europa, em parte devido a uma guerra de preços iniciada pela operadora francesa de descontos Iliad, que entrou no país em 2018 oferecendo planos móveis de baixo custo.

No acordo de março, a Vodafone favoreceu a Swisscom em relação às propostas alternativas anteriores da Iliad, que disse repetidamente que está aberta a fusões e aquisições na Itália.

Embora a posição da Telecom Italia após a venda da operação fixa, a visão de Labriola para a empresa tornou imprescindível o afastamento da dependência da rede fixa, disse ele no podcast.

O negócio ressalta uma mudança drástica no cenário das telecomunicações. Durante décadas, as operadoras de telefonia não enfrentaram concorrência real, mas hoje elas precisam enfrentar rivais, inclusive players digitais globais, que operam sob regras e regulamentações completamente diferentes, disse Labriola.

Todas as principais operadoras de telefonia móvel da Itália têm sua própria infraestrutura, o que torna a concorrência ainda mais acirrada, disse Labriola, acrescentando que a última conta de espectro 5G do setor totalizou 6,5 bilhões de euros, uma das mais caras da Europa.

Além disso, as regulamentações italianas sobre limites eletromagnéticos estão entre as mais restritivas da Europa, o que, segundo o CEO, é um problema para todo o setor.

No dia 30 de maio, a Telecom Italia obteve a aprovação antecipada da União Europeia para o acordo de rede, com o órgão executivo do bloco liberando a mudança sem condições ou a necessidade de uma investigação aprofundada, depois que uma análise inicial não revelou preocupações com a concorrência.

Após a conclusão do acordo, a Telecom Italia planeja se concentrar em serviços empresariais mais lucrativos, como computação em nuvem e centros de dados, bem como em sua unidade brasileira — que já é a “vaca leiteira” do grupo.

-- Com informações adicionais da Bloomberg Línea sobre a relação da Telecom Italia e de Labriola com a TIM Brasil.

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