CEO da Stellantis diz que ‘não há tabu’ sobre o futuro de marcas do grupo

Carlos Tavares disse à Bloomberg Television que ‘decisões serão tomadas’ se o desempenho piorar - portfólio inclui Fiat, Peugeot, Jeep, Chrysler, Citröen, Maserati e outras

Carlos Tavares, CEO da Stellantis
Por Albertina Torsoli
25 de Julho, 2024 | 04:17 PM

Bloomberg — A Stellantis (STLA) levantou a possibilidade de se desfazer de uma ou mais das 14 marcas da gigante automotiva caso não permaneçam lucrativas, à medida que aumenta a pressão sobre o CEO Carlos Tavares após uma queda nos lucros do primeiro semestre.

Embora todas as marcas do grupo sejam ativos importantes e lucrativos, “não há absolutamente nenhum tabu” se o desempenho delas piorar, disse Tavares nesta quinta-feira (25).

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As marcas “estão aqui para ser aproveitadas”, disse o CEO em entrevista à Bloomberg Television. “Se não forem capazes de monetizar o valor que representam, então decisões serão tomadas.”

A fabricante dona das marcas Fiat, Jeep, Chrysler, Peugeot e Citröen informou um lucro líquido que quase caiu pela metade nos seis meses até junho, após uma queda nas vendas nos Estados Unidos e na Europa.

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Os resultados, que fizeram as ações recuarem até 13%, são divulgados após balanços decepcionantes nesta semana da Ford (F) e da Tesla (TSLA), que também levaram à queda de suas ações.

Mesmo a Renault, que informou a sua maior lucratividade de todos os tempos na quarta-feira (24), viu as ações caírem 10% depois que o sentimento de investidores piorou.

As montadoras enfrentam uma demanda enfraquecida, especialmente por carros elétricos, e uma concorrência intensificada na Ásia e na Europa por fabricantes chineses.

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Para a Stellantis, as dificuldades foram mais agudas nos EUA, onde a empresa tem visto altos níveis de estoque, uma série de saídas de executivos e problemas de qualidade que afetaram o lucro.

Para combater a queda, a fabricante já se move para se desfazer de ativos.

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Separadamente, na quinta-feira, a companhia anunciou a venda de uma participação majoritária na unidade de robótica Comau, desencadeando uma nova rodada de críticas entre os sindicatos na Itália, e disse que conduzirá uma revisão estratégica de suas operações no Reino Unido.

Com a queda de 18% nos embarques na América do Norte, a Stellantis decidiu apostar novamente em alguns modelos que havia retirado do mercado dos EUA, incluindo o Dodge Charger, para reconquistar alguns clientes, disse a diretora financeira Natalie Knight em uma entrevista a jornalistas.

Rodada de descontos

A montadora também deve reduzir preços, especialmente ao introduzir novos produtos, acrescentou Knight. A América do Norte, onde a Stellantis pretende reduzir a produção no terceiro trimestre, “é o mercado que precisa de mais trabalho e onde estamos mais concentrados”.

“Os problemas da Stellantis continuam”, escreveu um analista do Citi, Harald Hendrikse, em uma nota a clientes. “Não vemos uma melhoria real até e a menos que a Stellantis elimine o excesso de estoque - o que, por si só, colocaria pressão” nas margens.

Entre outros problemas está a marca Maserati, cujos embarques caíram mais da metade para 6.500 unidades nos primeiros seis meses do ano.

Ecoando comentários feitos na entrevista por Tavares, Knight sugeriu que a empresa pode reconsiderar qual seria “o melhor lar” para a marca, embora por enquanto o grupo permaneça focado em impulsionar melhorias.

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Os resultados aumentam a pressão sobre Tavares, o CEO mais bem pago entre as montadoras tradicionais, para reverter uma queda na participação de mercado em vários países.

Ele já reduziu extensivamente os custos, e a previsão é de atingir uma economia de mais 500 milhões de euros no segundo semestre. Alguns analistas começaram a apontar os limites de sua estratégia.

No geral, o lucro líquido da Stellantis caiu 48% para 5,6 bilhões de euros (US$ 6,1 bilhões) no primeiro semestre, aquém da estimativa média de 7 bilhões de euros em uma pesquisa da Bloomberg com analistas.

Os resultados podem reacender as críticas de acionistas e grupos consultivos que se opuseram ao pacote de pagamento de US$ 40 milhões de Tavares no ano passado, um aumento de 60% em relação aos níveis de 2022 que elevou sua remuneração acima de seus pares na indústria.

As ações estão apresentando desempenho inferior aos rivais europeus este ano

As margens diminuíram mais significativamente na América do Norte, o principal mercado da Stellantis, em meio a uma linha de modelos desfavorável e pressão sobre os preços, disse a empresa. A companhia já havia alertado sobre a redução da lucratividade em abril.

A montadora tem tomado “ações corretivas” para abordar os problemas, disse Tavares. A Stellantis reiterou que terá um total 20 novos lançamentos de veículos neste ano. A empresa também planeja reduzir ainda mais os custos trabalhistas e espera uma redução de 25% nas despesas logísticas na segunda metade do ano.

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