CEO da Stellantis alerta para ‘decisão impopular’ se marca chinesa operar na Itália

Carlos Tavares fez o comentário sobre a hipótese de presença de uma fabricante chinesa de veículos elétricos no país, com perda de fatia de mercado do grupo dono da Fiat

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Bloomberg — O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, advertiu que poderia ter que tomar “decisões impopulares” se um fabricante chinês de veículos elétricos começasse a operar na Itália.

Tal movimento ameaçaria a holding que é dona da Fiat e Alfa Romeo e resultaria em “consequências sociais significativas”, disse Tavares nesta quarta-feira (10), em Turim.

Se uma maior concorrência chinesa custasse à empresa participação de mercado, o fabricante poderia precisar de menos fábricas na Itália, disse o executivo.

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“Estamos prontos e vamos lutar, mas, quando há uma luta, você pode ter baixas”, disse Tavares a jornalistas. “Não espere sair da luta sem cicatrizes.”

O CEO está reformulando a presença industrial da Stellantis (STLA), incluindo reduções de custo rigorosas, em um momento em que governos europeus estão tentando proteger as indústrias locais ameaçadas pela transição para veículos elétricos.

Na Itália, a Stellantis tem enfrentado críticas pela decisão de transferir a produção para países de menor custo. Tavares se reuniu com sindicatos locais nesta quarta, antes de uma greve planejada para sexta-feira (12) em protesto pelos planos do fabricante de cortar milhares de empregos no país.

O governo italiano, por sua vez, tem discutido com outros fabricantes de automóveis, incluindo a Tesla (TSLA), sobre a produção no país, disse o ministro da Indústria, Adolfo Urso, em fevereiro.

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O governo italiano também entrou em contato com a BYD, da China, disse um funcionário da principal fabricante de veículos elétricos do país asiático no mesmo mês.

Tavares prometeu estender a produção de Fiat Panda no sul da Itália até 2030 e comprometeu-se a investir 100 milhões de euros (cerca de US$ 108 milhões) para desenvolver uma bateria mais acessível para o Fiat 500 elétrico. “Estamos aqui para ficar”, disse ele, acrescentando que a notícia de que a Stellantis está deixando a Itália é “fake news”.

O CEO tem se baseado em cortes de custos para tornar a Stellantis uma operação mais eficiente e fortalecer os resultados, citando as pressões da transição para veículos elétricos como motivo para reduzir a força de trabalho em países como França e Estados Unidos.

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Na Itália, a Stellantis planeja eliminar cerca de 3.700 empregos, de acordo com o sindicato Fiom. O fabricante de automóveis se recusou a comentar o número exato de mudanças na equipe, mas disse que quaisquer saídas serão voluntárias.

A demanda por veículos elétricos despencou na Itália desde o início do ano, à medida que consumidores aguardam novos subsídios prometidos pelo governo no final de 2023.

“Muitas promessas foram feitas aos consumidores italianos para facilitar o acesso a veículos elétricos, mas, apesar das promessas, os incentivos ainda não foram liberados”, disse Tavares.

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